O lado cômico da maternidade


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Como acertar no presente do dia das mães

Gente, se tem uma criatura nesse mundo grande, vasto e populado, que é super fácil de se agradar e fazer feliz, essa criatura é a MÃE, né não?

Porque pra chorar litros de emoção, alegria e gratidão ao ganhar aquele beijo melequento e babado mais um cartão com tanta cola e glitter que dava pra fazer uma fantasia de carnaval de adulto, não é pra qualquer um. É pra coração maternal mesmo.

Mas então, que tal a gente valorizar ainda mais essa pessoa de coração simples e desapegado e deixá-la ainda mais feliz?

Ih, não… não tô falando de chocolates, nem de flores, nem de sabonetinhos perfumados pra colocar no banheiro, não amiguinhos. Tudo isso é muito simpático e gracinha, mas de verdade? São completamente irrelevantes pra uma pobre criatura que passa seu dia assim:

1.acordando

Acordando todo santo dia, por livre e espontânea pressão, antes mesmo do astro rei dar as caras.

2.banho

Tomando banho em companhia de pequenos seres intrusos barulhentos e brinquedinhos que buzinam e espirram água – frequentemente na direção do seu cabelo seco.

3.descanso

Que não consegue ler um livro sequer que não seja sobre carros e bichos falantes, nem ter autonomia pra assistir qualquer que seja o filme envolvendo pessoas adultas dando vexame ou falando palavras feias.

4.refeicao

Que é a última a se sentar à mesa nas horas das refeições.

5.refeicao2

6. refeicao3

E quando finalmente consegue comer é em meio a insatisfações, requerimentos e intriguinhas por qualquer motivo.

* * *

Pois agora, me diga você, coleguinha! Você realmente acha que uma pessoa que não dorme, não descansa e não tem qualquer privacidade durante o dia nem a noite, tá precisando é de uma caixa grande de chocolate trufado?

Claro que sim!!!!

Mas não pode ficar só nisso!!! <———- muito importante!

Por isso, montei pra você (pai, parceiro ou qualquer pessoa encarregada de ensinar as crianças a fazerem a mamãe se sentir realmente especial) algumas sugestões práticas, simples e muito econômicas, que vão garantir a felicidade de qualquer mãe vivente e respirante nesse planeta. Sijoga em qualquer uma que não tem erro!

Os melhores presentes que uma mãe pode querer:

7. melhorespresentes

1. Deixe a pobre mulher dormir até mais tarde. Feche cuidadosamente a porta do seu quarto e leve as crianças pra longe, muito longe. As entretenha com doces e regalias normalmente proibidas, pra que não se aproximem de lá nem se a casa estiver caindo (aliás, especialmente nesse caso). Até 11 da manhã é o recomendado.

2. Permita que ela tenha um tempo relaxante só pra ela – sem barulho, sem crianças, sem caos, sem trilha sonora da  galinha pintadinha. O mínimo de 3 horas é indispensável.

3. Lhe entregue uma boa bacia de pipoca, muitos bombons e o controle remoto. Leve as crianças ao parque e só volte quando o sol estiver se pondo.

4. Lhe prepare seu prato favorito e o melhor vinho que puder encontrar. Leve as crianças pra comer na sala de tv, no quarto, na varanda, no banheiro, não importa. O que importa é que essa dedicada mãe consiga comer sossegada, numa sentada só e que possa tirar muitas fotos de sua comida tranquilamente pra colocar no Instagram e ainda usar hashtags como #MelhorDiaDasMãesEver e #SouMãeSouDiva.

Vai por mim. Você nunca a verá mais radiante!

* * *

Este post é pra vocês, mães queridas que frequentam esse blog. Que vocês tenham um dia muito especial e relaxante! Porque a gente merece!


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sem médico, com a meia furada, mas com filha modelo

Jamais ouse vir ao Canadá e não tirar o sapato ao entrar na casa de uma pessoa. É lei. Eu há muito já me acostumei a isso, só não esperava sair pra caminhar com as crianças outro dia e terminar na casa de uma amiga. Eu olhava pros meus pés e lembrava que cada um levava uma meia diferente. Até aí tudo bem, se uma delas não expusesse meu dedão pra fora de forma deprimente.

– Não, Anna, hoje não vamos entrar não, o Nic tá com fome… a gente tem que ir pra casa.

– Fome? Fiz uma maçã desidratada pra snack hoje que ficou um espetáculo! E tem bolo de banana também..sem glúten! Entra só um pouquinho, vou te mostrar as roupinhas da bebê e a banheira de parto!

Droga, essa não dá pra recusar. Lá vamos nós adentrando a residência recém-faxinada da minha amiga prestes a dar à luz. Eu desconsertada, Lily adormecida, Nic alvoroçado e meu dedão desecapado. Eu tiro os sapatos, nós duas olhamos pra baixo e trocamos um olhar. Ela arqueia uma das sobrancelhas.

– Há quantos dias o Rafa tá viajando?

– 15

– Não preocupa, eu estaria andando de camisola de flanela na rua se estivesse no seu lugar.

E entramos rindo.

* * *

A gente mora num bairro muito bacana, cheio de famílias com crianças pequenas. No início do ano a gente contou e deu 44 crianças abaixo de 5 anos. Hoje já tem mais, pois de lá pra cá devem ter nascido mais uns 8 bebês. E todos com a ajuda de uma midwife (obstetrícia). Daí que outro dia rolou o picnic anual de midwives com as famílias atendidas por elas em toda a cidade. Aconteceu num parque, que logo foi inundado por crianças correndo, mães amamentando, grávidas, práticas de ioga, massagem de graça e muita comida e informação sendo compartilhadas. No caminho eu disse ao Rafa que se alguém quisesse saber quanto a Lily pesava eu não saberia responder.

– Quantas vezes ela já cortou a franja eu sei. Quatro. Ou foram cinco? Tá vendo, nem isso eu sei! Vou saber o peso?

Mas ninguém perguntou, nem ficou falando dessas coisas. Aliás, aqui tenho notado uma tendência geral em se buscar cada vez menos os cuidados médicos pra questões como peso, sono, alimentação ou resfriados comuns. Ou gravidez. Ou amamentação. Pra isso, tem as midwives, as doulas, as consultoras de lactação, o instinto materno. Eu adoro isso! E acho que é um resultado esperado quando se tem informação, senso crítico mais desenvolvido e maior confiança no instinto e na natureza em geral, não? Hey, I’m taking charge here! Eu odeio a ideia da figura do médico como um cavalheiro que chega pra resgatar a mãezinha desesperada ou a grávida cheia de dúvidas e medos, com soluções empacotadas, generalizadas e não raramente, terroristas. (É, ainda tô sob o efeito do excelente documentário “The Business of Being Born” – A Indústria do Nascimento – que eu assisti no último fim de semana).

Claro que os médicos são importantes, mas até que ponto eu preciso deles? Ou a partir de que ponto? Aqui no Canadá pelo menos, parto e amamentação são vistos com respeito pela classe médica, mas por outro lado a GRANDE maioria apoia veementemente práticas como o “cry it out“. Aliás, vivemos uma cultura do deixa chorar, né não gente? É pressão por todos os lados! A ultima vez que levei a Lily a uma consulta de rotina, por exemplo, o médico me perguntou como estava o sono dela. Ela tinha 4 meses e acordava toda noite a cada 2 horas pra mamar. Pois ele, deixando toda sua postura médica e humana num canto qualquer, se virou pra mim e disse “Posso te dar uma sugestão? Deixa chorar. Coloca ela num quarto escuro, fecha a porta e vai tomar um vinho. O quarto escuro vai fazê-la lembrar da sua vida dentro do útero.” Eu fiquei me perguntando que tipo de submundo grotesco e aterrorizante ele acha que o útero é. Daí, quando eu disse que não era adepta da tortura infantil, ao invés dele ficar na dele e parar por ali mesmo, continuou seu blá-blá-blá de vendedor de enciclopédia ruim tentando me convencer que o método é bom pra ela e pros pais. Resultado: saí vazado e nunca mais voltei.

* * *

Por isso mesmo, Lily começou a comer sem pitaco especializado. Aos 8 meses, 50% da alimentação dela é comida sólida e os outros 50% leite materno. Não que eu esteja controlando isso, mas tá saindo assim. Comecei com cereal pra bebê e daí fui oferecendo pedaços de frutas a qualquer hora. É consenso aqui que melhor que suco da fruta é dar a própria fruta (crua ou cozida) em pedaços ou amassada, mais água. O suco destrói as fibras das frutas e deixa a criança com preguiça de comê-las.

Alternadamente, fui dando legumes amassados e como a aceitação foi boa, fui amassando cada vez menos. Hoje, a Lily come arroz integral, feijão, carne desfiada e legumes quase sem amassar. Eu, que passei muito aperto com o Nic, fico deveras impressionada e feliz com tamanha desenvoltura mastigativa da menina. E detalhe: SEM DENTES, hein? Também assisti esse vídeo inspirador do Dr. Carlos González, que me deixou mais segura por estar conduzindo a introdução de sólidos assim, de forma mais solta. Quem indicou foi a Mari. Na hora eu não tinha achado, mas agora vi que dá pra acionar o “CC” (close caption) se precisar de legenda – espanhol ou inglês.

 * * *

No mais, postando essa foto outro dia no Facebook, teve tanta gente falando que ela parecia um bebê de propaganda que resolvi fazer o contrário: uma anti-propaganda. A foto foi tirada poucos dias depois que ela fez 8 meses e estava começando a engatinhar. A cada dia que passa ela engatinha mais, mas ainda está faltando ela se dar conta que pode. Hoje mesmo, ela tirou a bota de lã e jogou lá na casa do chapéu. Mas ao invés de ir atrás, ficou no mesmo lugar resmungando e olhando pra botinha. Eu digo pra ela:

–  Vai lá e pega, florzinha. Não se deu conta que você já está engatinhando não, é?

Ela ri toda manhosa. Mas não sai do lugar.

Tudo bem, modelo de anti-publieditorial pode, né gente? Pelo menos, tirando o sapato desse jeito, ela tá prontinha pra continuar vivendo harmoniosamente no Canadá. Já tá bom. 🙂


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num dia isso, no outro aquilo

Num dia, você leva seu filho pra escolinha caminhando por uma trilha que passa no meio de uma floresta, abestalhados com tamanho espetáculo de cores na sua estação preferida.

No outro dia, mal conseguem sair de casa de tanta neve na sua porta.

*

Num dia, como tem sido de costume nesses três anos, seu filho não quer saber de comer nada e rejeita todo e qualquer vegetal, fruta ou textura diferente que você venha a oferecer.

No outro, ele está que nem o Pacman e come tudo o que vê pela frente.

*

Num dia, seu filho fala tudo em terceira pessoa.

No outro, se dá conta que é um indivíduo e só quer saber de dizer “eu”, mesmo que ainda não domine todas as conjugações – eu comei, eu trazeu, eu correi, eu decei.

*

Num dia, ele não fala nada de inglês, já que você só fala português em casa.

No outro, ele te aparece dizendo coisas como “mamãe, look at this!”, “come back!” e “amazing”.

*

Num dia, é carinhoso com todas as crianças, até mesmo com aquelas que batem nele.

No outro, já aprendeu a revidar e dá trauletadas até mesmo em quem não tem nada à ver com o sapo (ou seria pato?).

*

Num dia, ele tira sonecas de 3 horas seguidas todas as tardes.

No outro, diz que soneca não é mais coisa pra ele – (até que vai assistir um videozinho e acaba dormindo assim mesmo).

*

Num dia, ele dorme tranquilo a noite toda.

No outro, decide que é hora de mamãe e papai começarem a se preparar pra chegada da irmãzinha, e de muito bom grado resolve ajudá-los acordando todas as noites à meia-noite e às 3, gritando “não, não, não”. E ninguém entende o porque de tanto “não”.

*

Num dia, ele só quer saber de usar e fralda.

Bom… e no outro também.

*

É, parece que tem coisas que não mudam nunca mesmo, né?

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Avisos!

– Dia desses estive lá no Mãe é tudo igual. Passe lá se você quer ver uma entrevista que ela fez comigo, falando do Canadá.

– E não deixem de participar do sorteio solidário do MMqD, que oferece 13 prêmios bacanas (incluindo uma ilustração minha) e uma ótima oportunidade de ajudar as criancinhas com câncer do AACC. Ainda dá tempo!


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Nicolas – 3 anos

Hoje ele faz três anos.

Tem um sorriso lindo de dentes alinhadinhos como o pai, mas ri de tudo e pra todos, como a mãe.

Tem uma melhor amiga menina com quem é apaixonado, mas não quer nem saber de ouvir falar da irmãzinha que está chegando.

É fascinado com máquinas, rodas e motores, mas é delicado, dócil e carinhoso, especialmente com crianças.

Nunca calça o sapato trocado, sempre acha que a costura da meia está incomodando e fica nervoso por não conseguir tirar a camisa sozinho.

Não se cansa de ouvir a história dos três porquinhos à noite e adora acrescentar coisas pra agradecer ao papai do céu na hora de dormir.

É inteligente como o pai, bobo como a mãe. Conhece todas as letras do alfabeto e até algumas palavras escritas, mas sua rima preferida é “eca meleca, caiu a cueca do Nicolas sapeca”.

Chama lua crescente de lua quebrada, estrela cadente de estrela-elefante , queijo ralado de queijo-cobra e misto-quente de pão-sujo-de-preto (oh, oh).

Pergunta o porquê de tudo, especialmente se vê alguma criança chorando, alguma mãe brava ou quando o pedem pra fazer alguma coisa que não quer.

Decidiu que quer ir pra escola, que agora come frutas, legumes e mingau de aveia como os amiguinhos, mas que desfraldar definitivamente não é coisa pra ele – bom mesmo é continuar neném.

Tem amado ir pra escola, mas uma vez que continua neném, mamãe não pensou duas vezes e virou voluntária do estabelecimento. Ela agora passa algumas manhãs sentada numa cadeira de balanço, costurando, crochetando e craftando enquanto olha o rebento de soslaio. Ajuda a professora no que precisa e principalmente, auxilia o filho (e quem mais precisar) na indesejada tarefa de ir ao banheiro. Mamãe está adorando.

Assim como ADORA ser mãe desse menininho bem-humorado, tranquilo e por vezes bizarrinho. 🙂

E como recebeu várias mensagens de aniversário tão bonitas pra ele, resolveu colocar aqui sua preferida que resume com perfeição os três anos de Nicolas. Com a palavra, tia Si, Rodrigo e Yann:

“São três anos de cidadão do mundo!
E como é grande esta responsabilidade meu amado Nic: vir de uma raiz latina, de um povo sofrido e alegre, ter no quintal cangurus, visitar maravilhas naturais e crescer aos pés de uma das maiores falhas geológicas do planeta!
Ufa! São só três anos! Por isso sobrinho, ao lado de tantas aventuras Deus nos dá a benção maravilhosa do lar, do amor incondicional de nossos pais e um presente para lá de especial: sua irmãzinha, Lily!
Meu amado sobrinho, tenha certeza absoluta de que tudo o que você viver, de tudo o que você ver e sentir, nada será tão grandioso e profundo do que o amor de seus pais. Aproveite-os ao máximo e exerça esse aprendizado com todos os irmãos da terra – não é à toa que você é cidadão do mundo! Missões especiais são para pessoas especiais!
Saiba que estamos sempre aqui acompanhando as aventuras da Nicolândia – esse maravilhoso país tão tão distante e tão perto de nossos corações!!!
Parabéns Nicolas!!!! Que Deus continue te abençoando com muita saúde, amor e aventuras!!!!”

Amamos você, Nic querido!

Mamãe e papai


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Toda criança quer

Então parabéns pra quem falou “Toda criança quer” na brincadeira do último post!

Fala sério gente, tava moleza de acertar, né não? (haha)

Pra quem não conhece a música, estou colocando o video abaixo. Até onde eu sei não existe um video oficial da música, então roubei um que eu achei bonitinho do youtube mesmo. Vale a pena ouvir, a música é muito linda… eu adoro!!!

* * *

E pra não falar que eu só passei pra isso, vamos à algumas curtinhas, que tal?

Nic continua chato pra comer. De frutas só come banana e olhe lá. De legumes, só brócolis, mas claro, isso também depende do humor dele. Arroz é sempre bem vindo, desde que não venha com feijão. Ovo e carne são imprevisíveis – um dia adora, vários dias não quer nem ver. Não come sopa, nem macarrão, sem salada, mesmo que venham fantasiados com olhos, bocas ou rodas. Nem uma feijoada caseira linda, gostosa e feita com carne de churrasco (!) como essa ele quis saber… Tem bobo pra tudo…

Mas enfim, descobri que o lado bom dele não comer é que pelo menos não estraga os dentes, né gente? Que esses sim, continuam branquinhos, alinhadinhos e lindos, assim, como se nunca tivessem sido usados, sabe? 😉

E sabe que de repente aflorou no Nic uma agressividade que nunca vi antes? Sem qualquer estímulo aparente, de repente ele chuta brinquedos, arremessa coisas, simula explosões e acidentes de carro e cospe no chão (sim, cospe!). Normal isso, gente? É coisa que toda mãe deve esperar no pacote de “meninos” mesmo, ou devo me preocupar?

E apesar de não comer, energia é coisa que não falta no menino Nicolas. Corre o tempo to-do. Um dos mistérios da natureza. Se estamos conversando com alguém, ele está dando voltas ao redor da gente. Se vamos à biblioteca, ele empilha alguns livros no chão, toma distância e salta os livros. Se vamos ao parque, passa mais tempo correndo ao redor do playground que brincando nele. Enfim, menino ativo precisa de atividade. Né?

+

PS: video feito no único dia com cara de verão que a gente teve até hoje esse ano!

PS2: cuidado com volume do som, minha risada no final é escandalosa! 🙂

Beijos e até a próxima! 🙂


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Pra namorada do Nicolas

(o primeiro de uma série)

“Oi minha flor,

Tudo bem com você?

Olha, eu não quero tomar seu tempo com bobagens, mas da mesma forma que eu AMO escutar da minha sogra que o Rafa usou mamadeira até os 7 anos, cortou a franja até o toco no dia do seu discurso como orador do Maternal II ou quase pintou o cabelo de branco quando ele tinha 8 anos, fiquei pensando que você também pudesse gostar de saber que o Nicolas, aos 2 anos e meio, além de não comer quase nada durante o dia (aliás, não sei como ele sobreviveu até hoje pra te conhecer), ficou uma vez com um pedaço de salmão (salmão, veja só!) na boca por duas horas. Sim, duas horas, querida. Sem mastigar, sem engolir, sem cuspir. E ainda conversando com a gente como se o salmão não passasse de uma extensão da sua língua.

Engraçado ver que hoje a gente mal enxerga o Nic atrás do prato de comida, não é mesmo? E aquele tanto de salada que ele come? Quase não acredito…

Mas então é isso. Beijos, tá querida!

Sua sogrinha

PS: Estou adorando ver vocês dois tão empolgados com tantos planos!

PPS: Não vejo a hora de chegar o próximo final de semana pra gente fazer aquela viagenzinha gostosa, só nós três, hein? Não vai ser ótimo?

Beijos, beijos!”

Atualização: Ah, e o salmão? Depois de ser sugado até ficar branco, foi parar na lixeira, infelizmente… 😦


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Pants on fire

Tô passando aqui pra contar três coisas:

1. Nicolas destrambelhou de vez e acreditem – agora anda comendo de um tudo! Come frutas, legumes, saladas, flor do jardim. Tu-do mesmo. Milagres acontecem.

2. Hoje foi o dia do meu esperado exame de rua pra tentar tirar minha carteira de motorista canadense. No Brasil eu passei na terceira vez, mas nunca tive muita experiência, já que passei 5 anos com carteira mas nenhum carro. Daí que fui aprender mesmo foi na Australia – onde se dirige na mão inglesa, né? Então viemos pro Canadá e mais uma vez tive que encarar o processo, enquanto repetia o tempo todo pra mim mesma: mantenha o carro na via direita, direita, direita, não-não-não! di-rei-ta. Pois bem, infelizmente não adiantou. Mantive sim, o carro na mão certa, mas liguei o limpador de para-brisas achando que estava dando seta e quase subi no meio-fio na hora de estacionar o carro. Sem falar na baliza. É, melhor nem falar mesmo. Isso, porque meu senso de espaço é todinho ao contrário, né gente? Assim, acho que infelizmente as atividades do Nic que requerem mamãe-motorizada vão ter que esperar um pouco mais.

3. Mas apesar disso tudo, felizmente ainda temos nosso carro e alguém na família cujas habilidades motorísticas nunca estiveram tão confiáveis – Rafa! – quem nos prometeu muitos passeios sensacionais nesse final de semana.

Há! Primeiro de abril, sua calça caiu!!! Claro que é tudo mentira, gente! Mas imagina se eu iria deixar o primeiro de abril passar em branco assim? 😉

Então, vamos por partes:

1. Infelizmente ainda não é desta vez que Nic destrambelhou a comer. Há três dias anda caidinho e borocroxôzinho de dar dó – tossindo, vomitando, febril, com ouvido infeccionado. Uma daquelas viroses maquiavélicas, sabe? Hoje o levamos ao médico e pela primeira vez na vida (tirando quando ele nasceu e aspirou mecônio) está tendo que tomar antibióticos. Primeira vez também que tem febre.

2. Mas pelo menos, assim que ele melhorar, Nic vai pode contar com a mamãe pra levá-lo a qualquer lugar de CARRO! Sim, porque ela fez seu primeiro exame hoje e passou com louvor (tá bom, essa última é por minha conta). Hooray!

3. Claro, isso, quando o carro voltar do conserto… Pois o motorista mais experiente daqui de casa bateu o carro antes de ontem. Felizmente ninguém saiu ferido, mas o carro levou uns tabefes feios e agora, nos resta preparar o milho de pipoca por que esse final de semana promete pouco passeio mas muitos filmes!

(Agora podem me xingar: liar, liar, pants on fire!)


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the merciful

Melhor eu me conformar – Nicolas definitivamente não come. Enquanto toda criança tem fases de não querer comer, Nicolas tem curtas fases de querer. Curtas mesmo, daquelas que chegam pro almoço e na janta já foram embora. Come bem uma refeição ao mês e com isso segue sobrevivendo, Deus sabe como, o resto dos dias até a próxima refeição bem comida. Tem dia que eu consigo engalobá-lo lendo livrinhos enquanto sem ele perceber, vou colocando colheradas de comida super nutritiva na boca dele. Mas claro que na maioria das vezes ele reconhece o golpe e diz “só estorinha mamãe, comida não”.

Uma vez ele passou por uma fase super cute, quando ele comia motivado pela própria imaginação. Imaginava todo tipo de animais no seu prato e os devorava com o apetite de um predador selvagem. Eu, tolinha, até achei que essa fase tivesse vindo pra ficar, mas na mesma semana que me disse Oi, também me disse Tchau – e sem nem mesmo olhar pra trás.

Mas estou sempre tentando. Outro dia mesmo, eu fiz uma salada de frutas maravilhosa. Sabe como é, né? Morando no Canadá, a gente nunca mais viu maracujá, mamão que preste ou banana com gosto de banana, mas é o paraíso das berries – blueberries, strawberries, seiquemaisberries. Então juntei todas estas delicias com manga (raridade por aqui!), kiwi e maçã azedinha (ui!) e fiz aquela salada.

Nicolas olhou de longe aquele negócio todo colorido e seus olhinhos brilharam “tlim, tlim!”. Mas à medida que ele se achegava e reconhecia os pedacinhos de… oh, oh! frutas! seu semblante foi nublando.

– Vamos comer “delícia-colorida”, Nic? – falei o primeiro nome diferente que me veio à cabeça, afinal eu tinha certeza que não conseguiria convencê-lo a comer nada se proferisse as palavras “salada” ou “fruta”.

Ele topou, mas olhando pros lados com a esperança de que eu estivesse me referindo a uma outra coisa.

Fui com calma e dei só um pedacinho de manga, que ele costumava adorar quando era um toquinho de gente. Arregalou os olhos e fez cara boa – yummy! – ele disse. Beleza! Parece que ele finalmente vai comer uma fruta que não seja em forma de fluido.

Me sentei no chão pra comer a salada tentando passar uma impressão informal, descolada e despojada, do tipo tô nem aí se você não quiser mais, sabe? Pra tirar a pressão de cima dele.

Então ele brincava com seu carrinho e de vez em quando me olhava. Mas não se aproximava pra pedir mais. Resolvi arriscar:

– Quer mais, Nic?

– Quer!

No que ele abre a boca pra “comer” mais, vi algo alaranjado se despontando de debaixo da lingua dele.

– Que é isso, Nic? Levanta a língua.

Era a manga, intacta.

Falei pra ele mastigar a manga e ele fez que mastigava, mas sem colocar a manga no meio dos dentes. Então dei morango, que após mais dois minutos constatei que também teve sua vida poupada.

– Mamãe, quer cuspir moiango.

E cuspiu, inteirinho.

– Oh, salve salve, misericordioso Nicolas, que protege todas as frutinhas do mundo. Além dos legumezinhos e verdurinhas indefesas! – disse eu olhando pros céus.

* * *

Mas, como dizem – always look on the bright side of life : agora pelo menos, ele dorme!


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Aprendendo a esquiar (e receita de pão)

Enquanto no Brasil é puro carnaval, calor e chuva, aqui ainda desenterramos um brinquedo ou outro do Nic que foi soterrado pela neve no quintal. Realmente difícil de acreditar que a primavera chega daqui a apenas duas semanas…

Mas pra aproveitar nosso primeiro inverno branco em família, eu e o Rafa resolvemos viver a experiência completa e nos alternar pra fazer um curso de esqui. Puxa vida, eu não esperava que fosse ser tão divertido e… difícil!!!

O curso foi o dia todo praticamente, somente eu e um outro rapaz, e a parte da manhã foi uma verdadeira catástrofe. Primeiro, custei a me acostumar às botas, super pesadas e duras, e que me faziam andar com a elegância de um Frankenstein sobre sapatos de lata – aqueles, que eu costumava fazer na infância. Um horror. Agora imagina eu andando desse jeito e ainda carregando o equipamento de esqui que teimava em se desmantelar todo no chão. Pois não tinha um que não olhasse pra mim e pensasse: caloura.

Chegando na montanha, prendemos os esquis na sola das botas e começamos praticando “passinhos de bebê”. Um passinho pra frente, outro pro lado, outro pro outro lado e virando bem devagar. Uau! Nada mal, eu estava arrasando! Daí o instrutor ensinou alguns truques pra se manter em pé sobre os esquis em movimento, descer em linha reta e diminuir a velocidade até parar. Tudo aparentemente muito simples… mas pro antipático do outro cara, que fazia tudo com perfeição, não pra mim. Eu achei suuuuper difícil!!! Primeiro, que cada perna queria ir pra um lado (oi?), segundo que o esqui escorrega muuuuuito e minha tendência era obviamente, seguir a lei da gravidade – descendo muito rápido (ai que medo!!!) e me esborrachando no final.

Fui pro almoço desolada.

Mas nada como uma tarde ensolarada depois de uma manhã frustrada. Desta vez fomos pra um ponto mais alto na montanha. Calcei os esquis, fui descendo determinada e foi como um milagre. Melhorei horrores e quase não caí. Várias vezes consegui descer com controle, fazer curvas suaves, parar sem cair. Fiquei com orgulho de mim mesma e não deixei de dar uma olhada daquelas pro meu colega sabe-tudo, do tipo – Viu, coleguinha??? Também posso. 🙂

Daí, na hora de ir embora, o instrutor, também bastante orgulhoso do meu desempenho, sugeriu que voltássemos pro teleférico esquiando. Claro! Sem problema! Bom, eu só não contava com uma ladeira um pouco íngreme demais pras minhas habilidades tão recém adquiridas. Ele me mostrou com classe como eu deveria fazer, cruzando na diagonal e chegando lá embaixo bem devagar. Mas infelizmente meus esquis não me obedeceram e eu desci ladeira abaixo numa velocidade incrível. Saí descendo e gritando pras pessoas no meu caminho “watch out!!!” (cuidado!!!), e depois usei todos os meus vastos conhecimentos pra desacelerar e parar. Um espetáculo! Até que me virei pro instrutor pra comemorar com um “Hooray!” e caí no chão, do nada. Realmente um grand finale. 🙂

* * *

Mas lindo mesmo foi ver a turma de crianças de 3 e 4 anos esquiando com seus esquis pequenininhos… Meu Deus, que coisa mais fofa… Eles esquiam tão direitinho, um atrás do outro e sem cair nem uma vez. Impressionante. Ano que vem o Nic já pode fazer e acho que ele vai adorar. Afinal, até eu, que não sou muito de esportes, gostei!

* * *

Pena que não tirei nenhuma foto de nada, pois não rolava de levar câmera. Fica pra uma próxima que eu for esquiar com o Rafa.

* * *

E por fim, vamos à prometida receita de pão que aprendemos a fazer na escolinha do Nicolas.

Ingredientes:

1 xícara de água morna (não quente)

1 colher sopa de fermento biológico seco

1 colher sopa de açúcar mascavo, mel ou maple syrup

2 xícaras de farinha integral pra pão

2 colheres sopa de azeite de oliva ou manteiga

1 pitada de sal

Preparo:

Misturar fermento, água, açúcar e 1/4 farinha. Deixar descansar por 20 a 60 minutos pra começar o processo de fermentação. Melhor ainda se colocar dentro do forno levemente aquecido.

Adicionar então o azeite, o sal e mexer. Colocar a farinha aos poucos, sem deixar ficar muito seco e amassar com as mãos por pelo menos 10 minutos. Acrescentar farinha sempre que precisar. Essa é a hora perfeita pra envolver as crianças da casa pra ajudar, e criar várias formas divertidas.

Depois, coloque tudo numa forma untada, tampe com um pano e deixe descansar por 10 a 20 minutos. Leve ao forno médio por 15-20 minutos (pães pequenos) ou até 40 minutos se é um pão maior.

O resultado é um pão simples, saudável e saboroso. Melhor se consumido ainda quente com manteiga e chá de ervas.

Enjoy!

* * *

E feliz dia das mulheres pra nós!!!