O lado cômico da maternidade


44 Comentários

Encontro de Blogueiras em Vancouver

Há uma semana tive a honra de participar de um encontro com três blogueiras fofas, super talentosas e modestas – apesar de podres de tão famosas. Me encontrei com a Ana – escritora, jornalista, mãe da Laura e da Alice, a Carol – fotógrafa celeb, gravidíssima e aniversariante, e a Rita – empresária, mãe da Bellinha e blogueira ganhadora do Oscar Bloguístico de 2013 (li na Caras!). Repararam no nível? Claro que o evento teve cobertura de revista famosa e tudo – esses jornalistas não me deixam em paz mesmo! 🙂

Mas enfim, o encontro foi gostoso demais! Muito boa a sensação de ter vida social de novo e amigas com quem compartilhar experiências e escolhas de vida parecidas!!! 🙂 Obrigada, meninas!

EdicaoEspecialCaras

“Flashes, paparazzi, assedio, festas VIP, autógrafos, Photoshop. Assim é a vida de Lu Azevedo (26), ilustradora e apresentadora do Jornal Maternal. Assim é a vida de qualquer famosa. Por isso ela já sabia muito bem o que esperar quando seu agente a comunicou sobre o encontro com as três it bloggers do momento em Vancouver: Ana (25), Carol (24) e Rita (23). Pic nic ao ar livre com outras três super celebridades? “Tumulto na certa”, pensou Luciana. “But I was too empolgated to miss it!” – contou ela com seu inglês impecável*.

blogueiras

– Você já conhecia as outras blogueiras antes desse encontro?

– Já conhecia a Ana e a Carol. A Rita, só pelo blog e quem nos apresentou foi uma amiga em comum, a Mari. Mas foi super engraçado encontrá-la pela primeira vez e sentir que já a conhecia há tempos. Eu sabia tanta coisa sobre ela e a filha! (risos)

– E como ela é?

– Ela é de uma energia incrível, super divertida e batalhadora! Até agora não sei como ela consegue dar conta da casa, da filha, do novo empreendimento e ainda blogar todo santo dia, incluindo fins de semana e feriado. Uma máquina! Nem se eu nascesse de novo três vezes conseguiria tamanha proeza! (risos) Não é à toa que a Rita ganhou o Oscar da Blogosfera. Uma guria tão dedicada e criativa merece isso e muito mais!

blogueiras2

– Como você conheceu a Ana do Colorida Vida?

– Comecei trocando emails com ela desde que eu morava na Austrália. Ela estava grávida da Alice e eu do Nic, e participávamos do mesmo grupo de discussão sobre partos. Nossos filhos nasceram com uma semana de diferença. Foi quando ela publicou o relato de parto da Alice que fiquei conhecendo seu blog. Nessa época eu e meu marido já estavámos tirando o visto pra vir pro Canadá, então nunca mais deixei de acompanhar os posts dela. E quando me mudei pra Vancouver, ela foi a primeira brasileira que conheci. Desde então nos encontramos várias vezes, e até aqui em casa ela já veio com as meninas.

– Como ela é pessoalmente? É mesmo tão simpática e atenciosa quanto aparenta ser no blog?

– Ah, muito mais! (risos) A Ana é de uma calma incrível. Super meiga, inteligente e ainda mais bonita ao vivo! Adoro conversar com ela. Agora, se tem uma coisa que a gente não nota tão claramente no blog é seu cabelo. Nossa, como o cabelo dela brilha! Gente? Vocês deveriam fazer uma entrevista e descobrir o que que ela faz! (risos)

blogueiras3

– E a Carol, como você a conheceu?

– Ah, essa foi uma história engraçada! Ela chegou no meu blog há alguns meses com o nome de “Flicka”. Visitei o blog dela, o Flickablog, e fui fliqueando por lá até descobrir que Flicka se mudaria pra Vancouver dali uma semana. Na mesma época, uma outra amiga me contou que Carol Camanho, uma fotógrafa super famosa e banbanban do Brasil, também estava se mudando pra cá e pro meu grande espanto, no mesmíssimo dia que Flicka! Me lembro que pensei que Vancouver estava se tornando realmente um destino muito popular, já que tanta gente estava se mudando pra cá! (risos) “Devem vir no mesmo voo”, pensei. Daí, só depois que deixei comentários de boas vindas nos blogs de ambas, que descobri que Flicka e Carol eram a mesma pessoa. Flickei de cara! (risos, muitos risos). A gente riu muito disso depois.

– Uma história dessas só poderia ser o presságio de uma ótima amizade. O que aconteceu depois?

– Assim que ela chegou nos tratamos logo de nos conhecer e desde então nos encontramos sempre que dá. O Nicolas, meu mais velho, é super apaixonado por ela e sempre pergunta quando vamos nos encontrar de novo. A gente tem tanta afinidade que hoje fico me perguntando como vivemos sem ela aqui antes! (lágrimas)

– É verdade que ela está grávida? Você tem acompanhado tudo de perto?

– Sim, está grávida e linda. Ela e o marido não poderiam estar mais felizes. Eu tenho acompanhado tudo e sempre encho ela de perguntas depois das consultas e ultrassons. Esse bebê com certeza tem muita sorte de ter aqueles dois como pais!

blogueiras4

– Como foi o pic nic das blogueiras? Onde foi?

– Aconteceu em Horseshoe Bay, um lugar muito lindo de West Vancouver. E tivemos muita sorte que o dia estava ensolarado, foi um espetáculo! Cada uma levou uma coisa pra comer. Teve cupcakes pra cantar parabéns pra Carol que tinha acabado de fazer aniversário, bolo de cenoura, torta salgada, frutas e brócolis (afinal estamos no Canadá e essas coisas nunca faltam em picnics daqui) e claro, brigadeiros e até Serenata de Amor!

blogueiras5
blogueiras7
blogueiras6

– Como vocês driblaram o assédio dos fãs?

– O problema não são os fãs, em geral eles são uns fofos e só estão ali porque admiram nosso trabalho. Tiramos fotos com vários deles. O problema são os paparazzi, que realmente invadem nossa privacidade tentando flagar momentos íntimos e tirar aquela foto que ninguém tem. Teve por exemplo um momento que conversávamos só as quatro blogueiras na praia e um paparazzi tirou várias fotos escondido, sem nossa permissão. Eu achei uma intromissão.

blogueiras9
blogueiras8

– As famílias das blogueiras também foram?

– Sim, foi todo mundo, menos o marido da Ana, que tinha outro compromisso. Estavam todas as crianças, meu marido, os maridos da Carol e da Rita, e algumas amigas brasileiras da Ana. Foi um super picnic e já temos planos de repetir muitas outras vezes!”

blogueiras10

Obrigada meninas, foi tudo ótimo! Obrigada Carol e Alan, pelas fotos maravilhosas do encontro! (foto de profissional é outra coisa!)

_____________________

Um oferecimento:

blogueiras11

_______________________

*Se você está aprendendo inglês, por favor, a palavra “empolgated” não existe, viu? O certo seria dizer “excited” (tradução: Mas eu estava empolgada demais pra perder o encontro). You’re welcome. (Professora Pasqualete)

_______________________

Pra ler os posts das meninas sobre o encontro, visite o blog delas (vou atualizando o link direto à medida que elas postam)

Rita: Botõezinhos

Ana: Colorida Vida

Carol: Flicka


57 Comentários

O ginecologista, o primeiro, o segundo e… o terceiro rebento

lily

Eu adoro morar em cidade pequena. Gosto de lugar onde os vizinhos se conhecem e se cumprimentam, levam cookies caseiros um pros outros e até deixam flores na porta da gente num dia de primavera (tem que ser muito fofo pra fazer isso, não?). Gosto da segurança, da tranqüilidade e do ar puro – um privilégio pra quem tem crianças, penso eu.

nic

No entanto, se me perguntarem qual a grande desvantagem de se morar num ovinho com 17 mil habitantes no Canadá, digo sem titubear: o risco iminente e repentino de dar de cara com… um urso? um cougar?

Não gente, meu ginecologista.

Seja no Starbucks, na fila do banco, no correio, no supermercado, ou o que é ainda pior: na festinha de um amiguinho em comum. Já imaginou?

Porque pense comigo: uma coisa é ter um papanicolador que você só encontra no contexto clínico-gineco-hospitalar, faz sua consulta, tchau, até a próxima. Mas outra completamente diferente, é essa mesma pessoa, que se ocupa da saúde de sua periquita e certos aspectos da sua vida sexual, estar inserida no mesmo contexto social, pessoal, festeiro, playgroundeiro, político, econômico e comunitário que você, concorda?

Então, imagina minha cara, quando uma semana após uma consulta onde discutimos métodos contraceptivos e meus motivos pra gostar mais desse ou daquele, trombo com minha querida ginecologista perto da piscina de bolinhas na festinha do little John.

scared

Tá, talvez eu esteja exagerando um pouco na cara. E como não sou dada a exageros (adoro manter tudo bem preciso e real), acho que a cara abaixo está mais condizente.

susto

Pois bem. Fato é que eu quase caí dura e empalhada. Mas como assim, ela conhece o Joãozinho? Então ela também tem filhos, tem vida social? Por que tanta maquiagem, meodeus? Como lidar com o fato dela saber tantas coisas de minha pessoa e eu nada sobre ela? Sobre o que vamos conversar? Posso devolver as perguntas que ela já me fez? É de bom tom chamar meu marido e apresentá-los? Tudo bem se eu me virar e sair correndo?

Mas então, ela me olha, me cumprimenta, esboça um sorriso amarelo, abaixa os olhos, o Rafa chega, ela vira o rosto, finge escutar a filha chamando e sai gritando “I’m coming, sweetheart!“. A partir daí, cuidadosamente conseguimos evitar uma a outra – até o fim da festa. Amém.

Constrangimentos que ninguém pensa em passar antes de se mudar pra uma cidade pequena, né? Pois agora, aprendi minha lição, e desde então, tenho tomado duplo cuidado com encontros inusitados. Seja com ursos, cougars ou ginecologistas.

Agora, esse papo todo me fez lembrar de um assunto relacionado. Quer saber? Comecei a planejar o terceiro filho!

Tá, mentira. Mas outro dia, como se eu não tivesse mais nada pra fazer, resolvi consultar o fazedor de bebês cibernético por curiosidade. Ele usou uma foto minha e do meu marido, juntou genes algaritimicos, fez interpolações avançadas, mesclou fuça de um com nariz do outro e… tcharam!!! Descobri que se for menino, ele tem GRANDES chances de ser assim:

Screen Shot 2013-04-26 at 5.37.58 PM

E se for menina, assim:

Screen Shot 2013-04-11 at 1.01.51 PM

Achei bonitinhos (apesar da boquinha que de tão pequenininha é até menor que o olho), mas nhá… decidi que vou querer mesmo um gatinho, sabe? O Nic, que me pede um ser peludo há 2 anos, vai me agradecer. Marido vai querer me trucidar, mas fazer o que? Acho que tô precisando me ocupar com algo mais, sabe?

Portanto, desculpe você que chegou aqui afoita* porque achou que eu estava grávida. Foi mal!

Mas cá pra nós. Só se eu estivesse completamente insana pra encomendar um terceiro! Vem comigo e observe:

Após 3 anos de Canadá, nos rendemos e arranjamos uma ajuda pra limpar a casa a cada duas semanas. No entanto, após 5 meses de trabalho, não mais que de repente, a moça nos deu o cano e terminou nossa relação trabalhística. Por celular. Mensagem de texto. Essa agora é a tendência, pessoas? As relações chegaram mesmo a esse ponto?

Pra completar, meu primogênito decidiu que de agora em diante eu TENHO que ver absolutamente TUDO o que ele faz, mesmo que seja algo completamente inútil. Da última vez (30 minutos atrás), queria que eu o observasse realizando a incrível façanha de pular sobre um carrinho de ( ) 1 metro, ( ) 30 cm, (x) 1 cm de altura. Isso mesmo. Inicialmente, ele pulava normalmente (aqui, mamãe!), depois colocando uma mão na cabeça (olha, mamãe, olha!), depois pulava com um pé só, de lado, de frente, de costas – de novo, de novo e de novo. Quando eu já não aguentava mais me virar pra ver a mesma cena tantas vezes, lhe disse pacientemente “já vi, querido, achei fascinante, mas agora estou ocupada, tá bom?”, no que a pessoinha diz “não viu não, mamãe! Você não me viu pulando o carrinho com a mão na testa. Olha, mamãe, olha!”. Isso o dia todo, todo dia.

Já quando esta mesma criança não está me chamando, ela está caindo em cima da irmã de propósito. Ou a empurrando, ou pondo o pé na frente quando ela está passando, ou roubando o copo de água da mão dela, ou a fruta, ou o brinquedo. Tudo coisa legal e bacaninha. Claro, também rolam os abraços, os beijos, e momentos em que brincam junto bem bonitinho mesmo, mas, invariavelmente também acabam em choro.

“Ah, mas menino é assim mesmo. Felizmente, a caçula ainda tá muito pequeninha pra aprontar, né Lu?” Você, ingenuamente me pergunta. Pois espero que somente as cenas seguintes lhe sirvam de resposta, meu caro leitor:

lily1
(Março de 2013)
album
(álbum do Nic mostrando umas das poucas vezes que ele “aprontou”, rasgado em Março de 2013)
lily2(minha gaveta de roupas sendo organizada e migrada pro outro lado da casa, Abril de 2013)
lily4
(ataque à caixa de tintas do Nic, hoje, poucas horas atrás)

Tá bom, ou quer mais? Ah sim, também tem o caso do chocolate, claro! E se quiser um video, então fica com esse aqui, bem rapidinho pra fechar com chave de ouro. Favor não reparar que ele foi gravado na vertical, na falta de edição e na bagunça do quarto. Só não deixe de reparar na altura da cama. Sem mais.

(Lily, 14 meses, pouco antes de tomar banho)
Aceito abraços solidários. Obrigada. 🙂

* desculpe, não quis desprezar meus leitores homens, mas é que não consigo imaginar nenhum chegando aqui ‘afoito’ com a possibilidade de mais um bebê, não? To errada?


30 Comentários

Matéria na Revista PEOPLE – Edição Especial

Gente, depois das entrevistas que dei no Castelo Caras e Revista Quem, a Revista People resolveu fazer uma edição especial com a gente (e em português, veja só!). Infelizmente, nem tudo aconteceu como contaram e tem muita fofoca envolvida, mas paciência. Essa vida de celebridade é assim mesmo! 🙂

Copiei a matéria abaixo só pra vocês. Enjoy e feliz 2013!

_________

Pra quem não me conhece, vale dizer que esse post é uma sátira das matérias fúteis e superficiais desse tipo de revista. Me divirto horrores tentando escrever como eles.
_________

people-cover_lu2 copyLuciana (26), Rafael (34) e seus filhos Nicolas e Lily passaram férias juntos sob o maravilhoso sol de Cabo San Lucas, México. Durante a estadia foram fotografados diversas vezes na companhia de alguns amigos famosos. “A Jen é uma fofa, mas o Charlie é um bêbado chato”, declara ela.

Luciana exibiu seu elegante físico após duas gravidezes num clássico maiô da Sun Lorran (veja cupon de desconto na página 34) com lindos acessórios da Xanel. Uma amiga íntima contou à PEOPLE que o marido da ilustradora havia insistido pra que ela usasse um biquini ao invés, mas que Lu ainda não se sentia à vontade pra brincar com as crianças mostrando a barriguinha. A amiga de longa data acrescenta que Lu tem suas razões, já que apesar de magra, ela já não tem mesmo aquela barriga lisa de antes.

IMG_0248

IMG_0423

O casal foi visto diversas vezes relaxando na praia ou na piscina, sempre acompanhado das crianças, de um jacaré de plástico e uma sacola de brinquedos. Uma cliente do resort contou que algumas vezes Luciana foi vista pedindo mojitos de morango orgânico ou margaritas com sal não-refinado, mas também reparou que várias vezes ela trocava as bebidas alcoólicas por suco de melancia com hortelã. “Li que ela ainda amamenta a Lily, deve ser por isso que ela foi tão cuidadosa com o que consumia. E suco de melancia com hortelã é mesmo super parecido ao mojito – só que com culpa-free!” conta ela rindo.

IMG_0300

Na praia, a família brincou diversas vezes de enterrar o mais velho na areia ou fazer trilhos pros seus trenzinhos, já que aparentemente ele não é tão fã de castelos. Uma vendedora ambulante exibiu orgulhosa uma nota de dez dólares contando que não acreditou quando a família veio em sua direção e comprou um vestido pra pequena Lily. “Jamais vi uma familia famosa tão simpática e amigável quanto essa! A Lily parece uma boneca. E aquele cabelo? Todo natural, pode acreditar, eu pedi pra passar a mão e eles deixaram!” disse ela com entusiasmo. “Vê essa nota aqui? Quem me deu foi o próprio Nicolas, que é ainda mais bonito pessoalmente! Antes de ir embora ele se virou pra mim e disse ‘gracias, señora’. Juro, ele fez meu dia” revelou a vendedora emocionada. E acrescenta: “Já Luciana estava radiante! Pra falar a verdade, nunca a vi sorrir tanto, nem mesmo na cerimonia da Chupeta de Ouro, quando ela levou o prêmio de melhor atriz.”

IMG_0392

“Viajar com crianças é possível, mas pode ser incrivelmente trabalhoso!” – revelam várias testemunhas que ouviram Luciana repetir enquanto corria atrás dos filhos. Um dos garçons contou à PEOPLE que ouviu o casal conversando sobre como foram tranquilas as 4 horas e meia de avião “a Lily dormiu boa parte do tempo e o Nic brincou quietinho e assistiu desenho, uma maravilha!”. Também disse que a ilustradora parecia bastante surpresa por Lily estar tirando suas sonecas em qualquer lugar.

IMG_0247

“Enquanto eu os servia, ouvi a Luciana contar ao marido sobre a primeira vez que ela colocou a Lily pra dormir ao ar livre” – contou o garçom. “Ela contou que justamente na hora em que foi colocar a menina numa das espreguiçadeiras ao lado da piscina, sentaram ao lado duas mulheres matraquentas e com voz de taquara rachada. Ela disse que jogou um olhar fulminante a elas, mas não adiantou, então não teve outra alternativa senão se levantar e levar a bebê pra perto do jacuzzi, que pra sua surpresa estava vazio. Quando ela finalmente colocou a Lily sobre uma cadeira, chegou um bando de crianças gritando e fazendo algazarra. “Eu queria saber onde estavam as mães daquelas criaturas insanas que nao sabem que em ambiente que tem bebê dormindo não se grita!” – falou ela pro marido. Eu achei graça e continuei ali fingindo que arrumava os guardanapos pra escutar o resto da história. Foi aí que ela disse que justo quando ela achou que deveria trocar a Lily de lugar de novo, o jacuzzi, que aparentemente estava estragado à dias, começou a funcionar de repente. Ela disse sorrindo que foi o white noise mais poderoso que ela já viu e Lily dormiu profundamente por mais de uma hora!” – contou o garçom orgulhoso por conseguir entender português tão bem.

IMG_0408

A volta pra casa já não teria sido tão prazeirosa. Comissárias de bordo asseguraram que Lily chorou bastante e não queria saber de dormir. Elas inclusive ouviram Luciana dizer ao marido entredentes que “fora de cogitação passar 16 horas num avião apertado e quente pra ir ao Brasil esse ano”, no que o marido aparentemente respondeu “calma, meu bem, tenho certeza que quando você pensar nas trufas, nas coxinhas de frango com catupiry e na sua amada família, obviamente, você vai mudar de ideia”.

neve

IMG_4637

IMG_4639

Mas depois de um voo cansativo, com escala em Calgary e chegada em Vancouver após meia-noite, a família chegou segura no Canadá, que os aguardava com muita neve e um frio de zero grau. “Há muito tempo não tínhamos um natal com neve aqui”, asseguraram os moradores da vizinhança do casal. Uma amiga próxima contou que eles estavam muito felizes com a perspectiva de passar as festas de fim de ano em casa e que a grande tradição da família era usar pijamas novos na noite de Natal. “As crianças ficaram fofas!”.

reina copy

“O Natal deles foi lindo e a família está muito feliz e descansada. Luciana também está muito contente por ter tido a oportunidade de ir ao México e treinar um pouco seu espanhol, aprendido há alguns anos atrás no país de Hugo Chavez” – conta a amiga da ilustradora. Ela ainda revelou a notícia bombástica de que quando Luciana morou na Venezuela teria sido eleita La Reina del Carnaval em 2005. Na ocasião, Lu confessou em uma pequena entrevista que seu maior sonho seria conhecer uma piscina que encontra o mar.

É, parece que demorou alguns anos, mas ela conseguiu realizar seu sonho!


17 Comentários

sem médico, com a meia furada, mas com filha modelo

Jamais ouse vir ao Canadá e não tirar o sapato ao entrar na casa de uma pessoa. É lei. Eu há muito já me acostumei a isso, só não esperava sair pra caminhar com as crianças outro dia e terminar na casa de uma amiga. Eu olhava pros meus pés e lembrava que cada um levava uma meia diferente. Até aí tudo bem, se uma delas não expusesse meu dedão pra fora de forma deprimente.

– Não, Anna, hoje não vamos entrar não, o Nic tá com fome… a gente tem que ir pra casa.

– Fome? Fiz uma maçã desidratada pra snack hoje que ficou um espetáculo! E tem bolo de banana também..sem glúten! Entra só um pouquinho, vou te mostrar as roupinhas da bebê e a banheira de parto!

Droga, essa não dá pra recusar. Lá vamos nós adentrando a residência recém-faxinada da minha amiga prestes a dar à luz. Eu desconsertada, Lily adormecida, Nic alvoroçado e meu dedão desecapado. Eu tiro os sapatos, nós duas olhamos pra baixo e trocamos um olhar. Ela arqueia uma das sobrancelhas.

– Há quantos dias o Rafa tá viajando?

– 15

– Não preocupa, eu estaria andando de camisola de flanela na rua se estivesse no seu lugar.

E entramos rindo.

* * *

A gente mora num bairro muito bacana, cheio de famílias com crianças pequenas. No início do ano a gente contou e deu 44 crianças abaixo de 5 anos. Hoje já tem mais, pois de lá pra cá devem ter nascido mais uns 8 bebês. E todos com a ajuda de uma midwife (obstetrícia). Daí que outro dia rolou o picnic anual de midwives com as famílias atendidas por elas em toda a cidade. Aconteceu num parque, que logo foi inundado por crianças correndo, mães amamentando, grávidas, práticas de ioga, massagem de graça e muita comida e informação sendo compartilhadas. No caminho eu disse ao Rafa que se alguém quisesse saber quanto a Lily pesava eu não saberia responder.

– Quantas vezes ela já cortou a franja eu sei. Quatro. Ou foram cinco? Tá vendo, nem isso eu sei! Vou saber o peso?

Mas ninguém perguntou, nem ficou falando dessas coisas. Aliás, aqui tenho notado uma tendência geral em se buscar cada vez menos os cuidados médicos pra questões como peso, sono, alimentação ou resfriados comuns. Ou gravidez. Ou amamentação. Pra isso, tem as midwives, as doulas, as consultoras de lactação, o instinto materno. Eu adoro isso! E acho que é um resultado esperado quando se tem informação, senso crítico mais desenvolvido e maior confiança no instinto e na natureza em geral, não? Hey, I’m taking charge here! Eu odeio a ideia da figura do médico como um cavalheiro que chega pra resgatar a mãezinha desesperada ou a grávida cheia de dúvidas e medos, com soluções empacotadas, generalizadas e não raramente, terroristas. (É, ainda tô sob o efeito do excelente documentário “The Business of Being Born” – A Indústria do Nascimento – que eu assisti no último fim de semana).

Claro que os médicos são importantes, mas até que ponto eu preciso deles? Ou a partir de que ponto? Aqui no Canadá pelo menos, parto e amamentação são vistos com respeito pela classe médica, mas por outro lado a GRANDE maioria apoia veementemente práticas como o “cry it out“. Aliás, vivemos uma cultura do deixa chorar, né não gente? É pressão por todos os lados! A ultima vez que levei a Lily a uma consulta de rotina, por exemplo, o médico me perguntou como estava o sono dela. Ela tinha 4 meses e acordava toda noite a cada 2 horas pra mamar. Pois ele, deixando toda sua postura médica e humana num canto qualquer, se virou pra mim e disse “Posso te dar uma sugestão? Deixa chorar. Coloca ela num quarto escuro, fecha a porta e vai tomar um vinho. O quarto escuro vai fazê-la lembrar da sua vida dentro do útero.” Eu fiquei me perguntando que tipo de submundo grotesco e aterrorizante ele acha que o útero é. Daí, quando eu disse que não era adepta da tortura infantil, ao invés dele ficar na dele e parar por ali mesmo, continuou seu blá-blá-blá de vendedor de enciclopédia ruim tentando me convencer que o método é bom pra ela e pros pais. Resultado: saí vazado e nunca mais voltei.

* * *

Por isso mesmo, Lily começou a comer sem pitaco especializado. Aos 8 meses, 50% da alimentação dela é comida sólida e os outros 50% leite materno. Não que eu esteja controlando isso, mas tá saindo assim. Comecei com cereal pra bebê e daí fui oferecendo pedaços de frutas a qualquer hora. É consenso aqui que melhor que suco da fruta é dar a própria fruta (crua ou cozida) em pedaços ou amassada, mais água. O suco destrói as fibras das frutas e deixa a criança com preguiça de comê-las.

Alternadamente, fui dando legumes amassados e como a aceitação foi boa, fui amassando cada vez menos. Hoje, a Lily come arroz integral, feijão, carne desfiada e legumes quase sem amassar. Eu, que passei muito aperto com o Nic, fico deveras impressionada e feliz com tamanha desenvoltura mastigativa da menina. E detalhe: SEM DENTES, hein? Também assisti esse vídeo inspirador do Dr. Carlos González, que me deixou mais segura por estar conduzindo a introdução de sólidos assim, de forma mais solta. Quem indicou foi a Mari. Na hora eu não tinha achado, mas agora vi que dá pra acionar o “CC” (close caption) se precisar de legenda – espanhol ou inglês.

 * * *

No mais, postando essa foto outro dia no Facebook, teve tanta gente falando que ela parecia um bebê de propaganda que resolvi fazer o contrário: uma anti-propaganda. A foto foi tirada poucos dias depois que ela fez 8 meses e estava começando a engatinhar. A cada dia que passa ela engatinha mais, mas ainda está faltando ela se dar conta que pode. Hoje mesmo, ela tirou a bota de lã e jogou lá na casa do chapéu. Mas ao invés de ir atrás, ficou no mesmo lugar resmungando e olhando pra botinha. Eu digo pra ela:

–  Vai lá e pega, florzinha. Não se deu conta que você já está engatinhando não, é?

Ela ri toda manhosa. Mas não sai do lugar.

Tudo bem, modelo de anti-publieditorial pode, né gente? Pelo menos, tirando o sapato desse jeito, ela tá prontinha pra continuar vivendo harmoniosamente no Canadá. Já tá bom. 🙂


27 Comentários

No Canadá, Lu Azevedo fala da plenitude que é ser mãe – Entrevista Exclusiva

Há pouco mais de um ano eu dei uma entrevista exclusiva e cheia de gramur pra Revista Caras. Pois agora, olha só quem me procurou? A Quem!

– Quem???

Pois é, foi exatamente essa minha reação.

Ah, outra coisa. O leitor assíduo talvez note que eles erraram ao transcrever minha idade. Não é 27, é 26 viu, gente? 🙂

Enjoy!

____________________________________________

*

Radiante com a chegada da caçula Lily, Luciana conta como é a vida de mãe no Canadá e sobre como perdeu os quilos após a gravidez.

A ilustradora e ex-geóloga Lu Azevedo (27) está vivendo um momento pleno em sua vida e revela com lágrimas de emoção como é maravilhoso ser mãe de Nicolas (3) e Lily (2 meses), frutos da feliz união com o geólogo Rafael (32). “Gerar vidas é uma espécie de milagre”, declara ela. Mas nem tudo são flores e ela conta que atualmente o marido tem viajado bastante a trabalho. “Essa é a parte mais difícil. Como a maioria das famílias daqui, também não temos empregada nem babá. Dar conta de tudo sozinha quando ele viaja tem sido meu maior desafio”, desabafa ela. “Minha sorte é que aqui já fiz grandes amigos que estão sempre tentando ajudar de alguma forma”.

>>De bem com o espelho

Apesar da correria, a ilustradora não descuida do visual. Usando um wrap dress preto, ela conta que o vestido-envelope é a melhor opção pra mulher que acabou de ter filho, pois além de facilitar a amamentação com o decote em “V”, ainda tem a vantagem de disfarçar a barriguinha que sobrou e valorizar a cintura. “Tenho sorte de já ter perdido quase todos os quilos que ganhei na gravidez. Os quilos à mais agora estão aqui e aqui ó”, conta ela aos risos apontando pra barriga e pros seios cheios de leite. Ela também garante que o grande segredo pra se perder peso além de amamentar, é não ter babá. “Não tenho outra opção senão viver correndo atrás do Nicolas”.

>> Mudança pro Canadá

Já no próximo mês de Maio a família completa dois anos que trocou o calor da Australia pelos invernos rigorosos do Canadá. “Mudar pro Canadá foi uma decisão totalmente pessoal, minha e do meu marido. A gente adora morar aqui. O clima é frio, mas as pessoas não, elas são super amigáveis e calorosas”, conta ela com entusiasmo lembrando que no dia que se mudaram os vizinhos bateram na porta trazendo um bolo caseiro de boas vindas. “Parecia coisa de filme”, comenta ela.

>> Como é ser mãe no Canadá

Luciana também conta, que bem diferente do Brasil, no Canadá não existe a cultura de se fazer lembrancinhas pras pessoas que vão visitar o bebê. “Aqui ninguém está preocupado com isso, o que é um grande alívio pra mim! Senão de onde eu iria tirar tempo pra fazer tanta coisa?”, completa ela bem humorada. Luciana também conta que uma prática muito comum na vizinhança onde mora são os amigos se oferecerem pra levar uma refeição nas primeiras semanas que a mulher tem o bebê. “Fiz uma sopa super nutritiva pra uma amiga que teve filho antes de mim e depois ela retribuiu com uma travessa de lasanha. Fiquei dois dias sem precisar cozinhar”, lembra com um sorriso.

Outra diferença marcante são os presentes. “Com o nascimento da Lily ganhamos vários livros, brinquedos e até roupas dos amigos que já tinham sido usadas pelos próprios filhos deles”, revela com admiração. “Achei muito legal, pois sou super a favor do consumo consciente. Pra que comprar tudo novo se as crianças crescem tão rápido? Não faz sentido”, completa. Luciana também conta que outra coisa que ela gostou, foi a forma considerada como muitas pessoas entregaram seus presentes. “Eles simplesmente deixavam o embrulho na nossa porta. Fizeram isso pra não incomodarem mãe e bebê. Achei super bacana”.

1. Mais alguma curiosidade de se ter filho no Canadá?

Uma coisa que ando reparando é que raramente encontro meninas com orelha furada aqui, sabe? Aliás, em geral é até difícil diferenciar meninas de meninos, pois além da falta do brinco, a maior parte das meninas pequenas daqui também não costumam usar muitos enfeites e babados. Várias vezes cheguei a perguntar qual é o nome “dele” e era menina.

2. A Lily não tem brinco. Você pensa em furar a orelha dela?

Não. Todo mundo fala que não dói, mas não sei… E tive tanto problema de inflamação na orelha mesmo usando brinco de ouro, que prefiro não arriscar. Acho também que não furaria a orelha dela somente em nome da estética e pra identificá-la como menina. Cada mãe sabe o que faz, mas eu não ligo muito pra isso. Prefiro colocar uma tiara, um lacinho, sei lá. E o brinco fica pra quando a Lily for maior e decidir que quer um.

3. E como é o sistema médico no Canadá?

Excelente! Só tem algumas peculiaridades… Aqui por exemplo, eles nunca entregam os resultados de exame diretamente ao paciente. Eu mesma não tenho nenhum dos exames que fiz durante minha gravidez e curiosamente, nem mesmo um ultrassom particular que eu decidi fazer por conta própria. Todos os resultados sempre foram encaminhados pra minha midwife (parteira). Outra diferença do Brasil, é que aqui ninguém consegue consulta com um médico especializado sem antes passar por um clínico geral (GP) e este aceitar encaminhar o paciente. Pediatra por exemplo, é coisa rara. Nenhuma criança tem acompanhamento mensal com pediatra como é no Brasil e muito menos se consegue o número do celular dele! O pediatra só entra em cena se a criança tiver uma condição médica que exija mais cuidados.

Eu, como decidi fazer meu pré-natal e parto com uma midwife, foi ela também que acompanhou a Lily nas primeiras 6 semanas de vida. E foi um acompanhamento mais que especial. Durante as duas primeiras semanas as consultas foram na minha casa e eu não tive que pagar nem um centavo por isso. Ela veio quantas vezes eu precisei, me deu total ajuda na amamentação, suporte emocional (afinal eu chorava sem nem saber porque…), pesava a Lily e tudo o mais que fosse necessário. Depois das 2 semanas, eu é que tinha que ir ao consultório dela. E depois de 6, as consultas passaram a ser mensais e com um clínico geral, no caso, nosso médico de família.

4. Sendo agora mãe de segunda viagem, foi mais fácil segurar um recém-nascido, dar banho e coisas assim?

Tudo é mais fácil, mas juro que achei que não fosse saber mais nada. (risos) Pensei isso porque uma semana antes da Lily nascer, passei a maior vergonha segurando o bebê de uma amiga de forma totalmente desajeitada. Mas rapidinho a gente aprende de novo. Agora pra dar banho, dessa vez foi totalmente diferente. Com o Nicolas, tive até que assistir vídeo na internet pra saber como segurar o bebê, (risos) já que não tinha ninguém pra me ajudar, mas desta vez uma enfermeira no hospital nos mostrou como fazem aqui. Por causa do frio, costumam enrolar o bebê todo na toalha e começam lavando o rosto e o cabelo com um paninho. Depois colocam o bebê na banheira, muitas vezes ainda enrolado na toalha pra não traumatizar. (risos) Eu fiz assim até pouco tempo atrás. Outra coisa é que aconselharam dar banho um dia sim outro não, pra não tirar a oleosidade natural e ressecar a pele do bebê. Sem falar que recém-nascido não fica sujo, né? Só fazer uma limpeza nas partes baixas e tá tudo bem.

5. E como o Nicolas tem lidado com a chegada da irmã?

No início, uma beleza, até mesmo quando minha mãe foi embora. Mas hoje em dia voltou a usar fraldas por estar tendo muitas escapadas de xixi e infelizmente tem ficado cada dia mais manhoso também, chorando por qualquer coisa. Tem sido desgastante, mas a gente sabe que é uma fase, que é normal e estamos fazendo de tudo pra ele se sentir querido e parte essencial da família.


21 Comentários

Um urso no nosso quintal!!!

Quem me acompanha pelo twitter ou facebook já deve estar sabendo do bafafá. Hoje passou um urso pelo nosso quintal!

Estava eu tranquilamente amamentando a dona Lily (numa das 347 vezes que ela mama ao dia), quando o Rafa, que hoje estava de folga do trabalho, se levanta e começa a gritar: “um urso! um urso! olha, um urso no nosso quintal!” Eu me viro ainda sem conseguir processar aquelas palavras, quando vejo um urso grande e preto andando na nossa grama. A única coisa que nos separava dele era uma grande janela de vidro.

No desespero eu me levanto chamando o Nicolas pra ver, minha peita sai da boca da Lily que começa a chorar, a fominha, e o Rafa não consegue ajustar a câmera pra tirar uma foto de perto. O urso então começa a ir embora, Nic não para de gritar “é um urso polar! é um urso polar!” e a Lily ali, quase perdendo o fôlego de tanto chorar no meu colo. O urso passa pelo quintal do vizinho, vai pra rua e some.

Na rua, várias latas de lixo derrubadas por ele – ja que foi dia do caminhão passar. A nossa foi a mais detonada e tivemos nosso lixo todo espalhado na entrada. Ainda bem que era o reciclado, então não fez muita sujeira.

Ou seja, parece que a temporada dos ursos começou a todo vapor esse ano! Se a gente estava doido pra sassaricar lá fora depois de um longo inverno, melhor esquecer, botar as crianças pra dentro e trancar as portas (já que reza a lenda que eles conseguem abri-las! Será?). Afinal, essas “fofuras” peludas não estão perdendo tempo. Hoje é somente o primeiro dia da primavera, eles mal se levantaram da hibernação, nem escovaram os dentes e já estão à solta por aí – e famintos!

Ai, mamãe!

Agora é ter cuidado em dobro e torcer pra que não gostem de carne brasileira. 🙂

____________

PS: Foto tirada no último momento pelo marido. O visitante, que certamente tem um mal-hálito desgraçado, pode ser visto lá atrás, perto das árvores.


29 Comentários

Os alienígenas e os pesticidas

Quando eu era criança minha cabeça fervilhava, tanto de ideias quanto de piolhos.

Pras ideias, eu tinha um parceiro inseparável, o meu primo Natanael. Uma vez, inventamos a historia de que éramos alienígenas, veja só. Então, durante o crepúsculo de um dia frio, contamos aos sussurros pra uma plateia de crianças ingênuas e de olhos esbugalhados, que tínhamos vindo de Vênus.

– Estão vendo aquela estrela lá no horizonte? Então, é de lá que a gente veio. Lá, eu e o Nael éramos irmãos e tão pequenos quanto o mindinho do pé de vocês!

– Oohhh! – todos exclamavam admirados, cada um olhando pro seu mindinho do pé.

– Sim, e tínhamos pouco mais de 200 anos de idade!

E se entreolhavam embasbacados.

(Claro, vale lembrar que em terreno venusiano, se você tinha 200 anos, ainda era uma graciosa criancinha sapeca.)

Daí contamos que num belo dia, estávamos dando um rolé no foguete dos nossos pais quando o motor fundiu inesperadamente. Pifou de tudo. Caímos os dois no planeta Terra, aterrissando cada um nas xícaras das nossas respectivas mães terráqueas, que por sorte batiam um papinho enquanto sorviam um delicioso café ao ar livre. Elas nos beberam e tcharam! – nascemos de novo, só que aqui na Terra!

Sentiu o nível, né?

Pois você não imagina a cara de espanto, medo e até inveja dos nossos amiguinhos terráqueos.

* * *

E se por dentro minha cabeça fervilhava com historias desse naipe, por fora então, caro leitor, o fervilhamento era mais que incontrolável – era insano. Juro que não sei como eu conseguia a proeza de ter sempre tantos inquilinos parasíticos residindo no meu couro cabeludo. Saía um grupo, entrava outro. O que me faz concluir que se meu sangue era doce como diziam, naquela altura a piolhada já devia ser toda diabética (e eu também, né?).

Assim que eu vivia às voltas com pentes finos e um pesticida qualquer – era Neocid ou Deltacid, também conhecidos como DDT. Passava os finais de semana com a cabeça no colo da minha mãe, que catava, catava, jogava pesticida, catava, catava, mais pesticida. E depois que meu couro cabeludo já estava dolorido de tanto pentear e pinicava horrores com todo aquele veneno, ela vinha com um pano branco, enrolava na minha cabeça e com aquilo eu ficava horas e horas brincando e tentando evitar que o pozinho letal caísse no meu olho.

* * *

Agora vai, me conta se uma pessoa que sobrevive a tanto DDT na cuca só não pode ser mesmo um alienígena. Viu, tava mentindo não.

(ou então a experiência serviu pra comprovar que de peste eu não tinha nada, posto que peste pesticida mata. Né não?) 🙂

* * *

Então. Pois esta criatura alienígena cresceu, se tornou uma moça terráquea singela, meiga e bonita, foi morar num país rico, industrializado, arborizado e sanitarizado, teve dois filhos fofos e saudáveis e ainda a felicidade de NUNCA mais pegar piolho nessa vida!

Certo?

Errado. Pois acredite ou não, fiel leitor, o inimaginável aconteceu.

Nem te conto que precisamente na terça ou quarta da semana passada, passou por aqui um surto piolhístico. Sim, no Canadá. Mas só passou não – passou e pegou a família toda. Surtamos, né? A única poupada, por pura graça divina, foi a Lily. Justo ela, conhecida internacionalmente por sua vasta cabeleira, passou ilesa. Acreditamos que Nicolas tenha sido o veículo transportador e felizmente pudemos comprovar que agora sim, existem alternativas ao pesticida. Mas saiba que o pente fino ainda reina.

Quanto à vovó, claro que também pegou mas já se livrou dos bichos. Agora imagina se ela, a pouco mais de uma semana pra voltar pro Brasil, sai daqui levando piolho canadense? Oh my God! Só ia dar as piolhas tupiniquins doidinhas pra arrumar maridinho gringo, né?

Bom, pois depois de um post desses, pode aparentar mas ainda não tô completamente doida não. É que o negócio aqui em casa tá feio. Primeiro, o surto piolhístico, agora Nicolas tá com princípio de pneumonia e tosse dia e noite, Rafa se encontra viajando, vovó quase voltando e Lily só mamando. Ah sim, e com muitos gases… Tantos gases que as vezes chego a pensar que ela tá sublimando… que nem naftalina, sabe? Direto do estado sólido pro gasoso.

Enfim, melhor eu parar por aqui mesmo.


96 Comentários

Lily nasceu, entre risos e lágrimas de emoção!

Nasceu de um parto normal surpreendente, lindo, emocionante e cheio de alegria, onde mamãe chegou até mesmo a gargalhar (!) na hora que a cabecinha da Lily coroou… Não por ela ser maluca (bom, talvez um pouco), nem por ter respirado gás hilariante (se bem que lhe ofereceram), mas porque após algumas horas tentando encarar seus medos e traumas nascidos lá no parto do Nic, e lidar de alguma forma com aquelas dores mutantes – sem conseguir -, ela decidiu curtir mais o momento e pedir uma analsegia.

A dose certa garantiu a festa e relaxamento total da mamãe, que conseguiu acompanhar e sentir cada momento… A bolsa que só estourou poucos minutos antes da Lily nascer, o cabelinho preto dela mostrando que ali vinha uma menininha super cabeludinha, a cabecinha saindo com uma mãozinha na bochecha, o primeiro chorinho antes mesmo dos ombros saírem, sua vinda pro colo, a busca pelo peito e sua primeira mamada, papai cortando o cordão…

E depois dessa sequencia maravilhosa e perfeita, mamãe chorou um choro incontido de felicidade… Ela jamais esquecerá aquele sentimento.

Lily saindo, mamãe rindo. A doula ajudando.

Lágrimas de extase.

A primeira mamada.

Mais uma mamada.

Mamãe, papai e Lily.

A vista da janela do quarto do hospital… apesar que mamãe pouco olhou pra ela. Tinha coisa ainda mais linda pra admirar, bem ali nos seus braços.

* * *

Enfim, Lily nasceu às 14:09h do dia 03 de Fevereiro, pesando 3.41kg, medindo 53cm, saudável, rosada, cheirosa e chorando muito. Ano do Dragão, dia ensolarado e quente em pleno inverno. É a nossa florzinha trazendo mais vida pra gente, em todos os sentidos.

* * *

Já Nicolas não viu a irmãzinha nascer, mas na sua visita poucas horas depois já foi logo perguntando: 1) a “Lilys” já saiu da sua barriga, mamãe? 2) posso dar beijinho nela? 3) ela sabe comer? 4) ela sabe falar? 5) ela sabe ler? será que ela vai ler um livrinho pra mim de noite?

Mal ouviu as respostas e já foi correndo brincar com uma bandeja do hospital dizendo que era um caminhão.

* * *

E eu, vim dar essa notícia maravilhosa assim que cheguei em casa. Agora vocês me dão licença, pois vou lá cheirar minha florzinha bezerrinha e abraçar muito meu menininho. Uma hora eu volto com o relato completo desse parto redentor e a foto do Nic com a irmãzinha.

________________

Para ler o relato completo: Parte 1 e Parte 2


42 Comentários

Tá sentada? Nic des-fral-dou!!!

(Foto por Belle Meinerz)

SIM, ACONTECEU!!!

Após meses e meses limpando chão, sofá e tapetes, tentando diferentes abordagens, métodos, simpatias, conversando com Deus, apelando pro Universo, Mãe Natureza, duendes, elfos e até Papai Noel, é com muita alegria e orgulho que venho hoje compartilhar com vocês, amigas fofas e educadas, que nunca falaram nada, mas aposto que já deviam estar de saco cheio de toda essa ladainha de não-desfralde, que Nic é finalmente menino desfraLdado!

Confesso que os ânimos melhoram muito quando decidimos tirar FÉRIAS de tudo. Porque né, desfralde de novela sim, mas mexicana, não, por favor!

Então, foi cerca de um mês deixando ele curtir tranquila e livremente seu amado estado de fraldulência (enquanto eu também curtia um descanso!). Um mês sem proferir as frases “quer fazer xixi?”, “vamos ver quem chega primeiro ao banheiro?”,  “mas o Relâmpago McQueen não usa fralda…” ou “vai, toma aqui esse chocolate pra você não fazer mais cocô na calça hoje”. Um mês inteiro sem as palavras penico, vaso, cueca, seco, molhado, menininho grande ou responsabilidade ecológica.

E ao final desse relaxante período fraldado, logo depois do borogodó de fim de ano, retomamos o processo. Respirei fundo, pedi auxilio da vovó (que realmente caiu do céu e foi ESSENCIAL pro sucesso da operação desfralde), atacamos a gaveta de cuequinhas e eis que Nicolas estava PRONTO – e em pleno inverno canadense, hein!

No primeiro dia tivemos que chamá-lo a cada 1h e meia mais ou menos, mas já no dia seguinte aconteceu o tão aguardado momento… Aquele de arrepiar os cabelim do braço, de fazer o coração acelerar tanto que quase sai pela boca, aquele que lhe arranca uma lagrima teimosa do canto dozói e te nubla os sentidos. “Quero fazer xixi no banheiro”. Poético, lindo e tocante, que só uma mãe que também tenha esperado tanto por isso não vai achar um exagero meu.

E de lá pra cá, amigas, foram pouquíssimos acidentes. Hoje, depois de uma semana quase, Nicolas tem sido impecável e consegue manter a mesma cuequinha sequinha do inicio ao fim do dia (incluindo ontem que fomos pra Whistler e teve direito a soneca no carro, restaurante, passeio no teleférico, brincadeiras na neve e um montão de camadas de roupas que levava um tempão pra tirar a cada vez que ele tinha que ir ao banheiro).

ORGULHO!  Não tenho outra palavra pra descrever essa conquista!

Agora, quando eu me recuperar dos estremeliques que ainda sinto toda vez que escuto “quero ir ao banheiro” e processar direitinho esse grande acontecimento, volto pra contar todos os métodos e truques que eu apliquei, o que ajudou e o que não deu certo. Sinto que tenho o dever o de escrever um Manual do Desfralde depois da minha experiência com o Nic! 🙂

Enquanto isso, deixo aqui meu agradecimento especial pra minha mãe que foi de grande ajuda levando o Nic ao banheiro, lembrando-o com jeitinho se ele não precisava fazer xixi e tal. Com isso, chegou num ponto que Nic só queria ir ao banheiro se fosse com ela… o que pra mim foi perfeito! 😀

Obrigada também à ATCTST – Associação Toda Criança Tem Seu Tempo, por me lembrar que devemos SEMPRE acreditar e ter paciência com todo e qualquer  processo. Não adianta descabelar e se preocupar – tudo um dia acontece, demore mais ou menos.

Mas enfim, ele desfraldou! Ele desfraldou! 😀

PS: Incrível, o ano mal começou e já tenho mais um item riscado da minha lista de resoluções! E o melhor, antes da Lily nascer! Eeeeehhhh!!!


15 Comentários

O Papai Noel e a vovó

Analisa comigo: você acha que é possível superar um Natal, que apesar de não ter tido neve, teve árvore com enfeites de feltro feitos à mão por mãe e…cof, cof, filho, presépio de papel marché, luzinhas em volta da casa, visita do Papai Noel em carne, osso e hohoho e ainda por cima a presença de uma das avós lá do Brasil? Fala se não é imbatível?

Tão imbatível, que Nic, talvez envolto por toda essa atmosfera de plenitude e contentamento (haha), tenha se sentido tão realizado, que nem sequer quis saber dos seus presentes. Bastou-lhe um carrinho de menos de 10 dólares, supostamente deixado pelo Papai Noel na noite anterior, pra ele sair na mais completa felicidade, mesmo sob brados de “Nic, tem mais presentes pra você!”. Pois sabe o que essa alma desprendida nos disse? “não, só quero esse carrinho mesmo”.

3 anos de idade, gente, e já ensinando tanto. 🙂

Então foi assim que se deu inicio à nunca antes imaginada “poupança de brinquedos” aqui em casa, onde guardei todos os outros presentes que ele nem sequer abriu pra uma possível ocasião futura em que eles se façam necessários.

* * *

Quanto ao Papai Noel, esse foi um espetáculo à parte. Rafa, depois de muita persuasão, aceitou procurar uma roupa pra se vestir do bom velhinho. Mas como ele não é muito fã de fantasias, ficou até o ultimo momento tentando me convencer que EU era a pessoa mais adequada pro papel, já que nem travesseiro pra simular o barrigão eu precisava. #insensível

Mas incrível como as coisas mudam. Imagine você, que terminada a encenação, Rafa tenha gostado tanto da experiência que saiu dizendo que mal podia esperar pra se vestir de novo no próximo ano. #virafolha Mas não posso culpá-lo… Realmente foi muito bonitinho ver o Nicolas achando que ele era o Papai Noel de verdade e até levando a mãozinha na boca tamanha foi sua surpresa. O mais engraçado é que ao invés dele querer abraça-lo, chegar perto e tal (coisa que a gente queria mesmo evitar pra ele não reconhecer o pai por trás daquela barba branca), ele ficou foi correndo pela casa totalmente eufórico enquanto o Papai Noel andava atrás dele.

Infelizmente nem tudo foi perfeito, e a filmagem de toda a cena que havia sido exaustivamente ensaiada nos bastidores (em meio a muitas gargalhadas), ficou seriamente comprometida, já que o aparado filmador estava – pasme você – sem espaço pra mais vídeos. Assim, pesada e andando como uma pata choca, tive que sair correndo pra pegar meu celular e voltar a tempo de filmar ao menos o final do ato… Ou seja, perdi a chegada, a carinha de surpresa e todas as perguntas que o Papai Noel fez pro Nicolas, entre elas “você vai parar de usar fralda, jovem Nicolas? hohoho!”. #whatashame

Mas vai, tá aí o video assim mesmo:

* * *

Já a vinda da vovó foi um acontecimento único. Sem falar uma única palavra em inglês, vovó Conceição (aqui apresentada como Grandma Maria), voou bravamente de Belo Horizonte pra São Paulo, daí pra Toronto, retirou malas, fez novo check in, passou pela imigração e chegou sã e salva em Vancouver. Eu que quase não dormi na noite que ela viajou, mesmo tendo feito um roteiro detalhado de tudo o que ela tinha que fazer incluindo frases chaves em inglês pra ela mostrar pra alguém caso se perdesse. E deu tudo certo mesmo!

(Vovó e Nicolas ajudando a fazer o presépio de papel marché)

E graças à ela agora temos tido chance de respirar um pouco e desacelerar. E Nic então, nem precisa dizer que tá apaixonado, né? Já acorda de manhã e a primeira coisa que grita lá do berço é “vovó! já acordou?”. Pois se não estava acordada, agora está.

E talvez pela falta de costume em conviver com outros familiares, na primeira vez que ele me viu chamando a avó de “mãe” logo me corrigiu: “mãe não, ela é a vovó!”. Mas agora já se acostumou. Da mesma forma que também se acostumou ao colinho aconchegante dela e da mesma forma que a vovó tem se acostumado ao frio daqui. Ou quase.

Essa é a foto da Vovó São conhecendo a neve pela primeira vez, em Whistler. Ela veste: 16 camadas de blusas, 2 luvas, 7 calças e duas meias, além de gorro, bota e cachecol. (rs)

– Tá com frio, vovó?

– Só um pouquinho, meu querido.