Nicolas, 8 dias. Lily, 14. Ela usando a mesma roupa, herdada do irmãozinho.
Engraçado. Você passa meses e meses pensando meticulosamente num nome pro seu futuro filho. Um nome que ainda não tenha sido escolhido por nenhum parente ou amigo próximo.
– Pedro. Que tal Pedro?
– Não, Pedro não dá, esse vai ser o nome do filho do Marcelão, lembra? Que vai nascer antes do nosso.
Um nome que seja do gosto do marido, dos tios, da sogra, da sua mãe e até mesmo do seu. Então você faz listas e mais listas, acrescenta por educação algumas sugestões de pessoas próximas, analisa origens e significados, consulta a numerologia e chega até a ficar uma semana de tromba com o marido porque ele queria um nome clássico, mas rejeitou todas as suas sugestões.
– Não gostou de nenhum não, é? Quer nomes clássicos? Então vou te dar dois nomes clássicos! Adão e Eva, que tal? Os nomes mais clássicos da história da humanidade!
Ah, os hormônios.
E de tanto pensar, você se lembra de repente que um dia lá nos idos da sua adolescência você já tinha escolhido um nome pro seu futuro filho, baseada naquela música que você tanto gostava.
– Luka! Não vai ser super legal ele poder chegar pras pessoas e falar “my name is Luka“*?
Seu marido suspira fundo e prefere nem comentar.
Mas você não desanima. Consulta estatísticas, descarta os nomes muito populares, os muito obscuros, analisa qual a melhor forma de escrever, as complicações na pronúncia e se combina com o nome do primeiro filho. Pensa bastante em todos os possíveis apelidos esdrúxulos que aquele nome pode trazer e com extremo cuidado, corta todos aqueles que te fazem lembrar, por qualquer que seja o motivo, de pessoas que você não gostou ao longo de toda sua existência.
– Que tal Ana Amélia? – propõe o marido
– Tá doido? Conheci uma Ana Amélia no pré que comia só o recheio do biscoito e jogava o resto fora. Ana Amélia nem pensar!
E depois de analisar tantas opções, vocês finalmente chegam à conclusão que na verdade o mais importante mesmo é que o nome do rebento seja universal, já que vocês são cidadãos do mundo há quase 8 anos e planejam continuar assim por um tempo mais.
– Gabriel se for menino, Julia se for menina – decidem.
Obviamente esses não foram os nomes escolhidos no final das contas. O primeiro filho acabou recebendo o nome de Nicolas e a caçula, que seria Julia, recebeu o nome de Lily. No entanto, são frequentemente chamados de Perninha e Lilica**.
Me pergunto de que adiantou todo esse longo processo seletivo.
* * *
Mas o que importa é que Perninha anda todo-todo com Lilica. Outro dia ele saiu com o pai e assim que colocou os pés de volta na casa foi logo perguntando por ela. Foi correndo onde a irmã estava, deu mil abraços, mil beijos, fez carinho e disse “eu gosto muito de você”.
*suspiros*
E enquanto ele não vive sem ela por perto, ela não dorme quando ele está por perto. Mas taí a grande vantagem de se ter um irmão que passa o dia tentando carregar 15 carrinhos ao mesmo tempo nas mãos: ela logo aprende a diferenciar o dia da noite. A cada carrinho que cai e bate no chão de madeira, é um lembrete pra ela de que durante o dia não se dorme, se brinca.
* * *
Quero mamar, mamãe!!!
Pois se toda essa proximidade fraterna cause suspiros em quem veja, a grande desvantagem, ainda mais numa casa com janelas fechadas há 6 meses por causa do inverno, é que ela catalisa a transferencia virótica numa potência de mil. Por essa razão, Lilica já convive com seus primeiros sintomas de gripe – espirros, pequenas tosses de bebê e narizinho entupido durante a noite. E ela ainda nem completou 3 semanas de vida. Poor Lily. Bom, felizmente ela está mamando bem e até agora a gripe não parece estar avançando mais. Vamos torcer.
* * *
Quanto ao sono, sempre achei que esse negócio de bebê dormir o dia todo fosse lenda, já que Nic nunca foi do time dos que dormem. Mas Lily chegou pra me mostrar que sim, existem. Claro que à medida que ela cresce, vai passando mais tempo acordada e aprendeu até a me pregar peças. Agora ela começa a dormir, fica com os olhos fechados por uns 3-5 minutos, e quando eu penso que ela já caiu em sono profundo, de repente abre um olhão super alerta como quem diz “surpresa!!! tô acordada!”.
Ótimo, principalmente quando isso acontece no meio da noite. 🙂
* * *
Bom, agora vou lá que estou com fome. Essa vida de amamentar deixa a gente faminta!
– Diga tchau, Lilica!
– Tchau, Lilica!***
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* Luka é uma música da Suzanne Vega. Som na caixa!
** Perninha e Lilica são os divertidos personagens do desenho de televisão Tiny Toons. O Perninha foi inspirado no Pernalonga.
*** Pra quem não lembra, é assim que termina um dos episódios do Tiny Toons, com o narrador falando pra Lilica dizer tchau e ela repetindo tudo, do jeito que ele fala.
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PS: Algumas pessoas devem ter notado (né Cintia?) que alguns posts de mais de 2 anos atrás andam aparecendo como recentes no Blogroll ou nos feeds. Pois isso é pau do WordPress, viu gente? E aconteceu depois que criei as tags Nicolas e Lily e saí atualizando posts antigos. Ignorem, por favor!