O lado cômico da maternidade


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Um carro, duas crianças e um sorteio

Eu não sei como é aí, mas aqui não tem nenhum passeio de carro que salva mais.

Todos começam assim: enganadores. Um exemplo de comportamento infantil e curiosidade acerca do mundo e livros que os cercam. Orgulho me define.

passeio de carro com crianças 1

Até que ELE chega. O Espírito de Porco.

Nossa, tá pra existir criatura mais traiçoeira e ardilosa que essa, viu? Porque o velhaco começa assim, sugestionando com simpatia e risinhos, que a irmã tire os sapatos, a touca, e todo e qualquer enfeite ou adereço que lhe complemente o visual feminino.

Funciona toda vez.

Na sequencia, ele inicia a tortura psicológica. Sabe aquela coisa irritante de fazer que quaaaaaaase encosta no braço dela mas não encosta? Ou na cadeira? Ou na boneca? Então. Adorável.

Daí, a irmã, que é toda não-me-toques-e-sai-com-esse-dedo-pra-lá, claro que se descabela inteira com uma bobeira dessas. Tinha, né? Porque pra cada criatura incomodenta, há que haver uma incomodada. Lei da natureza.

Assim, todo o resto do passeio é isso aí, colegas.

passeio de carro com crianças 2

Um júbilo!

E não adianta pedir pra parar, conversar, ameaçar, nada. Quando o espíritodeporquice chega, ele se instala.

Até claro, os últimos 5 minutos que precedem a chegada de onde é que seja que estamos indo. Daí a criatura zombeteira vai embora, o menino emburra e a menina dorme.

Falha nunca.
passeio de carro com crianças 3

E os pais? Ora, enquanto o pau quebra lá atrás, claro que o mesmo acontece na frente  os pais  aproveitam pra sorrateiramente abaixar o volume daquele CD infantil que eles não aguentavam mais escutar! Afinal, pra um casal que essa semana completa 9 anos de casados, só de poder fazer um passeio sem ouvir a dona aranha subindo pela parede pela 678a vez, já é mais que lucro!

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E HOJE TEM SORTEIO GENTE!

sorteio_ilustracoes_lalelilolustudios

As ilustrações foram desenhadas e gentilmente doadas por aquela ilustradora podre de famosa da Lalelilolu Studios, sabe? Então! Ela falou que pra participar do sorteio, basta dar uma olhada numa das lojas dela (a Etsy ou a tupiniquim) e contar nos comentários quais são as duas ilustrações que você mais gosta. Ela também acrescentou que:

1. Vale pra qualquer lugar do planeta (Terra, né gente, por favor!)

2. Se curtir a página dela no Face, ganha mais uma entrada. Daí é só deixar outro comentário pra falar que curtiu.

3. Se curtir a minha página no Face, ganha mais uma (olha que fofa!).

4. Se você clicou em Odeio esse blog!!! lá encima no menu já foi eliminado. 🙂

5. O sorteio acontece na próxima sexta, dia 28 de Fevereiro, 20 horas (horário de Brasília).

PS: Só vale ilustrações tamanho 21.6 x 27.9 cm (infelizmente os Posteres do Alfabeto de Animais não entram no sorteio)

É isso! E boa sorte, queridos leitores!

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SORTEIO ENCERRADO!

Foram 172 entradas válidas e o número sorteado pelo Random.gov foi o 145!

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PS: Se você participou do sorteio, não ganhou, mas queria muito uma ilustração, a tal ilustradora está dando 20% de desconto até o final de abril de 2014. Basta entrar com o código “GIVEAWAY”na hora da compra (em qualquer uma das duas lojas) . Mas só vale pra quem participou, ta?


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Hoje ela faz 2 anos!

E completa com absoluta perícia e precisão, mais uma translação elíptica ao redor do sol. Sem cursinho na NASA, sem muito planejamento ou ponderação. Simplesmente foi lá e descreveu sua órbita.

Copérnico teria morrido de orgulho.

0À medida que essa menininha prodígio executava solstícios e equinócios, a comunidade científica observou com admiração o seu notável crescimento e desenvoltura perante a vida. Em apenas l ano sideral ela se tornou muito mais pitizenta confiante, teimosa persistente e insubordinada independente. Um sucesso!

Olha só que delícia é ter uma criancinha de 2 anos em casa!

  • Ela já se veste e calça sozinha.

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  • É artista experimental nata. Adora explorar cores, materiais e é grande fã das grandes telas.

3

  • É super familiar com o penico e  insiste sempre em usá-lo.

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  • Tem a mente aberta e não está nem aí pra quem a critica por levar uma vida de contradições.

2

  • Fala que nem uma matraquinha pobre na chuva, e apesar de todas as 467 novas palavras recém incorporadas ao seu vocabulário, sua preferida ainda é NÃO.

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  • Faz questão de comer sozinha e o faz muito bem – exceto pela mania de virar a colher 180 graus pra baixo ao chegar com a comida na boca e  sua peculiar forma de comunicar que não quer mais. (Vale ressaltar que um estudo científico está sendo realizado pra explicar porque a quantidade de comida que termina no chão é sempre maior que a que estava no prato. Conto tudo se chegarem a uma explicação lógica).

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  • Uns a chamam de intransigente e radical, eu prefiro considerá-la uma apaixonada por suas causas. Água no copo verde/rosa/azul, por exemplo? Um insulto!

5

  • É extremamente carinhosa e companheira.

4

  • Mas às vezes, incrivelmente independente e emancipada. Ah sim, e sempre destemida. Sempre.

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  • Tem alma lúdica e suas brincadeiras preferidas dentro de casa são esconder (sempre com pelo menos 3/4 do corpo pra fora e de preferência nos mesmos dois lugares) e derrubar torres (do irmão, claro!).

2anos

  • É super prestativa e está sempre disposta a ajudar com a limpeza! (embora nunca  jogue pro mesmo time de quem está limpando.)

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  • E como se não bastasse tanta qualidade, essa menininha esperta ainda é a dona do beijo mais molhado e gostoso do mundo! Dá pra acreditar na minha sorte?

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Lily da mamãe,obrigada por trazer mais cor à nossa vida! Você me completa, me inspira, me diverte. Obrigada pelo seu sorriso aberto, pelo seu choro forte e saudável desde o dia que você nasceu , por me mostrar que posso amamentar, pelas musiquinhas que canta o dia todo com sua vozinha de fada, por chamar “mamãe” 678765 vezes por dia, por gostar tanto de me ouvir contando histórias, por gosta de escovar os dentes, por comer tão bem, por dormir tão bem, e tantas, tantas outras coisas.

Mas sobretudo, minha querida Lily, obrigada por ter me escolhido pra ser sua mãe. É uma honra pra mim poder segurar sua mãozinha e te conduzir pela vida. Te amo do fundo do meu coração!

Seja sempre feliz!


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Do ski-bunda ao divórcio

Atire a primeira fralda quem nunca teve preguiça de fazer um programa com as crianças.

Porque é todo um processo, né gente? Correr atrás da criatura que foge rindo com a fralda metade posta, metade desbeiçada. Convencer o mais velho de que cueca não é touca. Conseguir a proeza de vestir e alimentar todo mundo a tempo, e claro, preparar aquela bagulhada toda pra levar, pra no final descobrir que esqueceu a coisa mais importante de todas – seja lá o que for essa coisa naquele dia.

Daí, chegando no lugar, você ainda tem que ter a presença de espírito pra separar motins, apaziguar disputas de posse, conter pitis, lidar com sono fora de hora, comida fora da boca, cocô fora da fralda. Tudo isso, além de conviver com a frustração de nunca conseguir terminar uma frase sequer com um outro adulto. Nunca.

Mas é aquela coisa. Nos dias que você mais espera que vai ter problemas, são os dias que todo mundo mais se diverte.

E vice-versa.

* * *

Acordei radiante.

Fui tomar meu banho e saí cantarolando aquela musiquinha super fofa, descontraída e que nunca sai de moda… Como é mesmo o nome, gente? Começa com “da da da”? Ah sim, King Kong e seu King Konguinho! Pena que o Nicolas pediu pra eu parar… Talvez eu tenha exagerado na coreografia.

Mas enfim. Não ligo, pois quem saiu perdendo foi ele.

O importante é que estávamos todos animados pra ir pras montanhas brincar de tobogã na neve! O famoso ski-bunda. Há semanas que o Nicolas vinha rezando essa ladainha de que queria fazer tobogã e pra nossa sorte, dona Lily acordou toda feliz e bem humorada. Tão bom quando as crianças já estão maiorzinhas e a gente sabe que vão se divertir, ne?

O marido fez panquecas pro café-da-manhã e estava mais disposto que o usual. O lugar fica só a 45 minutos de carro e a previsão era de sol com temperatura amena de 3 graus.

No caminho fui sorrindo e imaginando nosso passeio.

nicolilando_expectativa_maternidade_inverno_canadaBrisa fresca, madeixas ao vento, céu azul, dia ensolarado.

Crianças se divertindo, toboganando felizes e claro, protegidas com seus equipamentos de segurança pessoal. A cada descida, uma comemoração, vários uhuuus, vários abraços. VÍNCULO.

Eu, tomando meu chocolate-quente (mas não tão quente) orgânico, feito de cacau equatoriano, e aproveitando pra registrar cada momento com fotos espontâneas, nítidas e de fundo levemente desfocado. Captando com naturalidade cada sorriso, cada olhar de entusiasmo, cada abraço trocado.

No meio desse misto de euforia e serenidade, engulo seco ao notar um aviãozinho circulando em círculos com uma faixa pra mim. Nela se lia “te amamos”.

Oinnnnnnnn! Que fofos!!!

Até que chegamos ao destino. Acordo com uma baba sorrateiramente escorrendo no canto da minha boca.

nicolilando_realidade_maternidade_inverno_canada

Olho pro céu e vejo tudo cinza. Nada de sol, vento gelado e úmido. Fico pensando como o clima pode mudar tanto com 45 minutos de carro.

Olho pra Lily e vejo ali a expressão de uma criança emocionalmente desestruturada. Terá ela visto o Abominável Monstro das Neves no caminho? Não duvido.

– Quer sair do carro, Lily? – pergunto

– NÃO!!!!

– Quer ficar no carro?

– NÃAAAAAAO!!!!! – responde ela brava. O famoso paradoxo metafísico aplicado.

Não quer capacete, não quer luva, não quer brincar. E fico pensando como pode uma menina mudar tanto de humor após 45 minutos de carro. Logo ela, que gosta tanto de usar essas coisas e brincar na neve.

Já o Nicolas, pra quem passou as últimas 3 semanas me atazanando com essa conversa de tobogã, me surpreendeu ao de repente se tornar uma criatura estranha comedora de neve. O menino deve ter comido pelo menos uma montanha inteira nas duas horas que ficou lá sentado. Presenciei a olhos vistos os efeitos antropológicos na paisagem moderna.

Claro que o pior foi aguentar as suas constantes idas ao banheiro pra fazer xixi depois.

No mais, não teve avião com faixa, não teve sol, nem chocolate quente.

Mas teve alguém que apesar dos choros e das esquisitices das crianças, conseguiu se divertir e muito. Meu marido.

Puto.

 


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A história ilustrada dos Laticínios Zumbi – o estabelecimento que nunca fecha(va)

Era uma vez uma menininha que não gostava de dormir sozinha.

Não que ela dormisse grandes quantidades ininterruptas quando estava com companhia. Ah, isso não.

Mas dormia, pelo menos algo que fosse.

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Uma de suas maiores dificuldades, era ignorar a irrestível Fábrica de Laticínios que ficava ali bem do seu lado e – vejam que sorte! – funcionava 24 horas por dia. Uma verdadeira tentação, especialmente pra uma garotinha daquele tamanho.

Assim que, por mais que a menininha se esforçasse pra continuar dormindo (e como se esforçava!), acabava acordando e batendo na porta da fábrica a cada 2 horas.

Toda santa noite.

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No início, a fornecedora liberava o estoque de bom grado, mas após 16 meses de distribuição ilimitada, a boa provisora acabou por ficar num estado deplorável. E realmente muito preocupante.

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Tanto a exaustão, quanto a terrível suspeita de que a pequena meliante consumidora estivesse abusando do fornecimento gratuito, em especial no turno noturno, levaram a dona do Laticínio a interromper os serviços de 24 horas.

Mesmo sabendo que poderiam haver piquetes.

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Construiu então um anexo às instalações industriais e gentilmente convidou a menininha a se mudar. Ela ainda teria a segurança de ter seu dormitório perto da fábrica, mas teria apenas água caso necessitasse se hidratar à noite.

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Mas não deu muito certo.

A menina conseguia pular os muros, e continuou interrompendo o sono (e os sonhos!) da dona da fábrica e demandando o produto lácteo várias vezes na noite. Se lhe ofereciam água, era um escândalo! Como tinham o desplante de oferecer algo tão ralo e sem gosto a uma freguesa tão fiel?

Assim, a dona da Fábrica se deu conta que deveria tomar medidas mais drásticas e decidiu proceder com o desligamento completo da pequena bezerra, migrando seu dormitório pro setor onde hoje dorme o antigo consumidor – o qual já está com 5 anos de idade e tem um sono de pedra.

(Deus conserve.)

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Ela então, vestiu a menina com um saco de dormir – que além de mantê-la quentinha, também teria a função de dificultar eventuais mobilizações noturnas -, fez festa, comemorou as novas instalações e foi pra sua cama com o peito cheio de leite esperança.

Até que, pra sua completa estupefação e assombro, às 2 da manhã lhe aparece a pequena meliante, que conseguiu driblar a segurança, saltar os muros do dormitório mesmo usando aquele saco de dormir e andar sozinha por corredores escuros até encontrar as instalações lácteas.

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Nisso, a verdade caiu como uma bomba na cabeça da fornecedora: a fábrica teria que mudar de endereço.

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Jogando no lixo toda sua dignidade, a fornecedora passou a escapulir sorrateiramente toda vez que a fugitiva vinha procurar refúgio à noite.

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Enquanto isso, o encarregado de plantão ficou responsável por conter os protestos da piqueteira.

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Foram várias noites de consolo e colo, até que num belo dia a menininha aceitou sua nova condição. Mas como crianças são criaturas de hábito, ela continuou escapando de seu dormitório toda noite. A dona da fábrica não viu portanto, outra alternativa senão permanecer no seu novo endereço.

E todo mundo passou a dormir muito bem.

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Até o encarregado do turno da noite ter que viajar. Damn it.

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Agora, a menininha que ainda acordava uma vez toda noite, teve que ser novamente atendida pela dona do Laticínio – o que despertou sua voracidade com uma força avassaladora.

Tentando manter a nova rotina da menina, a dona da fábrica resolveu mudar suas instalações pro lado do seu dormitório. Lá, ela conseguiu oferecer à garotinha a segurança que ela precisava e ao mesmo tempo mostrar pra ela que agora cada um tinha SEU PRÓPRIO espaço e que isso precisava ser respeitado.

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A menininha entendeu (!) e pela primeira vez em 18 meses, dormiu uma noite INTEIRINHA.

Após alguns dias dormindo ao seu lado, a dona da fábrica percebeu que podia voltar pra seu antigo endereço, onde voltou a dormir sozinha com o encarregado de plantão. (Uh lá lá!)

Enquanto isso, a menininha continuou dormindo bem. Bom, até seu primeiro grande resfriado. E depois o segundo.

Mas isso faz parte.

O importante é que ela realmente aprendeu a dormir e que a dona do Laticínio deixou de ser zumbi! 😀


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Hoje ele faz 5 anos. Me abraça?

Tudo começou no dia 18 de Outubro de 2008, quando me tornei mãe.

MÃE.

Nossa, me dá até um saracotico na espinha de lembrar.

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Mãe de um menininho de bochechas rosadas que de início era muito chorão, mas que depois se revelou a criança mais risonha, divertida e companheira que eu poderia sonhar em ter ao meu lado.

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De um menininho que nasceu de um parto difícil, que deu muito trabalho pra dormir, pra comer e desfraldar, mas que hoje me faz entender que tudo isso foi necessário pro meu amadurecimento como mãe DELE; que ao invés de tentar mudá-lo, eu tinha que mudar a mim mesma.

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De um menininho que sempre foi muito esperto e inteligente, mas que aos 2 anos de idade teve o terrível azar de ser filmado num dos grandes deslizes de sua tenra infância: o dia que ele caiu igual um patinho no famoso Método de Psicologia Inversa (MPI), método este, aplicado com brilhantismo por sua sagaz progenitora (apesar da filmagem em vertical comprovar o contrário… mas vá, dá um desconto, aqueles eram outros tempos)

no hotel, fascinado por rodas

Um menininho que sempre foi completamente fascinado por carros e máquinas, mas que nem por isso, deixa de ter um lado sensível e imaginativo, que aos 3 anos de idade conseguiu explicar como surgiram as estrelas-do-mar.

Eu sou a feliz mamãe de um menininho que me emociona todos os dias com suas questões sobre a vida, a morte e suas observações sobre as pessoas. Um menininho que nunca deixa de me cobrar pra eu agir de forma coerente com o que eu ensino pra ele, que fica bravo toda vez que quero apertar a Lily e que me comove com seu jeito simples de ver as coisas.

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Desse menininho inocente, carinhoso e perceptivo, com o qual tenho diálogos tão incríveis todos os dias que custo a acreditar na minha sorte como mãe dele.

Eu: Nicolas, o que você quer ser quando crescer?
Nic: Lenhador!
Eu: Por que?
Nic: Porque eu quero construir casas de madeira e matar o lobo mau!
Eu: Nossa, que corajoso!
Nic: Tudo bem, mamãe, porque quando eu ‘ser’ lenhador ja vou ser grande e forte!
Eu: Ah é? E quantos anos você vai ter?
Nic: 100!!!

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Eu sou a orgulhosa mãe desse menininho que hoje faz 5 anos! E espero de todo o meu coração que ele cresça feliz, saudável e realize todos os seus sonhos, mesmo que seja o de viver até 100 anos pra começar sua vida de lenhador. 🙂

Feliz aniversário, meu menininho Nicolas! Que você nunca perca essa sua leveza, seu sorriso lindo e a simplicidade no seu coração.  Mamãe te ama e te admira desde sempre!

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Ah! E tem mais:

A linda história contada pela professora do Nicolas e que me fez debulhar em lágrimas e traumatizar pra sempre 15 criancinhas inocentes

A ilustração de comemoração dos 5 anos com seus melhores amiguinhos


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Vi monstro, escrevi livro, virei travesseiro, mas queria mesmo era ser o Mussum

Eu tinha 5 anos quando vi meu primeiro monstro, o Nic tinha pouco mais de 4 quando começou suas primeiras perguntas transcendentais e a Lily tinha 14 meses quando resolveu me fazer de travesseiro.

Tudo no mesmo nível de importância. Aparentemente.

Ver monstro pra mim era coisa trivial, todo dia eu via um. O Monstro de Bolinha foi o primeiro, com uns 4 metros de altura ou mais, todo feito de bolinhas brancas empilhadas – até simpático, ele. Me apareceu em plena luz do dia, no quintal da minha casa. Olhei pra ele e saí correndo, que não sou boba, mas meu medo mesmo era daquelas bolinha tudo desmoronarem no chão e me derrubarem feito boliche. Ou quase, já que seriam várias bolinhas pra um pino só. No caso, eu.

Isso sim, teria sido loucura.

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Estaria meu irmão vendo o Monstro de Bolinha?

Depois dele, virou festa. Passei a ver extra-terrestres, monstros peludos no telhado, passarinho voando com uma asa só (tenho quase certeza), monstro pernicioso que atravessava a porta de vidro da nossa casa mesmo com ela fechada (e minha mãe insistia que era sombra da árvore. Aham, sei.), e cheguei até a ouvir barulho de estrela piscando. Coisas desse naipe se tornaram tão comuns na minha infância, que me pareceu normal criar pra mim mesma um passado alienigena e até escrever um livro de terror aos 13 anos de idade. Believe me.
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Uma história sinistra, sobre um baú secreto escondido num porão obscuro. Onde estará?

Acho que por causa desse meu background tenebroso, cresci destemida e corajosa, sabe? Nunca nada me assustou nessa vida. Exceto baratas. E marimbondos. E lugares altos. E pessoas que adoram contar como gostam de lugares alto. E galinhas da Angola (vem me dizer que não são assustadoras!). Ah claro! E o bonitão da bala Chita.

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Como não?

Hoje em dia, eu adoro filmes de terror e suspense, mas confesso que nada me dá mais frio na barriga, que as perguntas que meu filho anda me fazendo. Não existe hora certa pra perguntas difíceis, né? Não importa o quanto a gente já pensou e ensaiou as respostas, elas sempre nos pegam desprevenidos. Ultimamente, ele tem escolhido justo quando estou fazendo comida e jogando Candy Crush simultaneamente (pra não dizerem que perco tempo com joguinhos).

Ele começa assim “Mamãe…” com uma vozinha super doce e fofa como quem vai dizer “você é a melhor mãe do mundo”, mas ao invés, completa com um”por que que a gente morre?” ou “como os bebês são feitos?“.

Isso sim, é de estremecer qualquer estrutura.

Me dá um Monstro de Bolinha sentado no murinho da cobertura de um prédio de 200 andares comendo um saco de bala Chita, mas não me pergunta porque que a gente morre, que isso me mata.

* * *

Pra completar, noite dessas, dormi toda enrolada feito uma lagarta pronta pra virar borboleta. Em certo ponto da noite, quando já estava quase amanhecendo, comecei a sentir um determinado incômodo, um desconforto. Eu ainda estava semi-dormindo, mas sentia que algo me atrapalhava, me imobilizava. Eu tentava me virar e não conseguia. Mexer a cabeça, não dava. Freddy Krueger, é você? – sonhei. Acordo com o clique de uma câmera fotográfica, um hi-hi safado bem baixinho, até que vejo a mão do Rafa se estendendo na frente do meu rosto me mostrando a cena da qual eu fazia parte.

Essa.

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Um travesseiro sobre o outro

Nesse momento, me dou conta no que eu havia me transformado: um mero travesseiro. Pra minha filha. Que nunca havia dormido. Tão. Bem.

* * *

A mesma filha, que aos 16 meses já fala VÁRIAS palavras. Tipo, umas cinco. E que ao invés de “Nei”, como ela costumava chamar o irmão Nicolas, agora chama ele sabe de que?

Eu: De-dé! A Lily agora chama o Nicolas de Dedé, acredita? Assim que nascem os apelidos bizarros nada a ver.

Rafa: Pois é, o meu era “Coté”, por causa da minha irmã Fernanda.

Longa pausa pra me recuperar de tanto rir.

Eu: COTÉ? CO-TÉ? Tem certeza?

Rafa: Eu já tinha te contado isso, sua boba.

Eu: Eu sei, mas é sempre bom tirar sarro da sua cara! Coté é pior que Dedé, cá pra nós! O Dedé era sem graça, mas pelo menos era um dos Trapalhões. Você teria tido mais sorte se ela tivesse te chamado de Tião Macalé. Melhor que Coté, né não?

Rafa: Ha-ha.

Eu: E sabe como a Lily tá se chamando? Didi! Quer ver? Lilinhaaaaa! Fala “Lily”!

Lily: Didi!

Eu: Viu? O que deixa o Mussum pra mim e o Zacarias pra você!

Rafa: Por que o Zacarias pra mim? É você quem se amarra numa peruca!

Eu: Putz, falou tudo… E agora? Tava tão empolgada que eu fosse poder ficar falando “forevis” e “cacildis” o dia todo!

Rafa: Que pena.

Eu: E coraçãozis.

Rafa: É né?

Eu: E Nicolilandis por aízis.

Rafa: (…)

Eu: E Lucianis, e Lilis, e Nicolis.

Rafa: Você não vai parar, vai?

Eu: E Rafis…?

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Juro. Ainda preferia ser o Mussunzis


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O ginecologista, o primeiro, o segundo e… o terceiro rebento

lily

Eu adoro morar em cidade pequena. Gosto de lugar onde os vizinhos se conhecem e se cumprimentam, levam cookies caseiros um pros outros e até deixam flores na porta da gente num dia de primavera (tem que ser muito fofo pra fazer isso, não?). Gosto da segurança, da tranqüilidade e do ar puro – um privilégio pra quem tem crianças, penso eu.

nic

No entanto, se me perguntarem qual a grande desvantagem de se morar num ovinho com 17 mil habitantes no Canadá, digo sem titubear: o risco iminente e repentino de dar de cara com… um urso? um cougar?

Não gente, meu ginecologista.

Seja no Starbucks, na fila do banco, no correio, no supermercado, ou o que é ainda pior: na festinha de um amiguinho em comum. Já imaginou?

Porque pense comigo: uma coisa é ter um papanicolador que você só encontra no contexto clínico-gineco-hospitalar, faz sua consulta, tchau, até a próxima. Mas outra completamente diferente, é essa mesma pessoa, que se ocupa da saúde de sua periquita e certos aspectos da sua vida sexual, estar inserida no mesmo contexto social, pessoal, festeiro, playgroundeiro, político, econômico e comunitário que você, concorda?

Então, imagina minha cara, quando uma semana após uma consulta onde discutimos métodos contraceptivos e meus motivos pra gostar mais desse ou daquele, trombo com minha querida ginecologista perto da piscina de bolinhas na festinha do little John.

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Tá, talvez eu esteja exagerando um pouco na cara. E como não sou dada a exageros (adoro manter tudo bem preciso e real), acho que a cara abaixo está mais condizente.

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Pois bem. Fato é que eu quase caí dura e empalhada. Mas como assim, ela conhece o Joãozinho? Então ela também tem filhos, tem vida social? Por que tanta maquiagem, meodeus? Como lidar com o fato dela saber tantas coisas de minha pessoa e eu nada sobre ela? Sobre o que vamos conversar? Posso devolver as perguntas que ela já me fez? É de bom tom chamar meu marido e apresentá-los? Tudo bem se eu me virar e sair correndo?

Mas então, ela me olha, me cumprimenta, esboça um sorriso amarelo, abaixa os olhos, o Rafa chega, ela vira o rosto, finge escutar a filha chamando e sai gritando “I’m coming, sweetheart!“. A partir daí, cuidadosamente conseguimos evitar uma a outra – até o fim da festa. Amém.

Constrangimentos que ninguém pensa em passar antes de se mudar pra uma cidade pequena, né? Pois agora, aprendi minha lição, e desde então, tenho tomado duplo cuidado com encontros inusitados. Seja com ursos, cougars ou ginecologistas.

Agora, esse papo todo me fez lembrar de um assunto relacionado. Quer saber? Comecei a planejar o terceiro filho!

Tá, mentira. Mas outro dia, como se eu não tivesse mais nada pra fazer, resolvi consultar o fazedor de bebês cibernético por curiosidade. Ele usou uma foto minha e do meu marido, juntou genes algaritimicos, fez interpolações avançadas, mesclou fuça de um com nariz do outro e… tcharam!!! Descobri que se for menino, ele tem GRANDES chances de ser assim:

Screen Shot 2013-04-26 at 5.37.58 PM

E se for menina, assim:

Screen Shot 2013-04-11 at 1.01.51 PM

Achei bonitinhos (apesar da boquinha que de tão pequenininha é até menor que o olho), mas nhá… decidi que vou querer mesmo um gatinho, sabe? O Nic, que me pede um ser peludo há 2 anos, vai me agradecer. Marido vai querer me trucidar, mas fazer o que? Acho que tô precisando me ocupar com algo mais, sabe?

Portanto, desculpe você que chegou aqui afoita* porque achou que eu estava grávida. Foi mal!

Mas cá pra nós. Só se eu estivesse completamente insana pra encomendar um terceiro! Vem comigo e observe:

Após 3 anos de Canadá, nos rendemos e arranjamos uma ajuda pra limpar a casa a cada duas semanas. No entanto, após 5 meses de trabalho, não mais que de repente, a moça nos deu o cano e terminou nossa relação trabalhística. Por celular. Mensagem de texto. Essa agora é a tendência, pessoas? As relações chegaram mesmo a esse ponto?

Pra completar, meu primogênito decidiu que de agora em diante eu TENHO que ver absolutamente TUDO o que ele faz, mesmo que seja algo completamente inútil. Da última vez (30 minutos atrás), queria que eu o observasse realizando a incrível façanha de pular sobre um carrinho de ( ) 1 metro, ( ) 30 cm, (x) 1 cm de altura. Isso mesmo. Inicialmente, ele pulava normalmente (aqui, mamãe!), depois colocando uma mão na cabeça (olha, mamãe, olha!), depois pulava com um pé só, de lado, de frente, de costas – de novo, de novo e de novo. Quando eu já não aguentava mais me virar pra ver a mesma cena tantas vezes, lhe disse pacientemente “já vi, querido, achei fascinante, mas agora estou ocupada, tá bom?”, no que a pessoinha diz “não viu não, mamãe! Você não me viu pulando o carrinho com a mão na testa. Olha, mamãe, olha!”. Isso o dia todo, todo dia.

Já quando esta mesma criança não está me chamando, ela está caindo em cima da irmã de propósito. Ou a empurrando, ou pondo o pé na frente quando ela está passando, ou roubando o copo de água da mão dela, ou a fruta, ou o brinquedo. Tudo coisa legal e bacaninha. Claro, também rolam os abraços, os beijos, e momentos em que brincam junto bem bonitinho mesmo, mas, invariavelmente também acabam em choro.

“Ah, mas menino é assim mesmo. Felizmente, a caçula ainda tá muito pequeninha pra aprontar, né Lu?” Você, ingenuamente me pergunta. Pois espero que somente as cenas seguintes lhe sirvam de resposta, meu caro leitor:

lily1
(Março de 2013)
album
(álbum do Nic mostrando umas das poucas vezes que ele “aprontou”, rasgado em Março de 2013)
lily2(minha gaveta de roupas sendo organizada e migrada pro outro lado da casa, Abril de 2013)
lily4
(ataque à caixa de tintas do Nic, hoje, poucas horas atrás)

Tá bom, ou quer mais? Ah sim, também tem o caso do chocolate, claro! E se quiser um video, então fica com esse aqui, bem rapidinho pra fechar com chave de ouro. Favor não reparar que ele foi gravado na vertical, na falta de edição e na bagunça do quarto. Só não deixe de reparar na altura da cama. Sem mais.

(Lily, 14 meses, pouco antes de tomar banho)
Aceito abraços solidários. Obrigada. 🙂

* desculpe, não quis desprezar meus leitores homens, mas é que não consigo imaginar nenhum chegando aqui ‘afoito’ com a possibilidade de mais um bebê, não? To errada?


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O primeiro aniversário da Lily

O dia em que ela completou a viagem de 365 dias ao redor do sol amanheceu perfeito! Céu azul, sol incrivelmente brilhante – mas sem ser muito quente, brisa incrivelmente fresca – mas sem ser muito fria, e um singelo coro de passarinhos na janela.

Mentira. Tava tudo neblinado, chuvoso, um frio de lascar e um bando de corvo barulhento fazendo algazarra perto da nossa janela.

Tá, você me pegou. Não tinha corvo nenhum. Mas o resto, eu juro de pés juntos que foi verdade!

Lilinha

E foi nesse dia frio que todo mundo acordou com a cara amarrotada, cansada, desenxabida, assim como é comum naqueles que não dormem direito. Mas se existe algo bonito nessa vida capaz de espantar qualquer mal-humor e desenxabimento pós noites atribuladas, é poder acordar, e mesmo que com o rabicho do olho, ver a carinha de uma criança que tenha a habilidade de sorrir não somente com a boca, mas também com os olhos.

E isso não tem preço.

Com um sorriso desses, tudo ficou mais bonito e até o dia lá fora ficou parecendo menos cinza. Um cinza com toque de lilás, eu diria.

IMG_1774

E da mesma forma como haviam sido nos últimos 37 dias de sua existência, naquela manhã também acordamos perguntando:

– Quantos aninhos você está fazendo, Lilinha?

E exatamente como nos últimos 37 dias de sua existência, ela prontamente mostrou o dedinho indicador fazendo o número “UM”.

Fofa.

Então decidimos que passaríamos um dia todinho fazendo só coisas que ela gostasse, posto que o dia era dela e isso seria uma coisa normal de se fazer.

Começamos perguntando se seria de seu agrado almoçar fora e com impressionante veemência ela balançou a cabeça que sim. Jamais saberemos se nossa florzinha realmente entendeu a pergunta, mas o que importa é que a resposta foi muitíssimo apreciada, uma vez que ninguém queria mesmo cozinhar. Coincidentemente, o restaurante favorito dela era também o nosso, e com isso não poderíamos ter ficado mais felizes.

restaurante

Chegando lá, teve de tudo um pouco: brincadeiras com carrinho, com boneca, contação de histórias de todo tipo, muitos sorrisos, nenhum choro e finalmente, a comida! Claro que ninguém quis saber de fotografar essa parte, já que cada qual tinha coisa muito melhor pra fazer.

Justo na frente do restaurante preferido, se encontrava também – ó surpresa! – um de seus parquinhos preferidos. Sim, porque todo parquinho que tenha pelo menos um escorregador, um par de balanços, pessoas com boa vontade pra te empurrar, vista pro mar e uma mamãe pra te dar mamá, não pode de jeito nenhum ser um lugar menos que ótimo.

parque copy
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E tanto brincaram que na volta pra casa não teve um que não tenha dormido. Mentira, o papai teve que dirigir. Mas o resto, garanto: todos capotados. Tá, mentira, eu vim mexendo no Instagram, mas as crianças, essas sim, todas roncando. Tá, admito, só a Lily dormiu. Okay, okay, ninguém dormiu na verdade. (Satisfeito?) 🙂

Mas enfim…

Uma vez em casa, o momento mais esperado do dia: hora de cantar os parabéns, comer o bolo que a mamãe fez com muito carinho no dia anterior e finalmente tirar a clássica foto da aniversariante fazendo o “UM” com o dedinho. Após 37 dias de prática intensiva e bem sucedida, nada podia dar errado.

bolo

Começamos tentando a foto dela na frente do bolo. Nada (!). Com a mamãe. Nada (!!). Com o papai. Nada (!!!). Com o irmãozinho. Nada (!!!!). Perplexos, concluímos o que tentávamos negar pra nós mesmos: nossa florzinha só podia estar sofrendo da famosa e temível Síndrome do Aparatus Fotográficus. Desconsolados, desligamos as câmeras e com presteza Liloca fez o “UM”. Fez pose sorrindo, com carinha de bichinho, biquinho – todo tipo de fofura imaginável.

Mas como sabemos, mães são criaturas obstinadas e que não descansam nunca (nunca mesmo!) e num momento de brilhantismo, esta mesma mamãe que vos escreve conseguiu driblar a tal Síndrome boboca, e fingiu – percebam só – que usava o celular NÃO pra tirar foto, mas pra conversar com a Cuca: “ô Cuca, que pena que não deu, menina! Mas no ano que vem você vem…” e CLIQUE!

um

Tirou uma foto bem meia boca, mas tirou! Inclusive com Liloca falando UM e tudo. 🙂

10 Síndrome x 1 Mamãe

* * *

E quando a noite não podia ficar mais emocionante, a aniversariante foi pro chão e ó, ó, ó! Deu 5 passinhos! Depois levantou toda afoita e deu mais 3. E depois mais 3. Infelizmente isso ninguém conseguiu registrar.

Desde esse dia, tem hora que ela anda, tem hora que ela fala “UM”, tem hora que mostra o “UM”. Tem hora que fala o nome, que faz pick-a-boo ou não quer fazer nada. Não importa – cada uma dessas são habilidades que ela vai dominar com o tempo.

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O que importa, é que a nossa Liloca já domina uma das habilidades mais doces do mundo – a de sorrir com os olhos.

E isso, meus amigos, não tem preço.


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Lily e a incrível viagem de 365 dias ao redor do sol


Então que Lily fez um ano.

Incrível pensar que um toquinho de gente desse, nem tão maior que um pinguim da Antártica, tenha sido capaz de completar com MAESTRIA sua primeira volta em torno do sol! Clap, clap, clap! E depois dizem que mãe é exagerada e vê genialidade em filho por qualquer coisa. Vê se um bebê que consegue performar uma translação elíptica dessas só não pode ser um GÊNIO, gente?

E como se uma conquista de tal nível astronômico não bastasse, a cria vai chegando nessas idades redondas e o cérebro da gente já se aciona esperando MAIS surpresinhas, né? Pobres crianças. Sim, porque mesmo sabendo que criança não é ciência exata (apesar da trajetória elíptica e tal), bem no fundo você sabe que a hora dela andar se aproxima, a hora dela começar a falar aquele tanto de palavrinhas erradas, emboladas e fofinhas também, e até quiçá (é, daí você se arrisca um pouquinho mais), a hora dela passar a dormir a noite toda. Em outras palavras, ela tá pra fazer um ano e seu coração se enche de esperança.

Dia desses, eu estava trocando umas ideias com meu filho Nicolas (4 anos), e depois de uma acalorada discussão sobre meios de transporte alternativos (na qual concluímos que submarinos não passam de helicópteros sem hélice que sabem nadar), ele me vira e pergunta:

– Mamãe, mas o que vai acontecer quando a Lily fizer um ano?

– Ah, a gente vai fazer um bolinho gostosinho e comer tudo!
+

Ele sorri um sorriso tipo “legal, mas não é bem isso que eu queria saber” e continua:
+

– Mas ela vai ser uma criança adulta?

– Não, ela vai ser uma menininha mais crescidinha.

– E vai saber andar e falar?

– Se tudo correr bem, não só andar e falar, Nic, mas também dormir. Dormir a noite todinha, já imaginou?

Eu disse. Esperança.

* * *

Assim, que poucas semanas antes da Lily concluir sua jornada solar, algumas mudanças realmente foram se materializando aqui e ali. Nasceram 6 dentinhos na boca, ela voltou a comer bem (eeehh!) e aprendeu a falar “dá” quando queria alguma coisa. Até que veio a mudança que mudaria radicalmente nossos dias… e noites: ela esqueceu completamente como é que se dorme.

Bacaninha, né? Então. Lily foi acometida pelo que a comunidade médica internacional chama de ANAP – Aminesius Narcolepticus del Anno Primo. Síndrome catalogada e tudo.

Não que ela já dormisse super ultra bem, não, afinal, em 1 ano de vida ela nunca dormiu sequer uma noite completa. Mas ó, ela já estava acordando somente uma vez pra mamar e voltava a dormir imediatamente. Quer melhor que isso? Tava perfeito. De dia também: uma soneca de 40 minutos pela manhã, outra de duas a três horas pela tarde (!!) – e todas no berço (!!!). Te-ju-ro. Nada que me lembrava nem remotamente a época do lenga-lenga bizarro.

Eu nem mesmo cheguei a comentar sobre esse avanço aqui no blog, por pura superstição simples sabedoria. Porque já reparou? Se a cria desfralda e a gente vem toda-toda contar no blog, grandes chances que ela virá a desdesfraldar logo mais. Se de repente o filho abre a boca a comer de tudo e você abre a boca a contar tudo, não dou 24 horas pra que ele volte ao antigo modus seletivus de só aceitar arroz com ovo pelo próximo mês. Porque é assim que funciona, amigos. Blogou, degringolou. É a chamada Pragus di Blogus, já ouviu falar? Teoria super famosa e embasada.

Por isso não quis arriscar e ficar tirando onda que Liloca tava dormindo igual foca no sol, ne? Vocês hão de me entender. Só pena que não adiantou nada e ela desaprendeu a dormir do mesmo jeito. Foi só a gente voltar do Mexico que Lily ficou ligadona. Arriba, arriba! Hoje em dia, suas sonecas não passam de meia hora e por vezes ela só dorme 10 minutos! Tô de brincadeira não! O que que uma mãe faz em dez minutos, gente?

Já à noite, Liloca instituiu o Happy Hour, que costuma ir mais ou menos de 2 às 4 ou 5 da manhã. Ela acorda, começa a conversar e rir sozinha (lance pirado mesmo), depois, parece que vai ficando entediada e começa a querer puxar papo, puxar meu cabelo, beliscar meu nariz e escalar minhas costas. Se eu passo ela pro berço é choro na certa. Não adianta dar peito, cantar, massagem, nada. Tem que esperar o tempo dela de fechar o boteco.

Com isso, tô tão sem dormir, que um dia eu passeava pelas ruas procurando uma loja pra comprar bombas de chocolate um mercado pra comprar quinoa, quando me deparo com um cartaz desse tamanho na frente do Scotiabank, mostrando uma menininha que era A CARA da Lily. Espia só. Creepy, huh?

lily_sosia

Fiquei dura, paralisada, estupefata. Por causa da semelhança? Também, mas a verdade é que na hora, eu nem sequer tive a destreza de notar que não era a minha filha, e tudo o que eu conseguia pensar era QUEM finalmente tinha conseguido fazer a Lily dormir daquele jeito e ainda por cima escorada num braço de sofá daqueles!

Sim, amigos, vocês acertaram – eu estava sofrendo alucinações terribilíssimas causadas pela famosa síndrome do Sonus Deprivatus Maternus. Muito comum, infelizmente.

Quando dei por mim, eu já estava babando, me arrastando e olhando com um olhar semi-cerrado pra um banco da rua na minha frente. Sabe quando você liga o automático “filho dormiu aproveita pra dormir também”? Pois é. O que me salvou de uma cena lamentável foi um dedinho gordinho saindo do carregador de bebês das minhas costas, seguido de uma vozinha toda feliz: ií-iy. Falava a voz. Praticamente uma palavra com 4 “i”s, assim como iô-iô, mas com “i” no lugar do “ô”, sabe?

Era a Lily falando o nome dela, balançando de alegria e olhando pra menininha-sósia do cartaz do banco.

Recobrei minha consciência, comprei um café ultra forte, uma caixa de bombas de chocolate e um pacote de quinoa, e voltei pra casa pra fazer o bolo de aniversario da minha querida viajante cósmica. No dia seguinte ela completaria sua primeira trajetória elipsoidal e eu não poderia estar mais emocionada. Entrei no carro e fui pensando que “e daí se a bebê não dorme quando ela sabe falar o próprio nome?”.

Amo essa minha menininha esperta!

PS: aguarde que no próximo post tem mais!


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Senta que lá vem o teste!

Conto ou não conto? Conto ou não conto? Tá, já que você insistiu muito, vou contar. Seguinte. Eu, Luciana Taturana Cara de Banana, vou passar uma semana inteirinha em Nova Iorque, completamente sozinha, sem filho, sem marido, somente eu, minha pessoa, minha câmera, meu bloco de desenho, um álbum de fotos da cria e os tickets pra todos os shows que eu puder ver. Eeeeeeehhhh! Não é incrível? Nao é incrível?

Claro. Só não vai ser hoje, nem mês que vem e provavelmente nem mesmo esse ano, mas anotem aí: vai ser só Liloca desmamar que tô comprando as passagens! Quer vir comigo?

Esse foi o acordo que fiz com meu marido – pessoa que por sinal já nem me lembro mais da fisionomia começou o ano com uma viagem de 3 semanas. Três-se-ma-nas, gente. Vinte um dias sem trégua. Fácil não.

Pois bem. Mas aproveitando que essa é a primeira semana e portanto ainda estou no estágio incipiente de minha longa jornada a caminho da completa insanidade, bora contar logo a que vim. Tá sentado? Então escuta essa: a Lily faz UM ANO daqui du-as-se-ma-nas. Um ano, gente! 365 dias que esse neném me fez chorar e gargalhar ao mesmo tempo – e adivinha – até hoje consegue isso. 🙂

E pra comemorar, preparei carinhosamente uma surpresa! Um bolo? Uma super festa? Uma viagem em família? Um sorteio no blog? NÃO, gente, melhor! Muito melhor! Eu preparei um teste de conhecimentos gerais sobre ela! Eehhhhhh! Quer coisa mais descolada que isso? Eu sei, eu sei… Não precisa agradecer!

E ó, quem acertar tudo, vai receber um presentinho na sua casa, que eu vou definir de acordo com quem ganhar. Tô brincando não!! Pode ser algum chocolate, um mimo pra sua criança ou até o mais desejado: uma revista minha autografada, hein? Hein? hahahaha (pausa) hahahaha (pausa) hahahaha (tá, admito talvez eu já esteja no estágio avançado da loucura).

Mas então vamos lá?

Pra participar, leia cuidadosamente as instruções abaixo.

1. Qualquer um pode fazer a prova, mas só vale uma folha de resposta por candidato.
2. Não se apresse. Leia cada questão com atenção antes de dar sua resposta.
3. Desencane se seu filho está aí do seu lado prestes a acessar uma de suas gavetas de trabalho. Relaxa, deixa ele ser feliz e concentre-se na prova!
4. Fique à vontade pra consultar este blog, o Livro das Fuças e as revistas de celebridade, mas ó: nada de olhar as respostas do coleguinha, hein? Coisa feia.
5. Se não sabe, chuta! Com esse tanto de blog materno pra acompanhar, quem nesse mundo vai saber tanto detalhe de uma só criança, pelamordedeus?
6. Se precisar de mim, jamais me chame de Profe, Fessora ou faça rimas com meu nome. Eu sou uma pessoa séria e exijo respeito!
7. Proibido ir ao banheiro no meio do teste. Exceções somente pras grávidas no último trimestre.
8. Liberado qualquer bebida com cafeína, assim como colocar foto do filho sobre a mesa pra baixar a inspiração, mas por favor, evite as conversas paralelas!
9. O gabarito e a lista dos aprovados sai na próxima segunda-feira, dia 21 de Janeiro.

Respire fundo, silêncio e BOA SORTE! Ah! E joga esse chiclete fora!

TESTE DE CONHECIMENTOS GERAIS SOBRE LILOCA

Questão 1: Marque a alternativa VERDADEIRA:
a. O nome da aniversariante é Liliane. Lily é só um apelido.
b. Lily nunca chupou chupeta.
c. Aos 10 meses ela já tinha 6 dentes na boca.
d. Por ser muito esfomeada, toma mamadeira com leite artificial além de mamar no peito várias vezes ao dia

Questão 2: Como foi o nascimento dela?
a. Cesárea Eletiva e bem resolvida
b. Cesárea de Emergência ainda não superada
c. Lindo Parto Normal redentor, com anestesia
d. Maravilhoso Parto Natural domiciliar ao som de Enya

Questão 3: Lily nasceu no ano do
a. Leão – isso explica a quantidade de cabelo que ela tem
b. Carneiro – isso explica sua personalidade serena e tranquila
c. Galo – isso explica porque ela gosta de acordar tão cedo
d. Dragão – isso explica o gênio forte, o choro alto, os beliscões na hora de mamar e a braveza a qualquer hora do dia por qualquer coisa

Questão 4: Onde nasceu e qual a nacionalidade de Liloca?
a. Nasceu na Australia e tem passaporte australiano
b. Nasceu no Canadá e tem passaporte canadense
c. Nasceu no Canadá, mas é considerada brasileira por questões burocráticas do visto
d. Nasceu no Brasil, porque Deus me livre ter filho longe da minha família

Questão 5: Até os 10 meses as sonecas da Lily foram:
a. Tranquilésimas e em qualquer lugar
b. Chorava horrores só de ver o sling e só aceitava dormir se fosse no berço com sua mantinha preferida.
c. Tensas, qualquer barulhinho a acordava. Dormia somente no sling com a mãe pulando sentada numa bola de pilates.
d. Só no carrinho, fizesse chuva, sol ou neve. Capotava após exatas 2 voltas e meia no quarteirão.

Questão 6: Lily dorme a noite toda?
a. Nunca dormiu. Desde que nasceu ela acorda toda santa noite no mínimo uma vez. Um horror.
b. Sim, dorme a noite toda desde que começou a comer sólidos, aos 6 meses de idade
c. Graças à Deus, nunca deu trabalho pra dormir e dorme de 8 às 7 desde o segundo mês de vida.
d. Dorme noite sim, duas não, noite sim, três não, noite sim, quatro não. Daí começa tudo de novo.

Questão 7: Marque a alternativa FALSA sobre as viagens de Lily:
a. Sua primeira vez na praia foi no México e chorou muito ao colocar os pezinhos na água do mar.
b. Dormiu tanto no voo pro Colorado que sua mãe até conseguiu escrever post no avião
c. Se apaixonou por suco de maracujá na viagem ao Brasil e passou a dormir até melhor
d. Sua primeira viagem de avião foi pras Rochosas Canadenses na companhia de uma das avós

Questão 8: Marque a alternativa FALSA:
a. Lily nasceu com cabelo preto mas está ficando loira
b. Lily não tem as orelhas furadas
c. A única pessoa além dela que tem olhos azuis na família foi seu bisavô
d. Chora muito e odeia escovar os poucos dentes que tem na boca

Questão 9: Qual a alternativa FALSA?
a. Sabe dar tchau, bater palmas, mandar beijo, faz vem cá com a mãozinha e falar mamã
b. Diante da pergunta “quantos anos a Lily vai fazer?” ela mostra o “1” com o dedinho e fala “U”
c. Faz “sim” e “não” com a cabeça toda vez que quer ou não alguma coisa
d. Aprendeu a engatinhar com 8 meses e já anda há duas semanas

Questão 10: A Lily come de tudo? Marque a alternativa VERDADEIRA:
a. Sempre comeu, essa menina é um verdadeiro prodígio gastronômico
b. Começou comendo que era uma beleza, mas hoje recusa tudo, que é uma tristeza
c. Nunca comeu, sempre cuspiu e até hoje só quer saber de leite
d. Passa o dia todo comendo chocolate e salgadinho com coca-cola. Não é bom, mas é melhor que nada.

NÃO ESQUEÇAM DE DEIXAR AS RESPOSTAS NOS COMENTÁRIOS! 🙂

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Teste inspirado nesse post da Cíntia.