O lado cômico da maternidade


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Quando viajar com crianças é só uma questão de perspectiva

“Viajare con crianzae pode ser bonno, malum o terriblae. Dependum de la perspectivae, et também se habemus mamam, se habemus papam et como agem los duo.”

Proverbium latinum.

Depois da última viagem às terras tupiniquins, jurei pra mim mesma que só voltaria após a invenção do teletransporte.

Bom, na falta dele, pensei que o mínimo que as companhias aéreas deveriam fazer era promover todo mundo viajando com filho pequeno direto à primeira classe.

– Seu nome, por favor.

– Luciana Azevedo.

– Passagens somente pra senhora, Sra. Azevedo?

– Não, também vou levar minha filha de 1 ano e meu filho de…

– Desculpa interromper, mas não precisa dizer mais nada. A senhora aceita uma taça de champanhe?

– O-o que está acontecendo? Peraí, isso é chuva de confetes?

– Sua família acaba de ser automaticamente promovida à primeira classe em todos os voos de ida e volta pelo preço da econômica! Parabéns!

– Me-mesmo?

– Sim! E por terem dois filhos pequenos, vocês ainda terão uma limosine à disposição pros traslados devidamente equipada com chofer, manicure, duas cadeirinhas pras crianças, cookies de semente de girassol e chia, tábua de frios e uma vasta seleção de vinhos franceses. Tudo sem custo adicional!

Gente! Custava???

Mas não. Sabem o que fazem do contrário?

Colocam uma mãe, um pai e uma criança de dois anos que nunca tinha dormido uma noite completa na vida, confinados no meio de uma estúpida fileira de 5 assentos no meio do avião. Imagina a situação. Duas pessoas e meia enclausuradas por 10 horas noturnas em três poltroninhas esmirradas (não no sentido de terem sido feitas de mirra… [porque lembra, né? Ouro, mirra e incenso?] … mas no sentido de serem apertadas mesmo – só pra esclarecer).

Pra piorar, ouvi dizer que a mãe em questão, coitada, ainda sofreu requerimentos intestinais a cada meia hora durante todo o voo.

Se fosse comigo, eu só não pedia pra morrer ali mesmo porque tenho superstição pra essas coisas.

* * *

Agora, pior que isso, é passar todo um perrengue desses, enquanto do seu lado tem um casal fofo, todo trabalhado no filminho, sonequinha e comidinha de avião, com um filho que dorme o voo todinho, sem dar um pio.

Aí não!

Passei exatamente por isso nas 28 horas de voo da Australia pro Brasil, quando o Nic estava com 5 meses e tinha refluxo. O avião era até bacana, equipado com bercinho e tudo, mas era como ter um banquete na nossa frente e não poder comer, sabe? Veja bem, pra começar, eu passei metade do tempo de voo em pé no corredor, dançando forró com o iPod coladinho no ouvido do Nic, pois essa era a única forma que ele dormia. Eu cansei de escutar os atendentes me implorando pra sentar e colocar o cinto, e até aprendi a ignorar a cara de interrogação dos gringos olhando pra mim. Tudo isso, pra colocar o Nic no berço e ele acordar – enquanto o vizinho não acordava nem pra dizer “nhém”.

Brutal.

Ou seja, enquanto eu saí do avião tonta de cansaço, zonza de inveja e enjoada de todo aquele Fala Mansa na minha cabeça, os pais dessa criança dorminhoca devem ter saído propagando que voar com bebê é mamão com mel, de tão doce.

Perspectivas diferentes.

Daí, que esse ano, só posso ter batido a cabeca em algum lugar, porque decidi ir de novo pro Brasil. E pior, com uma criança a mais.

Felizmente, quem tem marido que viaja muito, alem de aprender a escovar os dentes com o pé, ainda tem chances de conseguir promoção pra classe executiva com as milhas acumuladas.

Não precisamos de esmola não, viu suas airlines?

* * *

IMG_4015(as quiança tudo de pijama no aeroporto)

Entro no avião às 10:30 da noite.

À medida que me aproximo do meu assento, mal consigo conter uma lágrima furtiva de emoção. “Amor, me belisca (mas não com força) que eu só posso estar sonhando” – consigo balbuciar.

Ali, à minha frente, se encontrava a visão mais espetacular que uma mãe em espaço aéreo pode sonhar: poltronas individuais, confortáveis e com-ple-ta-men-te reclináveis. PERFEIÇÃO. O Éden sobre duas asas.

IMG_4020

Até que eu sento e me dou conta que o tal Éden era estreito demais pra mim e Lily.

Acredito que o resto do voo vocês mesmos podem adivinhar como foi. Só quem já tentou dormir com uma criança de sono leve encima de si próprio, e tentou com todas as suas forças ignorar aquela coceirinha persistente na beirada do umbigo, sabe que a situação fica insustentável depois de meia hora. Ou mesmo 1 minuto, dependendo da coceira.

Ali eu fiz de tudo, colegas. Tentei dormir sobre meu ombro pra caber a Lily do meu lado, troquei de lado, voltei com ela pra cima de mim, ela escorregava, eu a sustentava com o braço, o braço adormecia, eu virava de lado outra vez, ela acordava, eu dava peito, punha travesseiro, tirava travesseiro, chorava.

Oito horas se passaram e eu não preguei os olhos. Tanto tempo fazendo cama compartilhada, pra descobrir que não sei compartilhar poltrona.

Olho pro relógio, faltam 2 horas pra pousar. Tento abstrair, lembrar das minhas aulas de ioga e me transcender pra um nível superior de pensamento. Penso no quanto somos afortunados por termos conseguido o upgrade, que raras famílias têm essa oportunidade, e como era bom saber que o Nic e o Rafa estavam ali, confortavelmente instalados nas poltronas ao lado.

Peraí.

Rafa. Confortavelmente instalado. Hm.

É, nunca fui boa em ioga mesmo.

Pro inferno com esse negócio de elevar o espírito. Ao invés, elevo minha cabeça pra chamar o pilantra pra me ajudar. Mas sem chance, as cadeiras são altas demais e incomunicáveis. Nesse momento meus olhos passam pelo homem à minha frente: tranquilo, relaxado, sentado comodamente com suas pernas esticadas, encosto semi-reclinado, sorvendo sem pressa o seu café matinal, enquanto assiste à sua ampla seleção de lançamentos. Puto.

Nisso, aparece um outro ser na minha frente.

Figura sorridente, simpática e descansada. Passa a mão nos cabelos com graciosidade, faz cute-cute na bochecha da Lily e solta:

– E aí, amor, me fala se todo o tempo que você passa sozinha com as crianças enquanto eu viajo, não compensa nessas horas?

O fulmino com os olhos a ponto dele virar carvãozinho no chão. Entrego a Lily pra ele, olho pro relógio: não dá pra perder tempo, tenho 34 minutos.

Reclino totalmente minha cadeira, me deito e pela primeira vez em quase 10 horas sinto o prazer em viajar na classe executiva.


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os estereótipos, a cuca, uma mãe e o daddy’s boy

Nunca o céu esteve tão azul. O sol brilhava e inundava os campos pastoris com sua luz outonal. Ah, que tranquilidade era viver longe do burburinho citadino… Pelas colinas verdejantes, corriam livres, ela e o filho, mergulhados na mais plena felicidade. Não havia coração que não se enchesse de regozijo ao ouvir aquelas doces gargalhadas ecoando pelos ares em meio ao gentil sibilar de pintassilgos. Em júbilo, mãe e filho se deixam cair sobre a relva macia. Ela, linda, feminina, cabelos esvoaçantes e perfumados, sobrancelhas bem feitas, semblante sereno, dentes alvos e sorriso franco. Ele, tez rosada, olhos atentos, expressão curiosa, inteligente, mas sobretudo inocente, sorriso pueril. Certamente não teria mais que quatro anos de idade.

Com delicadeza, ele leva as mãozinhas pequeninas à bela face de sua progenitora, lhe ajeita uma teimosa madeixa e declara com ternura “eu te amo, minha mamãezinha linda”. Emocionada, ela sorri para o filho e lhe abraça. De repente, um sofrido choro de criança se irrompe no ar. Quem seria e o que tentava dizer? Ela se vira na direção do choro e identifica as palavras “eeeeeu queeero bolo de papaia”. Pobre criança… que gosto horrível por bolos, onde ela vai conseguir uma coisa dessas? – pensa ela sensibilizada. E se volta para seu amado filho. Mas pra sua surpresa, ele não era mais ele. No seu lugar estava a Cuca – em carne, osso e peruca loira. Ao notar esse último detalhe, ela, que nunca teve muito apreço por tal criatura, sente agora uma inexplicável simpatia por ela. Por que será?

Sem tempo para pensar, ela percebe que a Cuca estende um dos braços em sua direção e tenta lhe falar alguma coisa. Estava chorando, a pobre jacaroa – ou seja lá o que era aquilo – e vai chegando cada vez mais perto. Mais perto. Mais perto. Até, que com uma mão no seu ombro ela diz:

Eeeeu queeeero bolo de papaia!

____________________

Num sobresalto eu acordo. Abro os olhos e ainda tonta, vejo o Nicolas ao meu lado aos prantos e dizendo “Eeeeu queeeero colo do papai!

Ah, então era isso. Colo do papai.

Eu tento acalmá-lo. “Vem cá, me dá um abraço, eu estava sonhando com você, sabia?”.

– NÃO! – grita ele – Você não! Só quero o papai! Cadê o papai?

– Não precisa gritar. É que hoje ele não trabalha em casa, foi pro escritório.

– NÃÃÃÃÃÃO! Eu quero colo do papai!!!!

E assim começava mais um daqueles dias.

* * *

Lá nos idos da minha vida pré-pré-nicozóica, sempre que cogitei minimamente em ter um rebento, eu pensava que queria menino. Sabe aquela coisa que todo mundo diz que meninos são apaixonados pela mãe e meninas pelo pai? Então. Pois eu, no auge da minha fase narcisista, sonhava que SE algum dia tivesse filho, queria um que fosse apaixonado por mim. Fala sério, existe gente assim? – você pensa.

Tá. Pois eis que me casei, planejamos com carinho a gravidez, nos mudamos pra Australia e tivemos o Nic, olha só – um menino. Por varias semanas tentei amamentá-lo, mas ele só sabia chorar a cada tentativa. Chorava, arqueava o corpo pra trás e me empurrava. Hum, as coisas não tinham começado muito bem. Tadinho, será que ele estava sentindo dor na cabeça quando succionava, já que tinha nascido com ajuda do extrator a vácuo? Será que eu tenho muito leite? Pouco leite? Ou será que ele não gosta de mim, afinal, ele parava de chorar TODA vez que ia pro colo do pai? Varias questões pairavam na minha cabeça e incomodavam meu coração. Seis semanas depois, sem conseguir amamentar, descobrimos que o refluxo era o vilão de tudo. E como sentia dor ao mamar, talvez associasse isso à mim, dona da peitaria. Ou então sentia minha tristeza em não conseguir amamentar e claro, se sentia melhor nos braços do pai, mais tranquilo.

Então ele foi crescendo e aos poucos fui me dando conta que havia sim uma preferencia clara pelo pai. Derrubando todos os estereótipos, ia surgindo ali a olhos vistos, o daddy’s boy. A paixonite por ele era tão grande, que além de querer seu colo o tempo TODO, ainda desenvolveu o hábito, assim que começou a engatinhar, de ir até à porta por volta do pôr do sol pra esperá-lo chegar do serviço. Muito bonitinho, mas uma vez que o pai colocava os pés dentro de casa, não tinha pra mais ninguém. Me lembro que era até difícil pro Rafa tomar banho e jantar, pois o Nic não queria se desgrudar! Eu não reclamava, pois pra mim, que ficava o dia todo com ele, era minha chance de ter um tempinho pra mim. 🙂

No seu aniversário de um ano, ele me largou com todos os brinquedos na areia e enfrentou o mar gelado pra ir atrás do pai – chorando.

Da ultima vez que fomos ao Brasil, ele tinha 2 anos. O Rafa não pode ficar o tempo todo com a gente pois tinha que voltar a trabalhar. Nos dias que o Rafa estava, Nic só queria saber dele (que novidade!). E quando ele se foi, transferiu seu vínculo a mim ou no máximo a qualquer outra figura MASCULINA. Não teve tia, não teve vó, não teve mãe de santo que conseguisse pegá-lo sem que ele chorasse. Bom, a gente entendia que podia estar sendo coisa demais pra ele. Da nossa vidinha pacata de família pequena lá na Australia, pra uma temporada no Brasil cheio de gente diferente, falando alto, querendo pegar e beijar, podia ser mesmo confuso e assustador.


Então nos mudamos pro Canadá e o Rafa começou a viajar. Pra nossa GRANDE surpresa, o Nicolas NUNCA teve o MENOR problema em ficar longe do pai. Não perguntava por ele e parecia não sentir falta mesmo, ele estava sempre muito feliz. Mas era só o Rafa voltar que a situação se complicava. O Nic chorava muito por qualquer coisa e passou a querer não somente o colo do pai o tempo todo, mas também sua atenção e sua ajuda pra fazer completamente TUDO. Escovar os dentes, dar banho, vestir roupa, colocar pra dormir, brincar, ajudar a comer, colocar na cadeirinha do carro. Tu-do. Surgiu aí um grande empasse. Ao mesmo tempo que o Rafa queria fazer tudo com ele, pra tentar compensar a ausência, a gente sabia que esse não era o caminho. Não era saudável pro Nicolas ter somente a atenção e carinho do pai, nem legal pro Rafa que ficava sobrecarregado e nem pra mim, que ficava de fora de tudo.

Então, passamos a conversar muito, mostrar como os amiguinhos dividiam a atenção com a mamãe e o papai deles e começamos a simular todas aquelas situações com brincadeiras pra ele entender que o papai viajaria mas sempre voltaria, que nós três éramos uma família, que tudo bem querer a atenção do papai, mas que tinha que deixar a mamãe ajudar também, etc, etc, etc. Algumas vezes funcionava, outras não. Mais não que sim, na verdade.

Quando ele fez três anos, o Rafa continuou a viajar e as requisições do Nicolas foram ficando cada vez mais particulares e sem sentido, como por exemplo, o papai tinha que ser o primeiro a dar “bom dia” (!!), ou só o pai podia dirigir o carro (!!!), ou só o pai podia OLHAR pra ele (!!!!). Ou seja, a situação tinha chegado ao seu limite. Tudo bem querer fazer determinada atividade só com o pai, mas que diferença fazia quem pegava o copo de água, quem o ajudava a vestir a roupa e se EU estava olhando pra ele??? Então, toda vez que isso acontecia, explicávamos que a mamãe também podia fazer essas coisas, que eu adorava fazer tudo com ele e passamos a fazer combinados do tipo “mamãe faz isso agora, e o papai faz aquilo depois, que tal?”. Ou “se a mamãe dirigir agora, a gente passa pelo caminho que você gosta, se não, vamos pelo caminho de sempre mesmo”. E outras vezes, simplesmente fazíamos o que dava, independente do que ele queria. Não dava pra amparar qualquer desejo, mesmo sabendo que ele estava confuso.

O quarto dele, que eu pintei com tudo o que ele gosta.

Li muito sobre o assunto. Li aquele livro “Criando Meninos” que não me ajudou muita coisa. E algumas vezes, tentei também ser mais maleável em algumas situações do dia-a-dia ou até mesmo imitar a forma com que o pai brincava. Arremesso? Lembra? Sim, eu tentei. Mas chegou num ponto que desisti. Eu não estava sendo eu mesma. Eu tinha meu próprio jeito de interagir com ele e fazer as coisas, o Rafa tinha o dele, e isso era o legal de se ter mãe e pai, não? Então continuei demonstrando todo meu amor da forma que eu sabia, mas também sendo dura e impondo limites toda vez que precisava.

Depois de muita conversa, muito tempo juntos, houve um período que ele realmente melhorou, relaxou mais. Foi então que a Lily nasceu.

POFT.

Gritos, choros por qualquer coisas, exigências descabidas, sono MUITO agitado, escândalos de madrugada quando eu ia vê-lo ao invés do pai, crises de ciúmes quando o Rafa pegava a Lily e muito sofrimento. Tadinho, ele realmente estava sofrendo e a gente ajudava como podia. A primeira coisa, foi ter a vovó aqui, que veio basicamente só pra fazer companhia pra ele – um anjo. Na presença dela ele lidou muito melhor com a situação toda, já que se sentia seguro e amado o tempo todo. Mas foi só ela ir embora que ele passou a se sentir ameaçado. Primeira reação: desdesfralde. Segunda: crises de choro INCONTROLÁVEIS.

Dias que se iniciavam com “Eu quero colo do papai” e o Rafa não estava, sempre foram os piores. Não adiantava abraço meu, conversa, palavras doces ou tentar mudar o foco. Tudo o fazia chorar mais. Perdi a conta das vezes que ele chorou por 2 horas seguidas, sem trégua e com a mesma intensidade. Aliás, quanto mais longe eu ficasse, melhor, mais chances tinham dele se acalmar eventualmente. Isso partia meu coração em mil pedaços, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Quando ele parava e se reconstituía, voltava a ser o mesmo menino fofo, carinhoso e prestativo de sempre.

O auge da crise aconteceu há um mês, quando coincidiram as visitas da Patti e da vovó Stela. Era uma crise emendada na outra. Mas como auge é auge e depois dele não tem como piorar, as crises foram se espaçando. Ele ainda continua acordando pelo menos uma vez toda noite pedindo pela companhia do pai, mas as exigências de que somente o Rafa pode ajudá-lo ou eu não posso olhar pra ele (ó céus!), estão cada vez mais escassas.

A nave espacial. Na minha mão, o mapa do tesouro intergaláctico, como já tinha mostrado AQUI.

Aliás, desde que a Lily nasceu, ele ainda não tinha me permitido participar tanto de sua vida quanto agora. Pra começar, represento a voz oficial de sua grande amiga imaginária. Também, tenho alternado com o pai na contação de histórias à noite, nas saídas pro parquinho e brincadeiras em geral. Mas o mais memorável, foi o dia em que estávamos todos na sala assistindo a um filme e, totalmente sem precedentes, ele vira e ME chama pra pilotar sua nave espacial. Consegue imaginar minha emoção ao ouvir “mamãe, deixa a Lily com o PAPAI que eu quero brincar com VOCÊ”?

Tô vivendo um verdadeiro sonho, gente! E sem Cuca de peruca, viu? 🙂

___________

Ontem, indo ao parquinho:

– Ih, Nic, esqueci de colocar a roupa pra lavar! 

– Tudo bem mamãe. Olha, a gente vai no parquinho agora, fica só 2 minutinhos, aí a gente volta pra casa e eu te ajudo a lavar a roupa, tá bom?

– Oba, tá bom! E o que a gente faz com a Lily?

– Ah, deixa com o papai. 😀


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O orvil átse erbos a asem (ou crianças bilíngues)

Quando eu era criança, me achava super esperta por não acreditar em Papai Noel, nem naquela baboseira de que a gente não cresce se alguém passar a perna por cima da nossa cabeça ou que nasceria uma verruga no meu nariz se eu contasse estrelas no céu apontando com o dedo. “Tem que ser muito bobinho pra acreditar nessas coisas”, pensava eu.

No entanto, jurava de pés juntos que, primeiro, tinha um gorila morando no telhado da casa da minha avó. Segundo, que aquele barulhinho de grilo à noite, sabe qual? — psc, psc, psc — então, eu ju-ra-va que esse barulho era de estrela piscando no céu e ficava deveras intrigada como que mesmo em noite nublada eu continuava escutando as estrelas tão nitidamente. E terceiro, tinha absoluta certeza que pra falar inglês bastava falar as palavras em português, só que de trás pra frente.

Assim, num belo dia eu me convenci que sabia falar inglês.

E, claro, contei pra deus e o povo que além de extra-terrestre (Venusiana, dá licença?), também dominava a tal língua estrangeira. Por isso, vira e mexe, tinha um me perguntando como se falava isso ou aquilo em inglês. As palavras pequenas eram fáceis, num instante eu traduzia. Flor? “Rolf”. Casa? “Asac”. Ovo? Era “ovo” mesmo, engraçado. Agora, palavras maiores eu gastava um pouco mais de tempo. Árvore? Eu tinha que embromar, perguntar mais de uma vez pra ganhar tempo, escrever no chão com um pedaço de tijolo:

– Á-r-v-o-r-e, é isso mesmo que você quer saber?

E daí a resposta vinha: “Erovrá”.

Mas nada me fascinava mais que os nomes. Adorava pensar em como cada uma das pessoas que eu conhecia se chamaria se morasse nos EUA. Eu por exemplo, seria Anaicul. Feio, eu achava. Bonito era o da minha amiga Regina: Aniger. Que sorte a dela. Ou da Amanda: Adnama. Mas um nome que pra mim era imbatível na lindura anglo-saxônica era o do meu irmão Reinaldo: Odlanier. Que tudo!!! Odlanieeeeeer… Vivia eu repetindo. Era um inglês classudo, assim com um leve sotaque francês, né?

Bom, claro que minha pose de tradutora não durou muito. Um dia veio a lambisgóia da “Yllek”, que talvez, prevendo que não iria fazer a menor sucesso nos Estados Unidos com esse nome, me desmentiu na frente de todo mundo dizendo que não, que maçã não era “ãçam” em inglês como eu afirmava, mas “apple”. E encheu a boca pra falar: ÉPOL.

Aquilo me encasquetou por dias – até que um tio meu me confirmou. Sim, maçã era mesmo “épol”, mesa era “têibol” e cachorro, bom, cachorro não era “orrohcac” como eu já tinha espalhado pra todo mundo. Cachorro era simplesmente “dóg”, muito mais fácil inclusive.

Foi aí que meu mundo paralelo desmoronou soterrando pra sempre a Anaicul.

* * *

Mas fato é, que depois de toda a dificuldade que eu passei pra “traduzir” palavras pro “inglês” eu cresci com aquela impressão de que qualquer criança que falasse o idioma fosse inteligentíssima, sabe? Uma vez fui a uma festa na casa de uma amiga e lá tinha um menininho nascido no estrangeiro, mas que passava férias no Brasil. Ele tinha 4 anos e falava tudo em inglês. E eu, mesmo já sabendo que ele não precisava pensar em português, inverter as palavras todas na cabeça e depois formar frases inteiras, olhava abestalhada de admiração pra aquela incrível miniatura de gênio.

* * *

Nic na Australia. Olha essa carinha! 😀

Daí que eu cresci, casei, fomos morar na Australia e eu fiquei pensando nessas coisas todas; que nosso filho nasceria lá e seria também um pequeno geniozinho falador de inglês. Não deu em outra, com 18 meses, Nic já sabia “bye bye” e “dog”. Repararam? Com 18 meses ele já sabia que era “dog” e não “orrohcac”. Inteligente é pouco esse meu filho.

Logo depois viemos pro Canadá. Mas como em casa a gente sempre falou só português e Nic continuava comigo em tempo integral, não viu outra saída senão inventar sua própria língua pra se comunicar com os amiguinhos canadenses na hora de brincar com eles. A língua era o “embromation” e consistia em embolar a lingua de forma a SOAR como inglês, mas sem na verdade proferir nenhuma palavra na língua. As outras mães achavam aquilo extraordinário e muitas vezes chegavam a pensar que ele estivesse SIM falando inglês… pra depois constatarem que “não, não está não. Mas como parece!”.

Enfim, fato é que ano passado experimentamos colocar Nic na escolinha, apenas duas vezes na semana, mas nem o “embromation” o salvou. Ele não gostava de ir, ficava frustrado por ninguém entendê-lo, chorava demais e depois de algumas semanas não quis mais saber. Eu até cheguei a brincar com ele, chamá-lo de Salocin pra ver se ele achava graça, mas ele não tava pra brincadeira não. Simplesmente emburrou com o inglês, com a escola, tudo.

E como ele só tinha 3 anos, insistir pra quê? Hoje, 6 meses mais tarde, posso dizer que Nic é outro menino, muito mais seguro, confiante. Agora ele brinca com as outras crianças, interage muito mais e fala um tanto de coisas em inglês. In-te-li-gen-tís-si-mo! 😀 E como vamos tentar a escolinha de novo depois das férias de verão, resolvemos contratar uma babysitter pra brincar com ele em inglês, duas horas por semana. Não é muito, mas é incrível como ele repete as coisas que ela fala, na mesmíssima entonação, com o mesmo sotaque.

Já a Lily, capaz que aprenda ainda mais cedo que o Nic, já que a gente vai continuar falando português em casa, mas possivelmente o Nic vai querer falar em inglês com ela. Who knows?

* * *

Bom, no mais, Anaicul empacotou mas Luciana continua com suas loucuras. A última tem sido passar o dia inteiro sentada encima de uma bola de pilates, o que parece ser a coisa mais efetiva pra acalmar, divertir e fazer a Lily dormir. Ela aproveitou e fez um video de algumas fofurices da Liloca, do alto dos seus dois meses e meio. Aí ó:

*

E sojieb arp sêcov! (inglês? Ta mais pra húngaro, né não? rs)


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A evolução dos tempos

2008 (Australia)

*

– Amor?

Silêncio.

– Amor? Tá acordado?

– Hm?

– Acho que Nic fez xixi…

– Hm, fez? – responde ele atordoado de sono. Pega o Nic com cuidado, leva pro trocador. Abre mais um pouco a porta pra entrar a luz do corredor que passa a noite sempre acesa – Onde é que ficam as fraldas mesmo?

– Aí do lado do trocador?… Na cestinha escrito “fraldas”?

– Ah, é.

1 minuto depois.

– Ai, me ajuda aqui, nao tô conseguindo tirar essa roupa dele não.

– É só puxar os botões no meio das pernas que eles abrem.

2 minutos depois. Ele joga a fralda quase seca no lixo.

– E os lencinhos? Tem que molhar com água morna?

– Claro, tadinho!

3 minutos depois. Nic acorda chorando.

– Pra que lado põe essa fralda???? Vem cá, não tô conseguindo fechar isso não!!!!

Ela levanta.

– Ah, é que você colocou a fralda virada, esse lado aqui ó fica pra frente. Você passou o creme pra assadura?

– Não, esqueci.

Alguns segundos depois.

– Pronto, tá tudo pronto – diz ela. Agora fecha o macacãozinho dele que enquanto isso eu vou tirando um pouco de leite. Meus seios estão tão cheios que chegam a doer… Será que hoje o Nic vai aceitar mamar no peito?

5 minutos depois.

– Cê ta demorando, o que que aconteceu aí?

– Como é que fecha esses botões???!

– É só apertar que eles fecham!

– EU SEI!!!! Mas tem um monte de botão aqui, qual vai com qual?

– Ué… Vai seguindo a fila e fechando…

1 minuto depois.

– Mas o Nic não para de mexer as pernas!!!!

4 minutos depois.

– Pronto, toma ele aqui. Ta prontinho pra mamar.

________________

2012 (Canadá)

*

– Amor?

Silencio.

– Amor, acorda.

– Hm?

– Tá sentindo esse cheiro?

– Hm?

– Esse cheiro.

– Que cheiro?

– Sei lá… Um azedinho adocicado… Tá sentindo?

– Não… Vai dormir…

– É que eu acho que a Lily fez cocô…

Ele apura o nariz, cheirando perto do bumbum dela. Olhos fechados.

– É, fez sim – volta a deitar no travesseiro.

– A gente devia trocar, não? É cocô…

– Sei não… Ela tá dormindo… Vamos deixar pra depois, vão?

3 minutos depois. Marido ressonando.

– Amor?

– Hm?

– Mas e se ela assar?

– Assa não… Daqui a pouco ela acorda pra mamar, a gente troca – diz ele com a voz embolada de sono.

– Ih!!!

– O que?…

– A fralda tá quase vazando, tá lotada! – diz ela apalpando o bumbum.

– Mesmo? Nossa… Então vamos trocar.

Ele se vira, pega fralda e lenços de cima do criado mudo.

– Quer ir pro trocador?

– Nah! Vai aqui na cama mesmo!

Ela levanta a roupinha, ele segura as perninhas pra cima, ela limpa o bumbum, Lily começa a acordar, ele põe a fralda, ela confere rapidinho, ele desce a roupinha.

– Pronto, tá pontinha pra mamar. Quando for hora dela arrotar você me acorda.

PS: Só um adendo pra dizer que apesar da dificuldade com os botões, as fraldas e as roupas em geral, a ajuda do Rafa é ESSENCIAL!!! (vide o aperto que eu passo quando ele viaja…). Mas eu tinha que mostrar que na maternidade/paternidade tudo evolui e a gente vai ficando mais esperto, prático e relaxado com o tempo. Pra que dificultar comprando um body todo cheio de botões? Pra mim a melhor invenção dos ultimos anos é esse camisolão aberto de bebê aí da segunda foto. Levantou, abaixou e pronto. #ficaadica

E aliás, qual é o nome dessa roupa, hein gente? Alguém aí sabe?

–> Descobri! Em inglês se chama baby sleep (ou sleeper) gown, que em português deve ser camisola pra bebês mesmo…


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o desbunde

Nicolas é uma destas raras crianças que sempre odiou praia. Na verdade eu nunca o culpei por isso, pois eu mesma nunca fui muito fã mesmo. Mas bastava eu considerar  a peculiar situação em que vivíamos…

… pra eu achar “praia” uma palavra simplesmente irresistível! Por isso, toda vez que a gente tinha uma oportunidade, juntávamos biquini, sunga e fraldinha do Nemo, e zarpávamos pro litoral na maior felicidade. Mas Nic não queria nem saber. Ele não estava nem aí se morávamos numa cidade sem rios, sem verde e com temperaturas médias de 40 graus. Não gostava de praia e pronto.

Não suportava o contato com a areia preguenta, o sol forte, o vento, a água fria, o chapéu na cabeça, o protetor solar melequento. Quando era bem pequenininho, chorava só de ver o mar.

* * *

Daí uma vez, a gente estava em Sydney e já meio cansados de tanto viajar, decidimos passar uns dias descansando num lugar sossegado. Mas sossegado naquela cidade tão grande e movimentada? Só mesmo se fosse uma praia mais isolada… E pra uma resolvemos ir.

– Coitadinho do Nic, Lu… Três dias direto na praia? – disse o Rafa preocupado

– Ah, meu bem… mas pensa só: não tem uma criança nesse mundo que não goste de praia, tô errada? Até eu quando era criança adorava! Depois que fiquei assim, xexelenta.

– É, mas o Nic raramente se divertiu numa praia até hoje…

– Eu sei, mas agora ele já tem 18 meses… Qual foi a última vez que fomos à uma praia? 4 meses atrás? Então, vai ver que desta vez ele se diverte!

* * *

E assim fomos. Três dias numa pousadinha bem de frente pro mar. Pouquíssimos turistas, nada mais pra fazer a não ser ficar de bobeira na praia. No primeiro dia, só fomos eu e Nic – o Rafa tinha que cortar o cabelo. Fui devagar, comecei mostrando o mar de longe: nenhuma reação. Cruzamos a areia: zero reação. Chegamos perto da água: reação nula.

Pensei, “menos mal, daqui a pouco ele se solta”.

Tratei então de estender a toalha, juntar o balde, as pás, a bola e “Nic! Vem cá retocar esse protetor solar que aqui na Australia não se brinc…”.

– Nic? Nic?

Acreditem ou não, mas Nic tinha simplesmente ido embora. Foi sem olhar pra trás. Quando eu olhei, ele já tinha cruzado toda a areia e corria feliz pra umas escadinhas cimentadas bem longe da praia.

* * *

Agora, não me perguntem como passamos o resto dos dias lá… porque praia? Só de longe mesmo…

* * *

Daí, que desde que nos mudamos pro Canadá, há 1 ano atrás, que esquecemos desse negócio de água, já que o forte aqui são as montanhas e montanhas o Nic adora. Mas então chegaram nossas férias e o destino escolhido foi a Ilha de Vancouver, de onde sempre ouvimos falar super bem. E falou ilha, falou praia, né gente?

– Xiiiiiii…. não vai dar certo…

Pois é, foi o que eu pensei também.

Então, agora imagina nossa cara, ao chegarmos numa PRAIA em dia NUBLADO, temperatura de 16 GRAUS e com água CONGELANTE e presenciar essa figurinha na maior felicidade do mundo:

Sem roupa, mamãe! Não quero roupa não!!!

* * *

Sim, minha gente, pois é por essas e outras que eu digo: nada como o tempo… nada como o tempo…

(ou será que o verdadeiro motivo é que ele tem complexo de esquimó, hein?)

Mas enfim, depois de assistir um desbunde destas proporções, só fico aqui no aguardo do desfralde em proporções gigantescas E efetivas.

Ai, ai… se pelo menos a gente morasse perto da praia, né? Dava pra começar com o desbunde, que eventualmente a gente ia chegar no desfralde… Mas como que eu iria saber que um dia ele gostaria tanto de uma praia, gente???

PS: E hoje foi o primeiro dia que  Nic ficou com cueca por várias horas e sem acidentes! Aguardemos as cenas dos próximos capítulos! 🙂


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e a mamãe, é tine?

Se tem uma coisa que sempre gostei nessa vida é de tomar chá. Comecei tomando o chá mate que minha avó fazia (numa daquelas chaleiras super bacanas que apitam), mas só fui tomar gosto mesmo, a ponto de tomar todo dia, quando eu morei na Austrália. Sim, porque eles podem não ter herdado patavina do sotaque dos ingleses, mas sem dúvida herdaram a paixão por chá.

Pode reparar, em qualquer lugar que você for na Australia – seja num restaurante de beira de estrada, num posto de saúde do bairro ou numa festinha de criança cheia de balões coloridos – bem lá num cantinho vai ter uma mesinha com água quente e teabags pra você preparar o seu. Aliás, ai da brasileira orgulhosa que cismar de fazer festa pra cria e encher a mesa de brigadeiros e enfeites mil mas nenhum chá – de repente ela vai olhar e ver as australianas todas se pirulitando dali em busca de um lugar que lhes sirva uma boa xicara de earl gray, ao invés de umas bolinhas marrons esquisitas.

* * *

E como não podia deixar de ser, Nic, menino nascido em terras dos cangurus (ou cuiúiús, como ele diz), também adora um chá. O preferido dele (TALVEZ por que seja o único que a gente dá pra ele tomar – oi?) é o de erva-doce. Gosta tanto que além de tomar muito, também quer dividir o chá com seus maiores ídolos nesse mundo – os seres de rodas.

– Olha, mamãe, Nicolas tá dando um monte de cháS pros carrinhos.

Ah sim, notou o plural? Nic agora virou o rei da conjugação. Não lhe escapa uma!

– Mamãe, oS caminhÕES estÃO passandoS na rua!

– Olha! OS dois carrinhoS caiuS!

– OS fogoS estÃO queimando muito o carro! Mas o caminhão de bombeiro TINE vai salvar.

Ops, dá pra voltar aí? “Tine”????

Pois é, também não sei que que é não. Nic inventou essa palavra, assim como outras cinco mais. Acho que como estratégia pra suprir o que lhe falta ainda em vocabulário, sabe? Ele sabe O QUE quer dizer, mas não sabe COMO, então inventa. Já tentei investigar mas ainda não sei bem o que vem a ser o tal de “tine”.

– O que é tine, Nic?

– É o carrinho.

– Esse aqui?

– Não, esse não. O verde.

– Ah, o carrinho verde é tine… E o trator amarelo é tine também?

– Não, não é tine não!

– E o caminhão de lixo?

– É!

– É?! E a mamãe, é tine?

– Não!

– E o papai?

– Não! Só carrinho é tine.

– Ah! Então aquele carrinho de corrida ali é tine?

– Não, só carrinho tine é tine.

Viu só?

Mas daí, que ontem chegou aqui em casa um embrulho especial, vindo de uma querida amiga lá dazinglaterra. E o que que ela mandou pra gente? Só coisa boa: livros, cartinha, desenho, chá (eeeehhhh!!!) e um carrinho preto pro Nic, que quando abriu a embalagem gritou:

– Uau! Um carrinho tine!!!!

Ou seja, “tine” SÓ pode ser bom.

(O que me deixa aqui pensando porque será que nem eu nem o Rafa somos “tines”… Humpft!)

* * *

E eu, que sou passada de tudo (too much tea?) contei que Nicolas estava doente, mas nunca voltei pra dizer que ele melhorou. Sim!!! Melhorou! Foram 8 dias de sofrimento pra ele e pra gente. 8 dias sem ele comer NADA, nem um grão de arroz e vomitando TUDO o que bebia de tanto tossir, inclusive os remédios. Tem noção do sufoco? A pancinha dele que em geral é uma bolinha (não me pergunta como) tava esmilinguida de dar dó. Assim como nosso coração, né? Foi uma correria de médico, hospital, raio-x, suspeita de broncopneumonia e lá fora, só chovendo e fazendo frio. Aqui dentro, troca lençol, lava lençol, troca roupa vomitada, lava roupa vomitada. MAS passou!!! Nicolas voltou a ficar coradinho e com a pancinha roliça de sempre!

Mas agora, o que mais me espantou nesse período que ele ficou doente foi perceber que a mania de limpeza e organização que ele tem superou todo e qualquer incomodo de vomitar sem parar.  Sim, porque Nicolas é daqueles que não pode ver um pedaço de roupa sobrando pra fora da gaveta que ele vai lá arrumar. Nem um tapete meio bagunçado ou uma porta do armário aberta. Só o que eu não esperava era vê-lo vomitando e falando enquanto vomitava: quer limpar, mamãe! Quer limpar!

Tadinho, gente… Mas que Deus conserve essa qualidade, viu? 🙂

* * *

E aproveitando que eu não passo aqui todo dia, vou deixar aqui também meus parabéns pro meu irmão que casou!!!! O convite foi enviado pra cá há mais de um mês atrás, mas só chegou aqui no exato dia do casamento. E eu achei o convite tão lindo, tão fofo, tão a cara desses dois doces-de-coco, que se não faltasse só 3 horas pro casório eu teria pegado o primeiro avião e ido dar um abraço neles. Mas fiquei sabendo que a cerimônia foi maravilhosa, que a Ana entrou na igreja dançando e que foi uma choradeira geral… Ou seja, só pode ter sido um casamento TINE, né? Felicidades pra vocês, meus amores! Beijos de todo mundo aqui!


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Viajando na Austrália com Pimpolhos

Eeehhh! Olha só a gente nicolando lá no blog da da Sut-Mie, o Viajando com Pimpolhos!!! Uma grande honra pra gente, e você vai ver porque quando der uma passeada pelo blog dela, que é super organizado e tem excelentes dicas de passeios com crianças no Brasil e no mundo todo. Realmente vale a pena passar lá e explorar.

Pra ler o post na Austrália com crianças, passa aqui ó, e pra conhecer o blog dela, aqui.


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Melhores momentos do Nic…

… em 43 dias de viagem.

17 meses, cabelos recém-cortados, balançando com suas meinhas sujas de tanto correr pela grama sem sapato (Halls Gap, Victoria)

Zero interesse pela natureza selvagem australiana (Halls Gap, Victoria). (Pra ver toda a sequencia, passa aqui.)

Liderando o caminho (e com total determinação) no labirinto perto de Bright, Victoria

 

Tentando achar uma solução mais fácil pro labirinto… um buraco talvez?

“Conversa comigo, au-au!” (nas redondezas de Bright, Victoria)

Pedacinho de gente contemplando o silencioso bosque lá fora ao calor da lareira, em Cadle Mountain, Tasmania

Momento “bubble boy” pra ver de perto o demônio da Tasmânia. (Passa aqui pra ver mais).

Adorando usar e sair andando com os óculos escuros do papai (em Sydney, perto da Opera House)

Quem disse que ele não sabe dirigir (e ainda na mão inglesa)?

Oops! Me precipitei!

“Mami, olha os passarinhos no céu!!!!”

O Havaí e sua energia positiva contagiante…

Últimos dias de viagem, Nic com 18 meses, cabelos enoooormes e mais um registro de sua mania (LINDA!) de abrir a boca pra tirar foto: Haaaaaaaavaí!!!!

Nic querido, saiba que melhor companheirinho de viagem que você não há… Amamos você demais!!!

Mamãe e Papai


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Ultimos dias na Australia (atualizado)

Então, saímos da Australia…

Na última parte da viagem a gente diminuiu bem o ritmo. Ninguém é de ferro, né, e depois de quase um mês fazendo e desfazendo malas todos os dias, ficamos felizes com a decisão de ficar mais dias num mesmo lugar e fazer poucas coisas ou quase nada…

Então passamos um tempo nas Blue Mountains, em Katoomba, visitando mirantes e andando de trenzinho e teleférico.

Depois fomos pra Sydney, cidade bonita, cheia de pontos turisticões. Muitos brasileiros por lá também. Mas a cidade é meio impessoal demais, muito espalhada, grande, muitos turistas . Boa pros solteiros ou sem filhos, ouvi falar, pois tem uma vida noturna pra lá de agitada.

O trânsito é uma loucura e fiquei boba com o tanto de pedágio por toda parte, principalmente pra chegar nos pontos turísticos. Só dos limites de Sydney até nosso hotel, pagamos três. Daí devolvemos o carro e resolvemos gastar as solas dos sapatos e fazer o sangue circular.

Nic aproveitou bastante as caminhadas e perseguiu pássaros nos parques…

fez amiguinhos instântaneos (crianças, e sua incrível habilidade de fazer amizade!)…

tomou iogurte em pé…

subiu e desceu as escadas da Opera House (incansávelmente)…

correu muito…

e no final dormiu cansado num daqueles trenzinhos que circulam pela cidade… e que ele tanto gosta de andar.

E a notícia é que depois de tanta quilometragem e terrenos off-road, o valente carrinho do Nic simplesmente colapsou. Arriou mesmo, ao ponto de uma das rodas ficar soltando a cada dez metros caminhados (sendo que a gente já tinha consertado outras duas!). Então, decidimos que era hora dele descansar em paz e compramos outro, já que ainda tínhamos mais viagem pela frente.

* * *

E pra nos despedir da Australia escapamos pra uma prainha sossegada… Desaceleramos total, dormimos muito e confirmamos o que a agente já desconfiava: o Nic não gosta mesmo de praia, fica todo incomodado com a areia grudando nele e morre de medo do mar…

E no final, não fomos a nenhum parque de diversão, como tínhamos planejado. Tem muitos deles em Sydney, o principal é o Luna Park. Mas deu preguiça e também achamos que o Nic não aproveitaria tanto ainda. Sem falar que a gente ainda tinha que resolver a parte burocrática de se sair de um país: fechar conta de banco, pagar últimos impostos e tal.

E deu tudo certo. A viagem pela Australia foi linda e vamos sempre lembrar de tudo com muito carinho!

Tchau, Australia!

(Fico devendo as fotos!!!) Já não devo mais! 🙂

 


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Porque mãe tem que ser criativa

Se tem uma coisa que toda mãe sabe fazer é criar, inventar, improvisar. E pra isso, haja imaginação e presença de espírito…

Seja na hora de inventar uma resposta rápida e efetiva pra se desvencilhar dos palpiteiros de plantão:

– Esse neném não tá muito espremido aí dentro não? – Sugere alguém que você encontra na rua e te vê carregando seu bebê no sling.

– Tá, mas o pediatra dele disse que sling é ótimo pra promover as condições do ambiente uterino, já que o bebê está em plena extero-gestação. – responde ela com firmeza, afinal ela sabe que quando menciona: 1. “o pediatra disse” e 2. algumas palavras bem complicadas, o assunto tende a morrer ali mesmo.

Seja pra criar aquele cantinho confortável pro filho tirar a soneca, porque ela está visitando sua melhor amiga e têm ainda muito o que conversar. (E quem dera se a melhor amiga dela tivesse bem pertinho pra ela fazer isso de verdade – e sempre –  e ela ainda pudesse aproveitar pra admirar o barrigão maravilhoso da amiga… Né Si?).

Seja pra inventar um aparato ultra-engenhoso pra interromper o dedinho nervoso do filho no botão liga-desliga do som, mesmo que somente por poucos minutos.

Seja pra criar estórias na hora de dormir que acalmam o filho e o façam parar de sentir medo.

Seja pra inventar um novo prato a cada dia com ingredientes alternativos, porque o filho sofre de intolerância à isso ou aquilo e não pode comer quase nada que o resto da família pode, hein Kcal?

Ou seja pra preparar aquele prato LINDO de morrer, todo decorado com muito amor, então os filhos se sentem incentivados a comer tudo.

Seja pra fugir do dia a dia corrido e improvisar aquela rotina gostosinha que faz o filho se sentir tão especial, como tão bem faz a Gra.

Ou então, pra criar alternativas na hora que ela está viajando com o pequeno, porque não lhe resta opção a não ser usar o que ela encontra à mão, da melhor forma possível.

Como…

… a pequenina pia do banheiro pra dar banho no bebê, pois o hotel não tem banheira e bebê pesado + ensaboado escorrega pra burro e ela prefere não arriscar carregá-lo pra tomar banho com ela.

Nicolas, 7 meses, Rottnest

… a pia da cozinha, mesmo que ele acabe pegando alguns utensílios que não deveria, ou molhe toda a cozinha fazendo splash, splash.    

 

 

Nicolas, 17 meses, Melbourne

… o sofá que pode se juntar à pequenina cama de casal, pra promover mais espaço pra todo mundo dormir melhor

… usar fraldas na janela do carro alugado e assim tampar o sol no rosto do filho, já que ela esqueceu de levar o usual protetor de janela

Nicolas, 17 meses, também improvisando uma brincadeira

… usar o tripé modernete da câmera + fitas de cetim pra prender o dvd portátil que veio sem suporte pro carro

…ou mesmo pra usar o velho e bom carrinho, ao invés de voltar pro hotel, pro filho tirar sua sonequinha restauradora enquanto ela e o marido passeiam e conhecem a cidade.

 * * *

Bom, claro, que às vezes a criatividade dela não basta e a imbatível lógica infantil a deixa sem palavras, né  Jo?

– Mamãe, a senhora é quilança? – pergunta Estêvão, de 2 anos e meio.
– Não. Eu sou adulta.
– Então, porque a senhora binca com meus binquedos?
– (…)

 * * *

Mas tirando situações como esta, ela até que manda muito, muito bem…