Desde que viajamos com o Nicolas, com 5 meses de idade (constipado e com refluxo), da Australia pro Brasil, que venho ensaiando escrever um post com dicas pra facilitar a vida de pais que se aventuram a viajar com crianças. (Clique AQUI pra assistir um vídeo onde eu conto todos os perrengues que passei em viagem de avião com crianças).
Pois hoje vai!
Voo Dubai – Perth, inacreditávelmente vazio. Março 2009.
1. Check-in online e escolha do assento
Se sua companhia aérea tem esta opção, não deixe de fazer o check-in online, 24 horas antes do voo. Essa é oportunidade que temos de escolher os assentos mais convenientes e requerer um bercinho portátil e comidinhas especiais, se a companhia oferecer. Quando você requere o bercinho, seu assento será automaticamente os primeiros da fila (mais espaçosos). Mas importante: se seu filho já é maior e não vai usar o bercinho, o melhor é escolher outro assento, já os da frente não levantam os braços, o que impossibilita as crianças de se esticarem pra dormir no colo dos pais.
Nossa experiência: Na Emirates eles têm a opção de bassinet, um bercinho de tecido preso na parede na nossa frente. A gente usou as mantas e travesseirinhos que eles dão pra forrar o fundo. As dimensões do berço não são grandes (eles recomendam pra até 12 meses, e o Nic com 6 meses já não caberia), mas pode ser bem conveniente pro bebê brincar sentado lá dentro, enquanto a gente come, por exemplo.
Já pela Qantas, se não tivéssemos feito o check-in online, eles teriam colocado eu e o Rafa (com o Nicolas) em poltronas separadas (mesmo tendo a opção juntos). Estranho… E na última viagem, o sistema deles estava fora do ar, então tivemos que fazer o check-in normal. Resultado: fomos parar nas poltronas 42, última fila do avião…
2. Documentos
Mesmo bebês de 1 semana de vida precisam de passaporte pra viajar internacionalmente (fora da América do Sul), visto se necessário e sua própria reserva de voo.
Nossa experiência: o Nicolas nasceu na Australia, mas é brasileiro, pois temos visto de residência temporária e não permanente. Mas conseguimos tirar o passaporte dele através do consulado do Brasil em Canberra pelo correio, só tendo que enviar foto, registro de nascimento (tirado na cidade onde ele é natural) e pagar a taxa. Pro visto, enviamos o passaporte dele pra Embaixada Australiana em Perth que reconheceu nosso visto e concedeu o mesmo a ele, sem burocracia, de graça e tudo pelo correio.
3. Restrições
Acho que hoje em dia todo mundo sabe, mas vale a pena repetir que não pode levar frascos com líquidos maiores que 100ml. No entanto, frascos com água e mamadeira pra bebê é liberado.
4. Carrinho
Vale a pena levar, pois será útil tanto no aeroporto, quanto na cidade. Alguns aeroportos permitem que você chegue com o carrinho até a porta do avião, o qual estará na porta na hora de você sair.
Nossa experiência: Aqui na Australia eles não permitem isso, mas costumam fornecer uns carrinhos (apesar de meio sujos e só pra bebês que já sentam, pois não reclinam). Em Guarulhos só quem empresta carrinhos é a TAM (e também não sei se permitem seu próprio até o avião). A infraestrutura do aeroporto de Dubai foi a melhor que já vimos pra se viajar com crianças: tem carrinhos novinhos que reclinam um pouco e tem banheiro com trocador em todo lugar.
Outra coisa boa que fizemos foi levar o canguru, onde o Nicolas dormiu a maior parte do tempo (só no aeroporto, não pode ser usado no avião). Hoje em dia a gente deixa ele andar à vontade no aeroporto, até cansar… fica mais fácil pra fazê-lo dormir no voo mais tarde.
5. Bagagem de mão
Leve somente o essencial: uma opção de roupinhas quentes e outra de roupas leves, brinquedos, o “lovey” (aquele paninho ou ursinho que ele não larga pra dormir), a chupeta (se ele usa), o copo de água, sua colher (eu sempre levo, pois as do avião são grandes demais), os itens pra trocar fralda todos juntos, potinhos com fórmula e mamadeira (se o bebê não mama no peito) e uns lanchinhos (se ele já come). Recomendo fazer uma lista dos itens que nunca podem faltar e usar sempre esta lista pra qualquer viagem que façam.
6. Fraldas e idas ao banheiro
Eu costumo levar 1 fralda pra cada 2 horas de voo e lencinhos umidecidos num compartimento plástico da Huggies próprio pra viagens (é fino e não ocupa muito espaço). Se seu suplimento de fralda acabar, eles têm no avião. Assim, já deixo 1 fralda com os lencinhos enrolados naquele protetor alcochoado (change mat) e é só o que eu levo pro banheiro apertado do avião – nada de bolsas gigantes mais bebê lá dentro!
7. Distração durante o voo
Se o voo é diurno, brinquedos são essenciais. Leve os brinquedos favoritos do seu filho (desde que não sejam grandes e barulhentos) e surpreenda-o com alguns inéditos. Eu costumo levar muitos, mas todos pequenos, incluindo livrinhos, chaves, carrinhos (que o Nic ama!) e potinhos de tupperware pequenos com coisinhas dentro, pra ele ficar abrindo e fechando, tirando e pondo. Outra coisa que o Nic gosta é ficar olhando pela janela, e eu contando que a gente tá vendo nuvens, sol, céu. Da última vez, também levei uma calculadora de 5 dólares pra ele brincar de apertar e levei nossos narizes de palhaços e óculos de olhos que saltam. Sorte que não precisamos usar os últimos. 🙂 Pra crianças maiores, sempre é bom levar um smartphone ou tablet com seus apps favoritos, massinha de modelar, moldes pra massinha, papel e lápis de cera, adesivos, papel colorido e cola em bastão.
E prepare-se com uma boa dose de energia e disposição pra distraí-lo por horas! Você vai precisar.
Nossa experiência: o voo da Emirates é ótimo pra crianças. Eles têm tela individual com filmes infantis, desenhos e jogos e um controle remoto com inúmeros botões iluminados (só isso já vale pra mantê-los distraidos por um bom tempo). Eles também dão puppets de mão, um kit de cuidados com o bebê e papinha no voo (apesar do Nic não comer). Ah! E eles também tiram foto da gente com a criança com uma polaroide! Na Qantas, alguns aviões têm tela individual, mas sem controle remoto e eles dão um kit pra colorir.
8. Cinto de segurança
Pra crianças que vão no colo, tem um cinto próprio pra eles, que fica preso no seu. Tem que usar toda vez que os sinais pra usar estão acesos, ou seja na decolagem, aterrissagem e nas turbulências. É necessário, mas não deixa de ser muito chato, principalmente quando o bebê está dormindo e pior ainda se ele está dormindo no bercinho.
Nossa experiência: no voo de Dubai pro São Paulo tem muita turbulência (culpa daquela meso-oceânica! :-)) e várias vezes tivemos que tirar o Nicolas, que finalmente estava dormindo, do bassinet, passá-lo pro nosso colo e colocar o cinto, no que ele SEMPRE acordava chorando e pra 1 minuto depois a turbulência passar. Mas por outro lado, seria total irresponsabilidade nossa não usar o cinto quando indicado.
Também tentamos manter o Nic no canguru durante o voo, mas eles não deixam. Nunca entendi porque… Se alguém souber…
9. Assento pra criança e bebê conforto
Até dois anos de idade criança não paga passagem e viaja no colo, mas se seu filho já tem mais de 1 ano e você tem condições, recomendo fortemente comprar um assento só pra ele se a viagem for longa. A maioria das companhias permite e inclusive recomenda o uso do bebê conforto nesse caso. Mas atenção, pois apesar de mais seguro, é bem burocrático o uso de cadeirinha de carro no avião. Você tem que conseguir autorização pra companhia área pelo menos 24 horas antes do voo e a cadeirinha tem que ter o selo de segurança do país (pelo menos é como funciona aqui na Australia).
Outra vantagem do assento só pra ele, é que não precisamos dividir as refeições com ele. Comidas especiais pra bebês podem ser pedidas na hora de fazer a reserva ou o check-in online, apesar que nunca chegamos a fazer.
Nossa experiência: a gente levou o bebê conforto do Nicolas no ultimo voo de 6 horas e valeu muuuuuito a pena, principalmente porque ele está acostumado com viagens de carro. Ele se comportou bem e ficou na mesma altura da bandeja, o que foi ótimo pra ele rabiscar com seus gizes de cera.
10. Stop over
Se o voo for longo demais (15 horas pra gente é o limite) recomendo quebrar a viagem e parar nem que seja 1 dia numa cidade no meio do caminho. É a oportunidade de dormir numa cama antes de seguir a viagem, comer direito e respirar outros ares, além de poder conhecer um novo lugar, quem sabe. Muitas companhias aéreas têm a opção de ‘stopover’ na hora de marcar o voo.
Nossa experiência: 28 horas entre Australia e Brasil seria cruel demais, com a gente e com o Nicolas, então paramos 3 dias em Dubai na ida e 1 dia na volta. O unico inconveniente foi ter que pagar 300 dolares por todos, pelo visto de turista, mas não conseguiria imaginar termos voado direto. Sem falar que nos divertimos muito, conhecemos um lugar espetacular e ajudou na adaptação gradual do fuso horário. E na viagem pro Canadá, vamos fazer a mesma coisa e parar por alguns dias no Hawaii. Nada mal, né?
11. Comida e líquidos
Os horários de comida são meio imprevisiveis no avião e a gente nunca sabe qual será a reação dos nossos pequenos quando a comida chega – o Nic não come quase nada! Então eu sempre levo lanchinhos leves como backup: iogurtes com o mínimo de açúcar em uma bolsa térmica pequena, sanduichinhos de queijo com ricota, biscoitos de arroz ou maizena, barra de cereais pra crianças, queijo picadinho. Frutas secas é uma ótima pedida, mas o Nic cospe tudo. E eu levo tudo numa tupperware achatada, daquelas com compartimentos pra várias comidas diferentes.
E se seu filho come papinhas Nestlé, em todo voo que fizemos até hoje nos foram oferecidas, tanto a salgada, quanto a de frutas.
Água eu só levo uma garrafinha pequena e o copo dele com válvula (senão ele entorna, cospe e quer brincar), mas nos aviões costuma ter uma “torneira” perto da cabine onde a gente pode pegar água mineral (na Emirates tem). Se não, o jeito é ficar chamando os atendentes e pedindo água.
Suco o Nicolas não toma regularmente, mas em voos e viagens em geral é liberado (com controle). Tome cuidado se o suco tiver muito açúcar, pois não é recomendado pra crianças em voo, que ficam mais alertas que o normal.
Pra quem por algum motivo não amamenta, leve a fórmula do bebê em uns potinhos com compartimento pra dosagem certa e pelo menos 2 mamadeiras com água na quantidade exata. Se precisar lavar mamadeira tem que levar a buchinha pra lavar.
Remedinhos e homeopatia pode levar também, desde que em frasquinhos pequenos. Remédio controlado precisa da receita médica.
12. Seja flexivel
Se em geral seu filho só toma água, não come industrializados e assiste pouca TV, relaxe. Permita sucos e iogurtes industrializados, brincadeiras com o ipod e muita TV. No final das contas eles entendem que essas regalias são restritas a ocasiões especiais.
13. Hora de dormir
Bebês pequenos dormem mais facilmente, normalmente mamando, mas se você consegue fazer seu filho de mais de 1 ano dormir num voo, parabéns, você é uma mamãe vencedora! E pra tentar atingir este feito tem que usar muito a imaginação pra improvisar as condições que seu filho esteja habituado pra dormir, só que em meio a luzes, movimento, barulho, piloto falando e o tal do “pim!” toda hora. E veja bem, não vale soníferos, mas vale cantar, pegar no colo e ninar, tampar com uma manta tipo cabaninha pra ficar mais escurinho, contar historinhas, colocar os foninhos do ipod perto do ouvido dele com musicas de ninar ou deitar espichado nos colos da mamãe e do papai. E se algo disso funcionar, aproveite e não deixe de dormir também!
Nossa experiência: Na viagem pro Brasil, o Nic tinha 5 meses, estava constipado, sofria com refluxo, e portanto estava super incomodado durante o voo (tadinho…). Ele não aceitava ficar deitado, só queria colo, acordava com facilidade e mais: naquela época ele estava acostumado a dormir sendo embalado enquanto a gente dançava ao som de Falamansa! Isso mesmo! Então o que eu fiz, foi levar o ipod (totalmente recarregado) e segurar os fones perto do ouvido dele enquanto eu, em pé no voo, dançava um forró pra fazer ele dormir! Algumas pessoas riam, outras olhavam sem entender, mas eu não tava nem aí, só queria que o Nic dormisse!
14. Pressão e dor de ouvido
Eu sinto essa dor na aterrissagem de todo voo longo e é MUITO ruim, então entendo o que as crianças sentem. O que alivia pra eles é peito, mamadeira, chupeta e… o “Mickey” na hora da aterrissagem. “Mickey” é colocar dois copos de plástico, um em cada ouvido, com um pouco de guardanapo embebido em água quente (tem que escorrer a água que sobra). Você pode pedir pros atendentes que a maioria conhece e pra mim o vapor minimiza bastante a dor.
15. Atendimento preferencial pra quem viaja com bebês
Já usamos no aeroporto de Guarulhos e em Dubai pra fazer o check-in e entrar no avião primeiro. Na Australia não existe.
16. Os outros passageiros
Por fim, não se sinta culpada pelas estripulias e falatório do seu filho durante o voo. Peça desculpas e tente controlar se seu filho cutuca as pessoas, balança o assento delas ou joga brinquedos ou comida nelas, mas não se desculpe por seu filho correr, rir, falar e chorar. Mesmo que ele chore muito. Isso acontece e faz parte de qualquer voo, pra qualquer lugar.
PS:Mais dicas nesta entrevista que eu e outras mães demos pra iG Delas. Passa lá!
PPS: A Luciana Misura escreveu um post ótimo falando dos prós e contras do voo noturno e diurno.