O lado cômico da maternidade


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A fábula do coelhinho guloso

Tô atrasada com o post, eu sei, mas infelizmente a situação é tão recorrente que nunca fica demodê, né? 😦 E como toda vez que me lembro disso me dá sanguenozói por ver tudo acontecendo e a gente não usar o poder que tem pra mudar, aí vai minha contribuição pro movimento.

Era uma vez o Coelhinho Guloso. Ele morava na pitoresca e próspera cidade de Coelhópolis e era bastante popular entre todos por seu carisma, sua habilidade com os negócios e por ser impressionantemente fotogênico. Mas ele tinha um pequeno probleminha – sua goludice era maior que ele mesmo.

Em Coelhópolis, as cenouras eram distribuídas pelo Grande Cenourário Municipal, que abastecia toda a população. Todos os dias, a cada morador era dada uma cenoura grande e suculenta, refeição mais que suficiente pra encher a barriga do mais gordo dos coelhos – mas não o bastante pro Coelhinho Guloso. Aquele coelhinho passava noites em claro imaginando enormes montanhas de cenoura pra se esbaldar.

Para conseguir cenouras extras, era preciso trabalhar muito. Por isso, seu maior sonho era seguir os passos de seu pai, o Sr. Coelho, e um dia poder trabalhar na administração do Cenourário e comprar muitas cenouras extras.

Pois com seu carisma e fotogenia impecáveis ele não teve o menor problema em realizar seu sonho. O Coelhinho Guloso distribuiu cartazes, conversou com cada coelho da cidade, fez promessas das mais diversas e foi eleito o sucessor do respeitado Sr. Coelho.

Ainda alguns meses passariam até que o Coelhinho ocupasse seu cargo, mas  devido a um terribillíssimo surto de gripe lebrística (uma das piores dessa região), o Sr. Coelho caiu de cama muitíssimo doente. A Dona Coelha, cansada de saber que o melhor remédio pra gripe é muito suco de cenoura e repouso, não permitiu que o marido trabalhasse pelos próximos dias.

Sendo assim, o Coelhinho Guloso foi convocado a assumir seus deveres admistrativos no Cenourário no dia seguinte. Louco de ansiedade, ele não conseguiu sequer pregar os olhos naquela noite. Quantas coisas incríveis ele poderia realizar!

Chegando ao Cenourário, ficou embasbacado – tanta cenoura ele nunca tinha visto de uma só vez. Como os campos haviam se expandido desde a última vez que estivera ali! Com as vistas turvas e o pensamento atrapalhado, o Coelhinho Guloso só conseguia pensar em uma coisa: comer cenoura. Sendo assim, se sentou e comeu e comeu até se fartar. Depois respirou fundo e ainda comeu mais um pouquinho.

Sem dúvida aquele emprego prometia!

Só o que ele não tinha previsto era que toda aquela comilança desenfreada teria  suas consequências. Tanto comeu o Coelhinho, que a distribuição de cenouras caiu pela metade nos dias que se seguiram e não demorou muito pra que uma passeata de coelhos famintos se instalasse em frente ao Cenourário. Do seu escritório ele podia ouvir os brados vindos lá de fora.

– Coelhinho egoísta!

– Nossos filhos passam fome!

– Esta comida é de todos!

– Se você pode comer mais também temos direito!

Mas o Coelhinho Guloso não tinha forças para parar. Afinal, com tanta fartura bem ali ao seu alcance, como resistir?

Os dias foram passando e a situação foi ficando cada vez pior. A Dona Coelha, querendo proteger a saúde do seu velho marido, não lhe contava nada, e apenas suplicava ao filho que tivesse consideração pelos outros. Mas o Coelhinho Guloso a ninguém dava ouvidos.

Um dia, seu pai, que de qualquer jeito ficou sabendo de toda a história pela Gazeta de Coelhópolis, se levantou ainda muito debilitado e com uma tremenda dor nas pontas das orelhas (sintoma muito comum da gripe lebrística) e foi ter com o Coelhinho.

– Meu querido filho, o que deu em você? Simplesmente esqueceu tudo o que te ensinei todos estes anos, nossos valores? E estas cenouras que você está comendo são do município e pertencem a todos! Você não tem mais direito que os outros e tem que aprender a se controlar. Se come uma cenoura à mais, estará tirando uma cenoura da boca de outro, é isso o que você quer?

O Coelhinho olhava calado pro seu pai. Ele continuou:

– Coelhinhos bebês que já não mamam estão passando fome, coelhinhos em idade escolar estão tendo dificuldade em se concentrar na escola, os doentes nos hospitais estão cada vez mais fracos. Na entrada da fábrica, alguns coelhos clamam por justiça… Sorte nossa que são a minoria, senão nos tirariam da administração do Cenourário, e com razão, depois do que você anda fazendo… Então, por favor, não me envergonhe mais, meu filho. Os coelhos confiaram em você quando te elegeram, retribua a confiança…

* * *

Pois infelizmente esta fábula não é como tantas outras que terminariam com um “e o Coelhinho se deu conta de todo o mal que fazia e daquele dia em diante passou a controlar sua goludice e egoísmo. O Cenourário prosperou com suas ideias renovadoras e a cidade de Coelhópolis passou a ser a única na região que conseguiu o feito de distribuir duas cenouras por dia pra cada coelho”.

Não, meus amigos. O Coelhinho sabia que ele estava errado, mas a fartura e a ganância o cegavam.

Após alguns dias, o Sr. Coelho partiu desta para melhor. Dizem que não foi pela gripe, mas de desgosto. E no Cenourário, a crise aumentou. O Coelhinho Guloso foi tomado totalmente pela ambição e fazia o que queria. Comia sem limites, pouco trabalhava e chegou até mesmo a dar a sim mesmo um aumento de 62% no salário.

E os outros?

Bom, os empregados, vendo tudo aquilo acontecendo às claras e com nada sendo feito, decidiram agir… Mas infelizmente, da mesma forma… Desviando cenouras, diluindo o Carrot Juice 100% cenoura da cesta básica, inventando desculpas escabrosas pra justificar gastos extras nos maquinários, usando recursos do Cenourário para fins pessoais e até vendendo cenouras que deveriam ser de graça… Com o tempo, pra manter a fábrica com tantos desvios, os empregados tiveram os salários diminuídos e muitos perderam seus empregos.

Já o povo, vendo que os que tiveram coragem de pedir justiça nada conseguiram, simplesmente suspiravam e lamentavam como que conformados:

“Triste situação, cumpade Coelho… Tanta gente morrendo de fome e ninguém está fazendo nada pra parar esse Sr. Guloso. Mas eu sabia que algo do tipo aconteceria mais dia menos dia… Felicidade não dura muito.”

“Pois é, e o pior é que não tem nada que a gente possa fazer. Ele que é o ‘cabeça’ que deveria dar um novo rumo ao Cenourário…  Nos resta torcer pra que alguém faça alguma coisa e tudo volte ao normal um dia…”

* * *

Uma pena, pois mal sabiam eles que o futuro do Cenourário SOMENTE eles poderiam mudar, com a união de TODOS. Coelhinhos, muito raramente levam GULOSO claramente estampado em seus nomes, portanto, reconhecê-los nem sempre é fácil. Assim, os coelhos votantes têm que escolher os administradores dos Cenourários com consciência e pressionar MESMO, pra que se cumpra as leis e o respeito, ao invés de se conformarem em passar fome ou ter salário de merreca enquanto os governantes nadam em braçadas em salários de 27 mil por mês por aí.

Uma vergonha! Mas pior ainda é permitir que isso aconteça!

Então, que tal mostrar aos Coelhos Gulosos que eles não têm direito de fazerem o que bem entenderem com o dinheiro público? Que negócio safado é esse de aumento de 62%? Junte-se ao coro e comece enviando sua reclamação pro Guloso que você votou.

Afinal,  não basta desejar e esperar um 2011 e um futuro mais feliz, também temos que fazer nossa parte, né não?

(Segurança tentando pegar um estudante que protestava contra o aumento em Brasilia)

Links:

Políticos que apoiaram o aumento

Fale com o deputado

Fale com o José Sarney – sarney@senador.gov.br

Blogs que também deram seu recado:

Pequeno Guia Prático, Tutto Petit (excelente texto da Kah!), Aprendiz de mãe, Mãe Eterna, Projetinho de Vida, As aventuras de Luiza e do Felipe, Coisa de Mãe, Turus em Montreal, Pedaços de Mim, Dani, Marcão e Nina, Viajando na Maternidade, What Mommy Needs, Leite e Prosa, Super Duper, Colinho de Mãe, Minha Pequena Ísis (onde a Nine escreveu cartas que foram enviadas tanto pra quem votou a favor, como parabenizando quem votou contra).


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Não copie, inspire-se!

Como toda criança, aqui em casa o Nicolas copia tudo o que a gente faz. Ele  calça nossos sapatos, anda pela casa com minha bolsa pendurada no ombro e finge que conversa ao telefone, inclusive andando de um lado pro outro, com a cabeça meio tombada e imitando meu modo de rir.

Na minha infância era assim também. Lembro direitinho de quando eu cortei o cabelo de TODAS as minhas bonecas quando minha mãe fez o curso dela de cabeleireira. (Depois disso dava até pra eu montar um teatrinho de terror com bonecas carecas…)

Já na minha adolescência, me apaixonei pelos livros, poesias e músicas e adorava copiar trechos ao lado de um desenho meu pras minhas amigas.

Copiar os outros e ideias faz parte da nossa vida. A gente imita atitudes com as quais nos identificamos, repete piadas e expressões, usa conclusões de pesquisas de outras pessoas, nos inspiramos em uma música ou uma pintura e até copiamos um texto inteiro com o argumento de que “não poderíamos ter escrito melhor”.

E não há nenhum problema nisso.

O problema, é quando nos apropriamos dessas ideias como se fossem nossas, sem dar crédito ao real criador.

Pois hoje é dia de blogagem coletiva a favor da ética, honestidade e  transparência na blogosfera (e na vida!). A ideia foi da Carol e surgiu depois do perfil da Camila ter sido usado por outra pessoa como se fosse o próprio. E depois do grito da Camila, agora vêm surgindo outras histórias cabulosas de plagio entre blogs.

Feio.

E plagiando a própria Camila: “ Boas maneiras, boa educação e gentileza são grandes virtudes e valores que precisam ser aplicados em todos os tipos de relação, sejam elas íntimas, familiares ou virtuais.”

Selinho que a Anne fez. Clica na imagem pra conhecer o blog dela.

 


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Parêntesis pro movimento materno “sanguenozói”

Esse negócio de ter mães pelo mundo todo escrevendo blog é um barato. Sai de tudo… Você troca figurinhas sobre opções para um parto mais tranquilo, como melhorar o sono do seu filho, como lidar com as birras, como comer de forma mais saudável, percebe que não está sozinha quando tem dificuldade na amamentação e ainda discute política.

Dá uma passada lá no blog da Roberta pra maiores informações, mas adianto que anda correndo em boca miúda um projeto dos mais safados pra ser votado no Brasil logo, logo. O projeto de Lei Ficha limpa que permite qualquer criminoso a se candidatar a cargo público. Parece difícil, mas o negócio pode ficar pior do que está.

Me junto então ao coro das outras mães, por um melhor Brasil pros nossos filhos (afinal, um dia a gente volta pra terrinha!).

Pra assinar a petição contra essa Lei, passa aqui: Avaaz.org. Eu já assinei.