O lado cômico da maternidade


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O post gigante sobre o desfralde relâmpago da Lily

Se você acompanhou a saga cósmica que foi o desfralde do Nic, deve se lembrar que demorou horrores pra chegar num final seco e feliz. Começamos o processo quando ele tinha 2.5 anos, mas ele só foi desfraldar pra valer com 3.5 e mesmo assim com inúmeras escapadas por muitos meses depois disso.

Vocês não têm noção, gente. Foi MUITO xixi debaixo dessa ponte!

Já Dona Lily, mal completou sua segunda trajetória elíptica ao redor do Sol e pimba: desfraldou por completo aos 2 anos e 3 meses em apenas 4 dias.

Então você argumenta: Ah! mas é porque ela é menina, mas que ela seguiu o exemplo do irmão, mas porque ela simplesmente estava pronta e ponto. Pois então eu tenho que te contar, colega, que até vésperas do início do processo desfraldístico, Liloca ainda desfilava orgulhosa com suas fraldinhas postas e nem tchum pras calcinhas. Se eu a convidava pra se sentar no penico e tentar fazer um xixizinho que fosse, ela corria assombrada. Aterrorizada. Achava um insulto fazer xixi num troço que foi feito pra colocar na cabeça – de acordo com ela.

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Um dia, eu tive uma grande ideia e juro que acreditava que fosse funcionar. Lily tava no auge de imitar tudo o que a gente fazia… Queria vestir nossas roupas, calçar nossos sapatos, copiar nosso jeito de falar e até usar minha maquiagem.

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Então pensei, quem sabe ela não se anima e imita sua boneca favorita também?

E fraldei a boneca.

Deixei a Zoey de fralda por vários dias seguidos. Trocava as da Lily, trocava as da Zoey. Lado a lado, as duas amiguinhas. Até que numa bela manhã ensolarada, fingi uma voz de boneca incomodada e a Zoey me pediu pra tirar suas fraldas.

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E Zoey passou a usar calcinha.

Lily bateu palmas, comemorou, deu adesivo de trator pra boneca (seu preferido) e se revelou super solidária e companheira. Exceto pra querer usar calcinha também.

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Então de repente, Zoey começou a fazer a dancinha do xixi. Botava as mãozinhas na periquita, lançava olhares de “não dá mais pra segurar” e pediu pra usar o penico.

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Ficamos todas em polvorosa! O primeiro xixi da Zoey no penico, quanta emoção!!!

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Pois Zoey se sentou, ajeitou a melhor posição, esperou uns segundos e…? Ouvimos um barulho!!! Pra mim, era um nítido barulho de seringa esguinchando água por trás da boneca, mas pra Lily, era o mais puro, cristalino e verdadeiro xixi que ela já tinha visto!

Seus olhinhos brilhavam. Ela batia palmas, ria e levava as mãozinhas na boca como quem diz “não tô acreditando!”.  Zoey tinha acabado de fazer seu primeiro xixi no penico!!!!

Foi a performance da minha vida.

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Nisso, escolhemos um adesivo de trem pra Zoey, a abraçamos, beijamos, e a congratulamos por tamanha conquista!

Aproveitando o momento de euforia e êxtase, me virei pra Lily, segurei suas mãozinhas e disse: “agora é sua vez, meu bem! Quer tentar fazer xixi no peniquinho igual a Zoey?”.

E só fui encontrar a Lily 40 minutos depois, escondida dentro do meu armário, junto com a gata Zelda.

* * *

“Mas então o que foi que você fez, criatura?” – Você me pergunta afoita me saculejando pelos ombros.

Calma! Me solta que eu vou te contar!

 

O MÉTODO

Saiba você, colega, que não foi simplesmente tirar a fralda dela e deixar a coisa rolar. Eu segui um método que uma amiga me indicou e que tá cada vez mais popular nessas bandas de cá.

Juro que tentei resumir! 🙂

#1 Idade. A coisa mais importante de todas e que contrariou tudo o que eu acreditava até então é que quanto menor a criança, mais rápido e efetivo será o desfralde. A idade ideal é de 22 meses, mas costuma funcionar bem até por volta de 2 anos e meio. A partir daí, fica cada vez mais difícil, pois quanto mais velha a criança, maior é seu apego pelas fraldas e pela comodidade de fazer tudo ali, sem precisar parar de brincar. A criança maior fica mais resistente à mudanças na rotina, e como tem maior habilidade de se concentrar numa atividade, fica ainda mais complicado pra ela se dar conta dos sinais do corpo e correr pra atender ao chamado da mãe natureza.

#2 Comunicação. Eu sempre acreditei que a criança tivesse que apresentar a maior parte dos sinais clássicos de que ela está pronta. Entre eles, demonstrar grande interesse pelo penico (e afins) e ter um bom vocabulário pra poder comunicar suas necessidades básicas. Pois se eu fosse esperar a Lily cair de amores pelo penico, eu certamente estaria esperando até hoje e esperaria muito mais – então já vi que isso não é o essencial. E quanto à comunicação, basta que a criança consiga sinalizar o que ela quer de alguma forma, e se a gente pensar bem, não tem nada a ver com a fala em si, mas mais com a expressão corporal envolvida, não?

#3 Intensivão. O método é intensivo e foi feito pra desfraldar em 3 dias, mas eu acho mais garantido planejar 5.Eu escolhi um final de semana prolongado de 4 dias, quente o suficiente pra ela poder ficar só de calcinha. Como trabalho em casa, se eu precisasse de mais um dia não seria tão complicado.

#4 Dedicação e foco. Essa é a parte crucial do processo! Pro programa funcionar, a pessoa desfraldadora precisa se dedicar 100% à criança durante aqueles 3 a 5 dias, senão NÃO funciona!!! Além da dedicação, vale lembrar que é necessário: amor, consistência, reforço positivo SEMPRE, paciência e FOCO.

Pois agora pense numa pessoa acostumada a fazer MIL coisas ao mesmo tempo, tendo que fazer só UMA por 4 longos dias!!! Gente, eu quase morri de tédio. Mas tem que ser assim, tem que esquecer de celular, televisão, candy crush, seriadinho, trabalho por fazer e internet (tchau facebook!!!). Nada de ficar sassaricando na rua, cismar de fazer faxina, sair pra fazer compra ou ir na casa da Maricota fofocar. Tem que ficar em casa com a cria desfraldenta o tem-po-to-do. Dedicação total? É disso que tô falando. E mais! Tem que  verificar com antecedência se a geladeira tá cheia e planejar as refeições uns dias antes (congeladas, delivery, alguém pra cozinhar).

Daí, com todo o esquema montado, mantenha o FOCO na cria. Aprenda a ler os sinais de quando ela precisa ir ao banheiro e esteja ao lado dela em CADA escapada de xixi. Se ela sair de perto, vai atrás. Se você tem que ir pra outro cômodo, leve ela com você. Gruda mesmo.

Agora, se você tiver outra criança, sugiro conseguir alguém pra ficar com ela nesses dias. No meu caso, eu tive que ficar sozinha com os dois por 2 dos 4 dias, mas garanti que o Nic tivesse muita distração pra não me atrapalhar (muito).

#5 Nunca pergunte à criança se ela quer fazer xixi. A resposta certamente será “não”. Diga somente e quantas vezes forem necessárias (eu repeti umas 248929 vezes durante esses 4 dias): “quando quiser fazer xixi, fala pra mamãe”. Pronto, só isso. Não pergunte, diga.

#6 Repetição e consistência. De tanto você repetir essa frase na hora que a criança já está fazendo xixi e levá-la ao banheiro imediatamente (demostrando na prática o que você espera que ela faça), vai ter um momento que vai dar um click na cabecinha dela e ela vai matar a charada. Com a Lily aconteceu no final do primeiro dia (pro cocô demorou até o último).

#7. De tempos em tempos convide a criança a checar se a calcinha ou cueca está sequinha. Repita muitas vezes: “sua calcinha tem que ficar sequinha, tá?” e em seguida: “fala pra mamãe se você tiver que fazer xixi”. Isso vai ajudar a ela a entender onde querem chegar.

#8 Jamais perca sua paciência ou castigue a criança. Espere que o primeiro e o segundo dia terão MUITOS acidentes. É assim mesmo! Mantenha toda uma aura de calma, tolerância e compreensão da natureza humana. Não use palavras negativas e nunca diga “OH, NÃO!”ou “DE NOVO?” ou “QUE PENA…” ao ver a criança numa poça de xixi. Simplesmente pegue a criança nos braços (o ideal é pegá-la na hora que ela tá fazendo, não depois, por isso tem que ser grude!), levá-la ao penico imediatamente e dizer “olha, sua calcinha molhou, tem que ficar sequinha. Da próxima vez fala pra mamãe quando quiser fazer xixi”.

#9. Jamais peça que a criança se sente no penico pra tentar fazer xixi ou cocô. Jamais. Nem mesmo pra ficar lendo um livrinho. Pois dessa forma, ela vai começar a ver o penico como uma punição, mesmo que ela goste muito de livros (afinal, porque ela tem que ficar sentada justo ali pra ler?).  Tampouco obrigue a criança a ficar sentada no penico no caso de você ter certeza que ela precisar ir, pois isso é uma forma sutil de coerção, que favorece a autoridade mais que o companheirismo. Prefira que ela faça na calcinha e repita pra ela o que ela deve fazer. Ela vai acabar aprendendo.

#10. Elogie, faça festa, comemore sempre. Seja um xixi perto do penico, a tentativa de fazer cocô ou mesmo uma calcinha seca por vários minutos. Eu comecei dando adesivos pra Lily, mas pra falar a verdade, ela não ligou muito e somente a comemoração a cada vitória dela bastou pra manter ela motivada.

#11. Jamais ofereça adesivo (ou outro prêmio) em troca pelo xixi ou cocô. Ela tem que fazer xixi porque está com vontade, não porque vai ganhar algo.

#12. Soneca. Não coloque fralda pra ela dormir! Faça o possível pra colocar a criança pra dormir logo após ela ter feito xixi (seja no penico ou na roupa). Normalmente as crianças permanecem secas durante a soneca, mas vale a pena ficar do lado dela enquanto ela dorme.

#13. De noite. O método pressupõe que a gente tire a fralda por completo, pedindo a criança pra fazer xixi antes de deitar e acordando ela por volta das 11 pra fazer. Com a Lily a gente deu sorte que deu certo, mas conheço muita mãe que optou por colocar pull-ups pra dormir e acho que tudo bem.

#14. O cocô – Em geral é o maior desafio pras crianças. Se a criança está com medo de fazer no penico, a dica é deixar que ela comece a fazer na roupa mesmo e carregá-la pra terminar no banheiro, jogando o cocô no vaso ao mesmo tempo que ela se senta.

#15. Não se esqueça! Em qualquer circunstancia, por mais desagradável e inconcebível que lhe pareça, trate sempre a criança com amor e consideração. Ela é pequena e está aprendendo!

 

OUTRAS OBSERVAÇÕES

– A criança deve usar roupas leves – apenas uma camiseta e a cueca ou calcinha. Não coloque vestido pois atrapalha você ver se a criança está começando a fazer xixi e complica um pouco na hora de sentar no penico.

– Ajuda se você der mais líquidos pra criança nesses dias, pois daí vocês terão mais chances de treinar as idas ao banheiro. No caso da Lily, eu dei muito no primeiro dia (suco, picolé, água), mas chegou num ponto que eu senti que ela começou a ficar frustrada, pois era um xixi atrás do outro e não dava nem tempo dela processar direito o que tava acontecendo. Então, aumenta um pouco os  liquidos, mas não tanto.

– Jamais deixe passar nenhum acidente sem que você veja e atue.

– Repetindo: Seja consistente. Seja paciente. Seja amorosa. Essa experiência tem que ser positiva pra criança!

– Do que você vai precisar: Penico(s) ou redutor de vaso sanitário, cuecas ou calcinhas (cerca de 20 a 30), lenços umedecidos, líquidos, lanchinhos (incluindo frutas, que têm muitas fibras), presentinhos (adesivos, pequenos brinquedinhos, chocolatinhos) e muito material/brinquedos/livros pra desenvolver atividades com a criança e ajudar a passar o tempo.

 

A EXPERIÊNCIA COM A LILY

Eu acho que peguei ela no momento exato, quando ela estava com a mente aberta pra novas experiências. Se eu tivesse deixado ela ficar mais velha talvez o resultado não teria sido tão rápido.

Dia 1 – No primeiro dia ela teve milhões de escapadas de xixi e em todas eu levei ela pro penico imediatamente enquanto repetia a frase desfraldante. No final da tarde ela começou a comunicar que queria fazer xixi, mas estava eufórica demais pra fazer todo o xixi de uma só vez, então fazia às prestações e muitas vezes na calcinha (enquanto pulava de emoção). A soneca foi sequinha e consegui colocar ela pra dormir logo após uma escapada grande de xixi no chão. De noite foi o momento mais tenso. O método sugere retirar a fralda por completo, então decidimos arriscar pra ver no que dava (detalhe: ela nunca tinha acordado seca na vida antes, mas por ela ser novinha, quando o “click” acontece de dia, em geral acontece de noite também). Então pra evitar o colchão molhado, primeiro coloquei um protetor plástico por baixo do lençol e levei ela pra fazer xixi por volta das 11. Ela não queria fazer de jeito nenhum, mas consegui convencê-la falando pra ela fazer um xixi-chuva pra eu ver. Ela gostou da ideia, fez, voltou a dormir, e pra nossa surpresa, acordou sequinha no dia seguinte!

Dia 2 – Foram somente dois acidentes pela manhã e o resto do dia ela fez todo o xixi no penico! Como ela já estava pedindo pra ir, nesse dia eu comecei até a pintar uma parede da minha casa que há muito eu queria! (haha, não sei ficar quieta). Não era nada que exigisse muita concentração, então funcionou. Ela estava tão bem, que no final do dia até começou a ir sozinha pro penico, sem me pedir, mas mesmo assim eu corria pra ajudar ela a se limpar e lavar as mãos. No entanto, quando o papai e o irmãozinho chegaram do passeio que fizeram, ela ficou eufórica demais e teve duas escapadas seguidas (acho que ela perdeu o foco do processo por um momento). Por isso a importancia de tentar manter uma rotina previsível nesses dias de desfralde. A soneca e a noite também foram sequinhas!

Dia 3 – Poucas escapadas de xixi e nada do cocô – eu estava começando a ficar preocupada. Durante a soneca ela fez um pouco de xixi no berço, após dormir por 1 hora. De noite ficou seca.

Dia 4 – Dia excelente com nenhuma escapada de xixi – ela passou o dia todo com a mesma calcinha. Nesse dia até cheguei a levá-la na loja pra comprar um pincel (pra eu terminar uns detalhes na pintura da parede, haha). Ela foi sem fralda e avisei que o penico estava na parte de trás do carro, então se ela quisesse fazer xixi era só me falar que eu pararia o carro. Não precisou. Esse dia foi tão bom que ela até assistiu Mary Poppins e parou pra fazer xixi no meio do filme! A soneca foi seca e no final do dia ela começou a mostrar vontade de fazer cocô, mas toda vez que sentava no penico ela ficava aterrorizada e levantava sem fazer. Até que de repente ela fez um pouquinho, depois mais um pouquinho e ficou por isso mesmo.

O cocô: foi a parte mais complicada do processo e só depois de 2 semanas é que ela se sentiu confortável pra fazer no penico. Durante essas duas semanas ela chorava muito com medo e passava o dia todo tentando, mas ao sentar no penico ela se levantava imediatamente e dizia que não queria mais. E quando finalmente fazia, era por prestações (um dia chegou a fazer em 8 partes!). Foi complicado especialmente se a gente precisava sair. Nesse meio tempo ocorreram VÁRIOS acidentes na calcinha (algumas vezes tive que jogar fora), mas assim que ela fazia eu levava ela pro vaso pra terminar lá. Num belo dia, ela disse que queria fazer cocô, meu marido a levou, pegou o violão e começou a tocar enquanto ela tentava e foi a primeira vez que ela fez tranquilamente e de uma só vez. A partir desse dia ela tem feito sempre sem problemas.

O xixi: não tem nem 3 semanas que ela desfraldou e já fizemos todo tipo de passeio de carro com ela, com apenas 1 escapada. A maior parte dos dias ela passa sem escapada nenhuma, mas eventualmente tem uma ou outra. Apenas um dia ela teve 4 acidentes no total, mas foi um caso isolado. A maioria das sonecas são secas e as noites também, e se de vez em quando acontece um acidente, e tudo bem, faz parte.

CONCLUSÃO SOBRE O DESFRALDE DO NIC

Eu nunca vou saber se esse método teria sido ou não eficaz com o Nic, mas sinto que sim. Eu só comecei o desfralde dele quando ele já tinha completado dois anos e meio, mas me lembro que por volta dos 2 ele começou a apresentar interesse em tirar a fralda. Nessa época, eu analisei a lista de sinais de que indicam se a criança está pronta ou não, e achei que ele não estava, então resolvi esperar (que pena!). Quando por fim eu comecei, eu perguntava a ele com frequencia se ele precisava fazer xixi e a resposta era sempre “NÃO”; então eu ficava inventado formas de convencê-lo a ir ao banheiro. Ou seja, fazendo isso, eu não deixava que ele percebesse os sinais do seu corpo, pois quem estava liderando o processo era eu, não ele. Além do mais, eu estava sempre pedindo a ele que se sentasse no penico e tentasse fazer xixi. Ali sentado a gente lia livros, cantava músicas e inventava histórias, até que chegou num ponto que ele tomou birra de tudo por completo. Ele odiava o penico, os livros sobre penico, e todo o processo de desfralde. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente, com certeza.

PS: Eu escrevi tanto e mesmo assim faltou falar muita coisa. Se você quer ler o método em detalhe, vai nesse site aqui, onde a apostila está à venda (em inglês). E não, a mãe que escreveu esse método não está me pagando pra fazer propaganda pra ela. Na verdade ela nem sabe que eu existo. 🙂

PPS: Se tiver dúvida, pode me perguntar à vontade, que se eu puder ajudar, eu respondo nos comentários.


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Blogando do céu

Empacotei não, viu gente?

Mas tinha que vir aqui contar que neste exato momento, estou eu, a mais de 10.000 m de altitude, SOZINHA com duas crianças e ainda escrevendo este mesmo post que você lê agora.

Como é possivel algo tão sem precedentes? Quantas vezes eu já viajei com o Nic MAIS marido e mal tinha chance de ir sequer ao banheiro? Terei eu batido a cabeça, desmaiado e agora estou sonhando que blogo enquanto meus filhos tocam o terror dentro do avião? Terá a mãe natureza me ouvido e finalmente me presenteado com braços extras, os quais utilizo mesmo sem perceber? Estarei eu completamente insana e delirante?

Não, amigas. Vocês ja devem ter ouvido falar de milagres, não? Pois é justamente um que vivencio neste momento, posto que Liloca dorme há mais de 1 hora e meia (mesmo comigo sentada, sem balançar pralápracá, nem nada) e Nic (que voltou a ser menino desfraldado, contei não?) brinca qui-e-ti-nho com seu único carrinho novo. Sim, tudo na santa paz, sem escândalo dela pra dormir, sem birra dele porque só viaja se for no lugar do piloto ou qualquer outra esquisitice. Sem nada. E ainda num avião pequeno, lotado, quente, cheio de atendentes enlouquecidas com o cabelo da Lily e SEM uma única televisão. Te disse: mi-la-gre.

Assim, eu, sem ter mais o que fazer, já que quando viajo com criança não carrego livro, nem revista, muito menos palavras cruzadas, resolvi escrever post. Quem não haveria de?

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melhor foto que consegui tirar de dentro do avião com a tablet

***

Pois bem, contei pra vocês que minha irmã está passando 3 meses com a gente, né? Tinha me esquecido como é gostoso ter irmã da gente pra papear o dia todo. Isso sem nem contar a ajuda dela com a casa e as criançatudo, obvio! Mas tô falando de conversa mesmo, botar tudo em dia, falar dos planos e inventar assunto. A gente ri tanto juntas, que às vezes até esquecemos do motivo.

– Do que mesmo que a gente tá rindo?
– Sei não, só sei que era engraçado pra caramba – e continuamos a rir, as duas bobas.

Também somos daquelas com a irritante mania de começar um assunto já no meio dele, sabe comé?

– Tô achando que o turquesa vai ser melhor – diz uma das duas do nada. E a outra sempre vai ter o poder de advinhar do que se trata. Anomalia cognitiva fraterna, só pode.

***

Mas daí que a Patti já tá aqui há mais de dois meses. Saiu do Brasil quando se formou na faculdade e terminou com o namorado. Então, eu brinco com ela que ela vai acabar conhecendo um gringo bonito e boa gente e nem vai embora. E ainda digo que ela podia aproveitar essa profusão de ursos por aqui e ir a um parque ali do lado, altamente freqüentado por escaladores sarados do mundo todo, pra panfletar sobre os cuidados que se deve ter em terra de urso. Panfleto vai, conversa vem, vai que, né?

A gente já deu boas risadas sobre isso, mas ainda nada de panfletagem. Também, né gente, vocês me explicam, como é que se panfleta quando se tem sempre um bebê anexado à pessoa? Culpa minha não, juro! Culpa dessa fofura chamada Liloca que nao deixa a tia resistir de SEMPRE querer sair pra passear com ela e ainda por cima no sling, ali bem agarradinha.

***

Acontece, que surgiu do marido ir conferenciar em terras americanas e eu, como há muito não viajava, animei de ir pra passar metade do tempo lá com ele. Mas ao invēs da Patti tirar o visto pra nos acompanhar, vimos aí a grande oportunidade dela curtir um pouco uma vida livre de rotina e crianças, né? Foi assim que nos separamos por alguns dias pra vivermos aventuras diferentes. Eu, indo pra uma cidadezinha nas Montanhas Rochosas com essas duas criaturas pequenas e surpreendentes, e ela, num Hostel maneiro em Vancouver livre pra tomar uns goró um café sossegada, praticar o inglês, começar um blog e até mesmo fazer uma panfletagem se quiser. 🙂

***

Quanto ao voo, no final das contas, Nic caiu no sono também e Lily continuou dormindo até o avião pousar. Quando eu imaginei que um dia blogaria do céu com duas criancas pequenas e sem estar usando a internet divina, minha gente? 🙂

***

E pra não perder a oportunidade, aí vão algumas fotinhas…

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Liloca curtindo um quarto de hotel

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sijogando num biscoitinho de cereal de arroz

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e Nic, dizendo ser ele um carro com um farol de gravetos. Não esquece o mundo motorizado nem quando fazemos caminhada entre as árvores e ao longo de rio. Vai gostar, viu?


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No Canadá, Lu Azevedo fala da plenitude que é ser mãe – Entrevista Exclusiva

Há pouco mais de um ano eu dei uma entrevista exclusiva e cheia de gramur pra Revista Caras. Pois agora, olha só quem me procurou? A Quem!

– Quem???

Pois é, foi exatamente essa minha reação.

Ah, outra coisa. O leitor assíduo talvez note que eles erraram ao transcrever minha idade. Não é 27, é 26 viu, gente? 🙂

Enjoy!

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Radiante com a chegada da caçula Lily, Luciana conta como é a vida de mãe no Canadá e sobre como perdeu os quilos após a gravidez.

A ilustradora e ex-geóloga Lu Azevedo (27) está vivendo um momento pleno em sua vida e revela com lágrimas de emoção como é maravilhoso ser mãe de Nicolas (3) e Lily (2 meses), frutos da feliz união com o geólogo Rafael (32). “Gerar vidas é uma espécie de milagre”, declara ela. Mas nem tudo são flores e ela conta que atualmente o marido tem viajado bastante a trabalho. “Essa é a parte mais difícil. Como a maioria das famílias daqui, também não temos empregada nem babá. Dar conta de tudo sozinha quando ele viaja tem sido meu maior desafio”, desabafa ela. “Minha sorte é que aqui já fiz grandes amigos que estão sempre tentando ajudar de alguma forma”.

>>De bem com o espelho

Apesar da correria, a ilustradora não descuida do visual. Usando um wrap dress preto, ela conta que o vestido-envelope é a melhor opção pra mulher que acabou de ter filho, pois além de facilitar a amamentação com o decote em “V”, ainda tem a vantagem de disfarçar a barriguinha que sobrou e valorizar a cintura. “Tenho sorte de já ter perdido quase todos os quilos que ganhei na gravidez. Os quilos à mais agora estão aqui e aqui ó”, conta ela aos risos apontando pra barriga e pros seios cheios de leite. Ela também garante que o grande segredo pra se perder peso além de amamentar, é não ter babá. “Não tenho outra opção senão viver correndo atrás do Nicolas”.

>> Mudança pro Canadá

Já no próximo mês de Maio a família completa dois anos que trocou o calor da Australia pelos invernos rigorosos do Canadá. “Mudar pro Canadá foi uma decisão totalmente pessoal, minha e do meu marido. A gente adora morar aqui. O clima é frio, mas as pessoas não, elas são super amigáveis e calorosas”, conta ela com entusiasmo lembrando que no dia que se mudaram os vizinhos bateram na porta trazendo um bolo caseiro de boas vindas. “Parecia coisa de filme”, comenta ela.

>> Como é ser mãe no Canadá

Luciana também conta, que bem diferente do Brasil, no Canadá não existe a cultura de se fazer lembrancinhas pras pessoas que vão visitar o bebê. “Aqui ninguém está preocupado com isso, o que é um grande alívio pra mim! Senão de onde eu iria tirar tempo pra fazer tanta coisa?”, completa ela bem humorada. Luciana também conta que uma prática muito comum na vizinhança onde mora são os amigos se oferecerem pra levar uma refeição nas primeiras semanas que a mulher tem o bebê. “Fiz uma sopa super nutritiva pra uma amiga que teve filho antes de mim e depois ela retribuiu com uma travessa de lasanha. Fiquei dois dias sem precisar cozinhar”, lembra com um sorriso.

Outra diferença marcante são os presentes. “Com o nascimento da Lily ganhamos vários livros, brinquedos e até roupas dos amigos que já tinham sido usadas pelos próprios filhos deles”, revela com admiração. “Achei muito legal, pois sou super a favor do consumo consciente. Pra que comprar tudo novo se as crianças crescem tão rápido? Não faz sentido”, completa. Luciana também conta que outra coisa que ela gostou, foi a forma considerada como muitas pessoas entregaram seus presentes. “Eles simplesmente deixavam o embrulho na nossa porta. Fizeram isso pra não incomodarem mãe e bebê. Achei super bacana”.

1. Mais alguma curiosidade de se ter filho no Canadá?

Uma coisa que ando reparando é que raramente encontro meninas com orelha furada aqui, sabe? Aliás, em geral é até difícil diferenciar meninas de meninos, pois além da falta do brinco, a maior parte das meninas pequenas daqui também não costumam usar muitos enfeites e babados. Várias vezes cheguei a perguntar qual é o nome “dele” e era menina.

2. A Lily não tem brinco. Você pensa em furar a orelha dela?

Não. Todo mundo fala que não dói, mas não sei… E tive tanto problema de inflamação na orelha mesmo usando brinco de ouro, que prefiro não arriscar. Acho também que não furaria a orelha dela somente em nome da estética e pra identificá-la como menina. Cada mãe sabe o que faz, mas eu não ligo muito pra isso. Prefiro colocar uma tiara, um lacinho, sei lá. E o brinco fica pra quando a Lily for maior e decidir que quer um.

3. E como é o sistema médico no Canadá?

Excelente! Só tem algumas peculiaridades… Aqui por exemplo, eles nunca entregam os resultados de exame diretamente ao paciente. Eu mesma não tenho nenhum dos exames que fiz durante minha gravidez e curiosamente, nem mesmo um ultrassom particular que eu decidi fazer por conta própria. Todos os resultados sempre foram encaminhados pra minha midwife (parteira). Outra diferença do Brasil, é que aqui ninguém consegue consulta com um médico especializado sem antes passar por um clínico geral (GP) e este aceitar encaminhar o paciente. Pediatra por exemplo, é coisa rara. Nenhuma criança tem acompanhamento mensal com pediatra como é no Brasil e muito menos se consegue o número do celular dele! O pediatra só entra em cena se a criança tiver uma condição médica que exija mais cuidados.

Eu, como decidi fazer meu pré-natal e parto com uma midwife, foi ela também que acompanhou a Lily nas primeiras 6 semanas de vida. E foi um acompanhamento mais que especial. Durante as duas primeiras semanas as consultas foram na minha casa e eu não tive que pagar nem um centavo por isso. Ela veio quantas vezes eu precisei, me deu total ajuda na amamentação, suporte emocional (afinal eu chorava sem nem saber porque…), pesava a Lily e tudo o mais que fosse necessário. Depois das 2 semanas, eu é que tinha que ir ao consultório dela. E depois de 6, as consultas passaram a ser mensais e com um clínico geral, no caso, nosso médico de família.

4. Sendo agora mãe de segunda viagem, foi mais fácil segurar um recém-nascido, dar banho e coisas assim?

Tudo é mais fácil, mas juro que achei que não fosse saber mais nada. (risos) Pensei isso porque uma semana antes da Lily nascer, passei a maior vergonha segurando o bebê de uma amiga de forma totalmente desajeitada. Mas rapidinho a gente aprende de novo. Agora pra dar banho, dessa vez foi totalmente diferente. Com o Nicolas, tive até que assistir vídeo na internet pra saber como segurar o bebê, (risos) já que não tinha ninguém pra me ajudar, mas desta vez uma enfermeira no hospital nos mostrou como fazem aqui. Por causa do frio, costumam enrolar o bebê todo na toalha e começam lavando o rosto e o cabelo com um paninho. Depois colocam o bebê na banheira, muitas vezes ainda enrolado na toalha pra não traumatizar. (risos) Eu fiz assim até pouco tempo atrás. Outra coisa é que aconselharam dar banho um dia sim outro não, pra não tirar a oleosidade natural e ressecar a pele do bebê. Sem falar que recém-nascido não fica sujo, né? Só fazer uma limpeza nas partes baixas e tá tudo bem.

5. E como o Nicolas tem lidado com a chegada da irmã?

No início, uma beleza, até mesmo quando minha mãe foi embora. Mas hoje em dia voltou a usar fraldas por estar tendo muitas escapadas de xixi e infelizmente tem ficado cada dia mais manhoso também, chorando por qualquer coisa. Tem sido desgastante, mas a gente sabe que é uma fase, que é normal e estamos fazendo de tudo pra ele se sentir querido e parte essencial da família.


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Nic desdesfraldou…

Xixi cueca… cocô cueca… neném de novo… fralda de novo… 3 anos… 5 meses…
Supermercado… fralda RN… fralda GG…
Mãe catatônica… lágrima canto olho…
Regressão… paciência…
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Miabraça?

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Update: Nic se recusou a usar fralda hoje e tem voltado a ir ao banheiro!!! Agora posso enxugar essa lágrima no canto do olho e deixar essa catatonice de lado. Maternidade de dois volta a ter esperança. 😀


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“Pequeno” guia do desfralde, parte 5 de 5 – Soluções pra alguns problemas

Primeiro, tenha sempre em mente o grande mantra do desfralde-que-parece-infinito: Demore mais, demore menos, o desfralde SEMPRE acontece.

Segundo, saiba que você pode até ensinar a criança, prepará-la com as ferramentas necessárias, ser positiva e apoiá-la sempre, mas o resultado final está 100% nas mãos dela (dá cá um abraço, amiga).

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Então bora lá? A Pantley, no seu livro sobre desfralde, enumera algumas soluções pra alguns problemas que podem surgir durante o processo. Achei que valia a pena traduzir e listar alguns aqui.

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Motivos mais comuns pelos quais a criança não desfralda: Ela não está pronta fisicamente; não está pronta emocionalmente; não entende o que deve fazer (comunicação); se distrai muito facilmente; está entediada com o processo; tem medo ou desconforto com alguma coisa; a relação entre desfraldante e desfraldador já ficou desgastada; existe muito stress ou pressão durante o processo; a pessoa desfraldadora não tem expectativas realistas; a pessoa desfraldadora não está pronta (falta de paciência, tempo ou energia pra continuar); há dois desfraldadores (pais separados, casa e escola, mãe e babá, mãe e avó) e ambos estão seguindo planos diferentes de desfralde; o desfraldador anda tratando acidentes normais como falha da criança; a rotina não se ajusta aos horários da criança ir ao banheiro; a abordagem não combina com a personalidade ou estilo de aprender do desfraldante; existe um motivo médico por trás (constipação, infecção, alergias, outro).

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Alguns probleminhas que porventura podem aparecer no caminho:

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A criança parecia pronta, mas não está dando a mínima pelo desfralde.

O que pode ajudar: tentar ler diferentes livrinhos sobre o assunto; usar um irmão, um amigo ou primo pra dar o exemplo; deixá-la brincar totalmente sem roupa várias horas no dia; passar alguns dias de férias em meio à natureza ou praia onde ela possa ficar totalmente à vontade.

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Tudo ia bem, mas de repente a criança se recusa a ir ao banheiro.

Possíveis motivos: muito stress envolvido, pressão demais, desgaste entre mãe e filho, constipação ou outro problema físico

O que pode ajudar: dê a ela um tempo de uma ou duas semanas; tente tornar as visitas ao banheiro mais divertidas; peça ajuda de outra pessoa (avós, babá, ou quem mais com paciência zerada possa ajudar); dê a ela muitos líquidos pra facilitar as idas ou consulte um pediatra se você acha que o problema é físico.

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Acidentes em excesso

O que pode ajudar: acidentes são normais, mas se eles não diminuem com o tempo, tente ficar mais atenta aos sinais da criança que mostram que ela precisa fazer xixi ou cocô; convide-a pra ir em horários regulares e preste atenção se por acaso você dá à criança mais atenção (boa ou má) quando ela deixa escapar xixi do que quando ela usa o banheiro. Não deixe isso acontecer. Limpe as escapadas pacientemente e dê a ela muitos abraços sempre que ela usar o penico.

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A criança faz xixi, mas nunca faz cocô no banheiro

Possíveis motivos: ela não se sente à vontade; fazer cocô é algo demorado demais e ela não tem paciência de ficar sentada esperando; se sente desconfortável com a sensação de fazer sentada (já que ela está acostumada a fazer em pé ou se movimentando); não gosta do respingo de água ou xixi no seu bumbum; está com medo de sentir dor, talvez porque alguma vez teve dificuldade em fazer um cocô mais duro.

Primeiro, não tente resolver o problema sem antes tentar entender porque ele existe.

O que NÃO fazer:

– jamais fique brava, jamais castigue ou envergonhe a criança por isso. Ela não está fazendo isso de propósito e talvez se sinta tão perdida quanto você.

– não force a criança a sentar no penico e tentar fazer. O cocô vem quando o corpo está pronto e forçar esse momento pode gerar frustração, além de fissuras, dor ou hemorróidas.

– nunca a faça segurar o cocô. Se você nota que é hora dela ir, procure um banheiro imediatamente.

O que fazer:

– se assegure que a criança esteja bebendo muito líquido: água, suco de maçã, pera, cranberry, uva, mamão e ameixa, e consumindo comidas ricas em fibras: vegetais (especialmente os crus), frutas, grãos, arroz integral, aveia, etc

– limite comidas que constipam: banana, arroz branco, queijo, refrigerante, junk food, açúcar refinado, doce, suco de laranja ou outros cítricos.

– se ela tem estado constipada, aplique lanolina localmente antes dela fazer cocô

– esteja atenta aos horários que normalmente o intestino funciona: ao acordar e 10 a 30 minutos depois das refeições

– se a criança fez cocô na calça, leve-a calmamente ao banheiro, dê descarga no cocô e diga que o lugar dele é no vaso. Sente-a no vaso pra limpar seu bumbum.

– se a criança só faz cocô na fralda (ou calcinha/cueca), sugira a ela se sentar no penico pra fazer dizendo que tudo bem ficar vestida. Uma vez que ela vencer essa barreira, coloque a fralda dentro do penico pro cocô cair lá dentro. Depois tire tudo completamente.

– experimente dar privacidade à criança na hora de fazer cocô ou senta-la no penico em algum lugar neutro e mais relaxado (lugares onde ela brinca, ou próximo à televisão)

– se assegure que as pernas da criança não estejam balançando no ar. Colocar os pés no chão ou sobre um banquinho dá a ela maior estabilidade.

– abrace a criança sentada no penico e incline-a um pouco pra frente contra seu corpo. Essa posição favorece a eliminação do cocô.

– empreste a ela um iPod ou similar com algum aplicativo divertido (ou livros) pra ela se distrair enquanto relaxa pra fazer cocô

– encoraje a criança a relaxar ao invés de forçar a saída do cocô. Se o cocô está saindo duro e ela está tendo dificuldade, ofereça um copo de água, alguma fruta e tente novamente em uns 20-30minutos.

* * *

Viagens de carro e passeios

Eu esperei até o Nicolas estar totalmente desfraldado durante o dia pra sair com ele sem fraldas. Sempre converso com ele antes de sair dizendo que ele deve me pedir pra parar o carro quando ele quiser fazer xixi, coloco uma proteção plástica na cadeirinha e levo algumas mudas de roupa caso algum escape ocorra. Pra andar de ônibus ou metrô, sugiro que a pessoa desfraldadora, além de orações pra Nossa Senhora da Não-Escapada, espere até que a criança atinja um nível em que ela consiga pedir com antecedência e segurar o xixi por mais tempo.

Sempre que levo o Nic ao supermercado ou outro lugar, escaneio os arredores por um banheiro ou mesmo uma moitinha. Temos a sorte do Canada ser relativamente bem servido de banheiros públicos, mas se não fosse, colocaria o penico no carro pra qualquer lugar que eu fosse (ônibus seria mais difícil, né?…). Aqui também é bastante comum ver crianças (meninos e meninas) fazendo xixi numa moitinha ou atras de uma arvore. Uma boa posição (tanto pra fazer no chão e evitar molhar os sapatos, como em banheiros públicos pra não sentar diretamente no vaso) é segurar a criança “de cadeirinha”.

Tenha cuidado pra nunca sair de casa sem antes levar a criança ao banheiro e colocar roupas fáceis de tirar (parte complicada no inverno daqui, mas está dando tudo certo até agora).

* * *

Desfralde noturno

Mais uma vez, depende do tempo da criança e não é algo que você possa ensinar. Algumas pessoas criam o habito de levar a criança ao banheiro no meio da noite – algo que eu definitivamente não faço – e têm sucesso. Então depende de você.

Pra ser capaz de controlar o xixi pela noite a criança precisa atingir maturidade BIOLÓGICA, onde os rins conseguem enviar um sinal ao cérebro quando ela está dormindo. Se o cérebro estiver dormindo tão profundamente que não capta o sinal, a bexiga é pequena demais pra conter o liquido produzido ou o corpo produz urina em excesso à noite (ocorre principalmente no inverno, já que o corpo não produz suor) vai ocorrer uma escapada na cama. À medida que a criança crescer, o biológico vai se ajustar e tudo se resolver – mas escapadas noturnas ainda são consideradas normais até os 6 anos (eu que o diga!). 😀

Portanto, a melhor dica pra um desfralde noturno tranquilo é encorajar a criança a beber menos liquido 2 horas antes de dormir e tirar a fralda somente quando ela amanhecer consistentemente seca no dia seguinte.

E boa sorte pra todos nós!

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Alguns links úteis:

O método que apliquei com a Lily, minha caçula, e que no final das contas achei muito menos traumático, rápido e eficaz. De verdade.

Amigos da Soluções e Pediatria Radical – duas das poucas comunidades do Orkut que valem a pena. Falam sobre todo tipo de assunto materno, incluindo discussões de mães e pais sobre dificuldades relacionadas ao desfralde. A primeira é baseada no mesmo livro que eu li da Pantley.

Baby Center – ótimo conteúdo sobre o assunto com várias dicas úteis

Diaper Free Baby – é um link que o Rogério indicou, ensinando o método Elimination Communication (EC), onde o bebê pode ser desfraldado bem cedo, desde que você aprenda a observar seus sinais de eliminação.

How to Potty Train your Infant – um post que eu gosto muito falando também sobre a EC, do blog Simple Mom.

Manual do Desfralde – o que funcionou por aqui – ótimo post escrito pela Sarah contando como foi a experiência de desfralde com o Bento.

Fase I – O (pré) desfralde – mais um post cheio de sensibilidade da Flávia, mãe do Astronauta.

Aspectos importantes no desfralde – post da Elizabeth com dicas da escolinha da Sofia

* * *

Este foi o último post do “Pequeno” Guia do Desfralde. Os posts anteriores foram:

Parte 1 – Meu filho está pronto?

Parte 2 – O pré-desfralde

Parte 3 – Preparando pra começar!

Parte 4 – O desfralde!

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Outros posts falando sobre a saga do desfralde do Nicolas:

Tá sentada? Nic des-fral-dou!!!

Cuidado, o Universo talvez não saiba soletrar!

O primeiro voo do helicóptero

O desbunde

Um conto de fraldas

* * *

Ufa! Consegui acabar antes da Lily nascer! Vou dando notícias! 😀


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“Pequeno” guia do desfralde, parte 4 de 5 – O desfralde!

Estratégias

Uma vez que você já tenha tudo o que precisa, crie uma estratégia pra começar o desfralde. Essa estratégia vai depender basicamente da personalidade do seu filho, da sua forma de ensinar e do tempo que você dispõe. Você pode decidir tirar a fralda diurna de uma só vez ou de forma gradual. Como aqui em casa o processo demorou por volta de 1 ano, tentamos as duas abordagens ao longo desse tempo.

1. Tirar de uma só vez costuma ser a forma mais eficaz. É ideal pra época de férias, quando você pode passar bastante tempo em casa e dar muita atenção à criança. Melhor ainda se estiver fazendo calor. Pra quem mora em lugares frios, sugiro aumentar o aquecimento dentro de casa durante o processo, forrar sofás e tirar os tapetes (se possível), já que o desfralde muito provavelmente vai ocorrer indoors e a chance de ter acidentes, pelo menos no início, é grande.

2. A retirada gradual pode ser mais demorada, mas é mais conveniente pra quem precisa sair muito durante o dia, ou pra quem acha que precisa de tempo pra se acostumar com a ideia e ver como o filho reage. Você pode começar deixando a criança sem fralda durante um par de horas no dia e ir aumentando o tempo à medida que ela for continuando seca. Ou então, tirar a fralda toda vez que estiver em casa e voltar a colocá-la na hora de dormir ou sair (inclusive pra ir pra escola se lá não houver opção de continuidade do desfralde).

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Facilite as coisas

1. Vista pro sucesso: Independente da estratégia escolhida, vista a criança com o mínimo de roupas possível e que sejam confortáveis e práticas de tirar (nada de jardineiras e calças com botões e zíperes).

2. Onde colocar o penico: A ideia é deixá-lo em lugares acessíveis, perto de onde a criança esteja brincando, assim tem mais chances dela chegar nele a tempo. Outra vantagem do penico em outras partes da casa é que tira um pouco a formalidade do processo, deixando a criança mais à vontade. A Flávia conta aqui que o João estava tendo muita dificuldade pra relaxar e fazer cocô no banheiro, mas quando ela teve a ideia de levar o penico pro quintal, perto de onde ele estava brincando, ele tirou de letra – possivelmente porque pareceu mais natural pra ele…

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Cocô e xixi

O primeiro cocô pode ser o mais difícil de acontecer. Nicolas demorou alguns meses até sentir confiança de depositar seu primeiro “biscoitinho”. Isso é algo que não se pode forçar de forma alguma, pois depende do amadurecimento físico da criança (controle dos esfincters) e do nível de relaxamento dela. Você pode tentar colocar o penico em outras partes da casa (como fez a Flávia) ou simplesmente permitir um tempo maior sentado no penico. Pra isso, tenha sempre à mão livros no banheiro, cante músiquinhas ou sente ao seu lado e jogue “conversa fora”.

No caso do Nic, dissemos que quando ele estivesse pronto e fizesse cocô no penico, que teria um helicóptero de brinquedo aguardando por ele (como contei aqui). E no dia seguinte ele simplesmente fez e com isso perdeu o medo (o que não quer dizer que tenha feito só no penico dali pra frente, mas já foi um grande avanço).

Já o xixi foi o primeiro a acontecer. Pra iniciar, incentivamos o Nic a fazer sentado no penico, sempre lembrando de colocar o pipi lá dentro pra não fazer no chão. Hoje em dia ele tem adorado fazer em pé e passou a fazer isso por iniciativa própria. E assim como o Bento, ele também adora fazer xixi no ralo quando está tomando banho. Alias, esse pode ser um ótimo momento pra encorajar quem ainda não fez xixi fora da fralda.

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Crie uma rotina

A princípio, pode ser difícil pra criança se lembrar de pedir pra ir ao banheiro, especialmente se ela está distraída brincando. Leva um certo tempo até que ela aprenda a ler os sinais do corpo, os interprete e responda à tempo. O Nicolas foi um exemplo que demorou MUITO pra desenvolver esse aspecto e pra ele era simplesmente mais natural fazer ali mesmo (e ainda continuar brincando).

Por isso, minha estratégia foi chamá-lo em períodos regulares durante o dia. Essa parte foi bem complicada, pois no início fiz mais ou menos como a Sarah com o Bento, sem definir intervalos certos, mas momentos chave: assim que ele acordava pela manhã, antes de comer e antes de dormir. Mas pro Nic não foi o suficiente, pois entremeio uma coisa e outra sempre tinha uma ou mais escapadas. Então passei a chamá-lo a cada duas horas e ele ainda tinha acidentes. Mas quando diminuí pra cada uma hora, ficou demais e ele passou a abominar o processo, se recusando a ir definitivamente. Foi aí que tiramos as nossas primeiras férias do desfralde.

Pra quem acha que lembrar a criança em horários regulares funciona, uma boa ideia pode ser ajustar o despertador com uma música divertida, assim a própria criança, toda vez que escutar pode sair correndo pra fazer xixi.

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Motive as idas ao banheiro

Mesmo a criança desfraldada ou em estágio avançado, precisa ser relembrada de vem quando pra ir ao banheiro. Fique atenta aos sinais de colocar a mão “lá embaixo”, no bumbum ou fazer a dancinha, pra lembrá-la de ir.

O Nic, mesmo tendo vontade, em geral responde “não” automaticamente se eu o pergunto “você quer fazer xixi?”. Assim, desenvolvi alguns métodos:

Ofereço opções: Você quer fazer fazer xixi no penico ou no vaso? Você prefere andar ou correr até o banheiro? Você quer fazer xixi antes ou depois do lanche?

Tento deixar as idas divertidas: Proponho uma corrida “Vamos ver quem chega primeiro ao banheiro?” ou o chamo pra seguir o trem (ou avião, ou foguete) “Olha o treinzinho pra Estação Penico saindo! Todos à bordo! Você vem, Nic? Piuíííí!”.

O truque da bolinha de ping pong dentro do vaso: ótima pra incentivar idas ao vaso (pra meninos), desafiando a criança a acertar a bolinha ao fazer xixi (em pé). Aqui em casa foi um sucesso!

Ou simplesmente aviso que eu vou: e digo a ele que ele pode vir também se quiser “eu sento no vaso e você no penico, que tal?”.

E no caso dele se recusar a ir mesmo assim, tento respeitar e não insistir.

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Comemore as vitórias

Como falei no post anterior, pode ser uma boa ideia recompensar as idas com adesivos ou outra coisa que a criança goste, mas mais que isso, é essencial mostrar entusiasmo toda vez que ela fizer certo. Só tenha cuidado com o exagero. Aqui em casa eu percebi que por varias vezes demonstrei tanta, mas tanta alegria pelo Nic ir ao banheiro que obtive o resultado oposto: chegou num ponto que ele não queria mais ir.

Comemoração em excesso pode passar a idéia de que aquilo é tão desejado pra gente, que o desfralde passa a ser uma responsabilidade grande demais pra criança e ela acaba ficando assustada e nervosa. Tente manter um mínimo de naturalidade ao comemorar os avanços do seu filho. 🙂

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Menino (a) grande

Esse é um discurso que funciona bem com a maioria das crianças, pois em geral elas são doidas pra serem maiores e fazer coisas de menino grande. Claro que com o Nic foi o oposto, né? Eu não podia nem sonhar em falar que “agora ele era um menininho grande e já poderia fazer tudo no banheiro sem precisar de fralda” que ele ficava bravíssimo e dizia que menino grande que nada, o bom mesmo era ser neném (pode ser por influência da irmãzinha à caminho…). No entanto, fica a dica. Tente também compará-lo com outras crianças que já estejam desfraldadas “Olha, o seu amiguinho Arnaldinho já não usa mais fralda, não é legal?”, ou quem sabe até personagens de que ele goste “Sabia que o Buzz Lightyear só usa cueca e faz tudo no banheiro?”. Bom, isso foi algo que também não funcionou com o Nic, pois ele sempre negava “não, ele não usa o banheiro não, faz tudo na fralda também.”

Mas enfim, de repente pode funcionar com seu filho. 😀

Boa sorte!

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PS: no próximo post vou tentar fazer um resumo de alguns problemas que podem surgir, com algumas soluções é claro, falar do desfralde noturno, além de passar alguns links úteis, falar algo que tenha esquecido ou que você queira saber (e eu saiba responder!)! Ufa! Tá acabando!


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“Pequeno” guia do desfralde, parte 3 de 5 – Preparando pra começar!

Então, a partir da observação dos sinais do seu filho, você decidiu que é chegada a hora do desfralde! A criança está pronta, você está pronta. E agora, o que fazer?

Antes de tudo, ajuste suas expectativas! A idade perfeita pro desfralde varia com cada criança. EM GERAL ocorre entre 18 e 32 meses, mas Nicolas por exemplo, desfraldou com 38 (3a 2m), enquanto uma coleguinha dele aqui demorou até os 3 anos e 8 meses e até hoje tem muitos acidentes.

No caso do Nic, apesar dos 3 anos completos, percebi que além do processo de desfralde que não avançava (ele já sabia fazer tudo no banheiro, mas nunca pedia pra ir e não se incomodava em estar sujo ou molhado, mesmo usando cuequinhas), ele também demonstrava outros sinais de ser emocionalmente jovem pra idade. Foi interessante perceber que na EXATA semana que ele desfraldou, começou a falar TODAS as frases usando a primeira pessoa, passou a interagir mais com as outras crianças e brincar junto, e não levar tanto as coisas na boca como ele ainda fazia. Foi um desenvolvimento geral.

Estatisticamente, meninas em geral desfraldam antes, mas isso não é regra! Pra qualquer criança o processo pode levar uma semana, mas também 6 meses, 1 ano ou mais… ou seja PACIÊNCIA é a chave. Não comece esperando um desfralde de novela, de um dia pro outro (né, Luciana?). Aprender a usar o banheiro deve ser uma experiência gradual e tranqüila.

E por último mas não menos importante, nunca se esqueça que deixar de usar fraldas não é atestado de inteligência ou esperteza!

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Então vamos nos preparar?

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Abordagem

Existem dois fatores mágicos que podem fazer seu filho miserável ou muito feliz; que podem transformar a experiência toda num desastre ou num sucesso absoluto. São sua atitude e paciência! A forma como você abordará o desfralde, pode definir o ritmo de todo o processo, lembre-se sempre disso! Não pressione, tente não ficar brava com os acidentes e não castigue jamais.” E. Pantley

*

Voltar ou não atrás?

Muita gente me falou que uma vez começado o desfralde, nunca deveria dar um tempo no processo. Mas percebi que no nosso caso, tirar férias do desfralde e voltar às fraldas foi essencial, não só uma, mas várias vezes. Se você percebe que está começando a perder a paciência toda vez que o xixi e o cocô escapam, que está esperando mais do que a criança está progredindo, que seu filho começa a se recusar a ir ao banheiro (trauma começando!) ou nunca ligou por estar sujo ou molhado, minha sugestão é: interrompa!

Continuar nessas condições pode piorar tudo, fazer seu filho se sentir um fracassado, indiferente ao processo (ah, quer saber, tô cansado disso, não quero mais não), provocar constipação ou infecção urinária, além do stress em casa.

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Suplementos necessários

1. Penico (troninho) ou redutor (adaptador)?

Eu achei que penico é bom por ser móvel, acessível à criança e por dar apoio aos pés. O maior inconveniente é ter que limpá-lo, mas isso eu faço colocando água ANTES de jogar o cocô fora. Ajuda a soltar! 🙂 Gostei bastante do redutor também, que pode ser usado depois que a criança já se acostumou ao penico e é conveniente pra levar pra outros lugares. Quanto ao troninho musical, na minha opinião é totalmente supérfluo, se a criança não está pronta, não é uma musiquinha *irritante* que vai fazê-la conseguir.

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2. Cuecas, calcinhas, fraldas de pano ou pull-ups (fraldas de treinamento)

Minha mãe sempre falou que nunca teve problema pra desfraldar os três filhos, pois ou vivíamos brincando pelados ou usávamos aquelas fraldas de pano, que quando molhadas incomodavam muito e até provocavam assaduras. Nos tempos de hoje, as fraldas são tão confortáveis, que a criança muitas vezes nem chega a sentir incômodo.

Então, minha primeira tentativa foram com as fraldas de pano modernetes, comprei 10. Infelizmente, apesar da minha boa intenção, constatei que morando onde eu moro, com chuvas 95% do ano, ter fraldas de pano é impraticável, simplesmente porque elas não secam a tempo e meu estoque teria que ser BEM maior.

Assim, passei pras cuequinhas, escolhidas pelo Nicolas. Mas eram tantos, tantos acidentes, por dias, semanas, meses, que me rendi às pull-ups. São super práticas pra tirar, seguram as escapadas, mas… são fraldas, né gente? Se Nic não se incomodava de estar molhado nem usando cuecas, que diria pull-ups. Daí, no caso dele, que ainda não estava pronto pro desfralde, achei essa a melhor solução até que o tempo dele chegasse e eu pudesse deixá-lo só de cuecas.

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3. Banquinho baixinho

Essencial pra quando a criança começa a usar o vaso e pra lavar as mãos. Aqui em casa temos banquinhos desses espalhados por toda a casa e o próprio penico tem uma tampa que fecha e vira um. Existem de todos os modelos, com escadinha, de madeira, de plástico. Eu comprei o mais simples e barato.

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4. Prêmios e incentivos

Muita gente é contra, mas aqui funcionou muito bem, principalmente no início, pra encorajar o Nic a fazer seu primeiro xixi e cocô no penico. O prêmio mais popular aqui em casa foram os adesivos. Não sei no Brasil, mas no Canadá se encontram livros inteiros só com adesivos de variados temas (Carros, Toy Story, princesas, etc).

Daí, a ideia é usá-los como recompensa a cada vez que a criança usar o banheiro. Nic colava os adesivos no penico, na sua cama ou numa cartela e a cada 10 ou 15 ele ganhava algo especial – um brinquedinho de 1 dolar, uma balinha, um m&m ou um passeio. A Silvania deixou um comentário dando a ideia pra amantes de carros como o Nic, de se fazer uma pista de papelão pra ir colando os adesivos ao longo dela. Quando a pista estiver completa, o menino ganha um carrinho de presente.

Mas cuidado, pois algumas ciladas podem aparecer no caminho… Nic por exemplo, aprendeu a trapacear e depois de um tempo passou a fazer xixi parcelado só pra ganhar mais adesivos ou segurava o cocô pra não fazer junto com o xixi e ganhar mais também. E com os prêmios, nunca consegui motiva-lo a comunicar sua necessidade de ir ao banheiro. Eu por exemplo, o encontrava todo mijado e então dizia “tá vendo, agora não vai ganhar adesivo, pois você já fez na calça, pra ganhar tem que ir ao banheiro” e com isso ele chorava e dizia que queria fazer no penico TAMBÉM. Corria no penico, fazia 1 gota de xixi e reivindicava o adesivo. Isso me fez abortar a estratégia e a partir de então passei a não dar mais recompensas por usar o banheiro, só elogios, beijos e abraços. Mas achei que pro início funcionou bem.

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5. Livros

Para os pais: recomendo muito esse livro da Elizabeth Pantley, do qual tirei várias ideias pra desfraldar o Nicolas e me senti menos perdida. Infelizmente, ele não existe ainda em português, mas pra quem lê inglês, sugiro comprar aqui ó, que não tem frete pra maior parte dos países, incluindo o Brasil.

Para a criança: apesar do primeiro mal-entendido, o livro “O que tem dentro da sua fralda?” é o preferido do Nicolas. A história é inteligente, as ilustrações são lindas e o livro é bastante interativo.

“Cocô no trono” foi um que MUITA gente recomendou, mas não sei porque nunca comprei. Deixo a dica.

Outro livro que o Nic ama (e a gente adora ler pra ele) é “Marcianos adoram cuecas”. A história é super divertida, as ilustrações muito fofas e apesar de não falar diretamente de desfralde, faz a criança captar que usar cuecas (ou calcinhas) pode ser o máximo.

Além desses há outros mais genéricos com barulho de descarga pra criança apertar, há um que só encontrei em inglês, mas que também gostamos muito (My big boy potty e My big girl potty) e também deixo a sugestão de se fazer um livro personalizado com fotos reais do seu filho sentado no penico, pegando papel higiênico, lavando as mãos, etc.

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Nossa, tô me sentindo tão disciplinada escrevendo estes posts todo dia. 🙂

Bom, mas agora vou lá que daqui a pouco tenho consulta com a midwife. Completo 39 semanas de gravidez hoje! Beijos e até o próximo post!


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“Pequeno” guia do desfralde, parte 2 de 5 – O pré-desfralde

Essa é uma etapa muito importante do processo, mas admito que só fui me dar conta disso depois de já ter iniciado o desfralde com o Nicolas. Mas se a gente pensar bem, vai notar que pra uma criança aprender uma nova habilidade, ela raramente vai desenvolver isso de uma só vez. É como aprender a caminhar. Primeiro vem o controle do pescoço, depois a criança começa a engatinhar, anda segurando nossa mão, os moveis, até os primeiros passos tremulantes (e aquelas pernocas gostosas?). A partir dai ela aprende a andar com segurança (e o bumbum rebolante?) e logo já estará correndo (volta aqui, menino!).

Da mesma forma, o desfralde não é uma habilidade que as crianças aprendem de um dia pro outro, do nada, né? O processo requer familiarização com tudo o que o envolve o desfralde antes dele ser iniciado pra valer.

A Elizabeth Pantley dá umas dicas bacanas pra essa etapa no livro dela:

1. fazer comentários casuais sobre o “processo de eliminação” toda vez que for trocar a fralda da criança – “nossa, olha só quanto cocô saiu do seu bumbum!” ou “sua fralda está molhada porque você fez xixi. Já a mamãe faz xixi no vaso.”

2. quando notar que ela está fazendo cocô na fralda, ajudá-la a identificar o que está acontecendo – “você está fazendo cocô agora. Quando você ficar maior, vai poder fazer isso lá naquele vaso”.

3. de vez em quando, jogue o conteúdo da fralda no vaso e deixe a criança dar descarga – “tchau, cocô!”.

4. trate tudo da forma mais natural possível (a autora sugere aqui evitar palavras negativas em relação ao cocô, mas o Nicolas sempre adorou quando eu falava “eca! que cocô fedido!”. Então acho que isso depende…).

5. no dia-a-dia, ensine o vocabulário básico ligado ao processo – partes do corpo, penico, vaso, descarga, papel higiênico, xixi, cocô e muitas palavras descritivas, como molhado/seco, lavar/secar, limpo/sujo, subir/descer, pare/vai, agora/depois, com/sem.

6. se se sentir confortável, deixe a criança te acompanhar quando você for ao banheiro

7. apresente um penico a ela (se você decidir comprar um) contando pra que serve e deixe-o no banheiro pelo menos nas primeiras semanas, pra que ela entenda a relação. Se ela se interessar, deixe-a sentar no penico com as fraldas ou roupas postas. Não force nada! Se ela quiser se levantar, permita.

8. incentive a independência da criança – por exemplo, abaixar e levantar as calças, tirar a jaqueta, o sapato, levar um prato à mesa ou subir no carro sozinha. À medida que ela for dominando cada coisa, vai ficar cada vez mais confiante e querendo fazer mais e mais. Esse tipo de atitude vai ser muito importante no desfralde.

9. leia livrinhos sobre desfralde (vou dar dicas em outro post), mas sem expectativas, somente pra que a criança se torne familiar com o assunto de uma forma divertida, lúdica e relaxada.

10. se o clima permitir, deixe-a sem roupa algumas horas no dia ou finais de semana


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“Pequeno” guia do desfralde, parte 1 de 5 – Meu filho está pronto?

[Oi, tudo bem? Eu escrevi esse guia assim que desfraldei meu primeiro filho, mas quer saber a verdade? Tem várias coisas nele que eu não concordo mais… Com minha segunda filha eu aprendi um método muito mais rápido e eficaz – portanto, se sua criança tem entre 22 e 30 meses, aconselho checar primeiro como eu fiz com ela. Se não funcionar, você volta aqui!]

Introdução Ninguém disse que é tarefa fácil ser pai e mãe, tomar sempre as melhores decisões em relação aos filhos, confiar que absolutamente tudo acontece a seu tempo e relaxar. Mas você, depois de ter esperado 41 semanas pro seu filho nascer, vencido 15 meses de crises refluxentas, 27 meses sem nunca dormir a noite toda e três anos escondendo abóbora no molho de tomate do macarrão e espinafre no suco de morango pra ele comer alguma coisa, você chega a pensar que está preparada pra aceitar o tempo dele pra tudo.

Pois é. Isso até que… …você começa a se descabelar quando ele completa 2 anos e meio e não apresenta o menor interesse em deixar de usar fraldas …passam os únicos dois meses quentes do ano e ele te diz que se depender dele “quer usar fralda até ficar grandão” …ele completa 3 anos e você finalmente decide que é tempo dele começar a frequentar uma escolinha, mas daí você descobre que só o aceitam se for desfraldado… …no mesmo dia você o pega sentado sobre uma fralda cheia de cocô, na maior alegria que você já presenciou …daí você pensa em adiar mais a escola, até que se lembra que dali a poucos meses terá não somente esse, mas um segundo bumbum pra limpar e trocar …você então tenta conversar com seu filho de novo e ele diz que “não gosta de penico, nem vaso, nem cueca” …daí ele passa dos 3 anos e você decide reforçar a coleção de livros com mais exemplares sobre desfralde.

Lê pra ele o livro “O que tem dentro da sua fralda?” que mostra o que tem na fralda de vários animaizinhos (#1-2), até que o último tem a fralda vazia (#3). Então você pergunta ao seu filho porque o ratinho não tem nada na fralda dele, esperando a resposta chave “porque ele fez no penico”.

Mas ele te surpreende com a seguinte interpretação: “porque a mamãe dele trocou a fralda”. E nem mesmo a figura mostrando claramente o penico cheio de cocô (#4) o convence do contrário. (…) Então você suspira fundo, esquece as temperaturas negativas que se aproximam, a escolinha, a bebê que vem por aí e finalmente admite que não é o tempo dele de desfraldar. E resolve tirar férias do processo. Bom, o resto da história vocês já sabem daqui. Aliás, obrigada de coração a todos que comentaram, torceram e vibraram com o resultado!

* * *

E porque esse assunto nos rendeu pano pra fralda aqui em casa (e ainda me fez ler um livro completo sobre desfralde – the no-cry potty training solution), resolvi compartilhar com você em 5 partes, tudo o que experimentei e aprendi com o Nicolas, o livro e outras mães. De repente alguma coisa pode ser útil pra você!

Nota: obviamente não sei quantas partes vou conseguir publicar antes da Lily nascer. Torçam pra que eu não termine esse guia somente no final do ano! 😀

* * *

PARTE 1 – MEU FILHO ESTÁ PRONTO PRO DESFRALDE? * Como muito bem diz a Mari Mari, desfralde ideal é desfralde limpo – sem lambança, sem limpa daqui, limpa dali. E desfralde limpo só acontece no tempo da criança, como muito bem aprendi. Mas o bom da maternidade é que nem tudo é definitivo. Percebeu que tá forçando a barra, comparando seu filho aos outros e que o tempo da criança ainda não chegou, PARA tudo e recomeça em outra época. A paciência e atitude da mãe podem ser peças chave pro processo dar certo. Believe me. *

Sinais que podem indicar se seu filho está fisica e emocionalmente pronto pra começar o desfralde:

1. reconhece e avisa quando está com a fralda molhada ou enxuta e pede pra trocar

2. muda o comportamento quando está fazendo cocô (fica mais concentrado, se isola num canto ou faz força)

3. os horários de fazer cocô são previsíveis

4. mostra interesse em usar cueca (ou calcinha)

5. não demonstra resistência pra usar o penico ou o vaso sanitário

6. entende o significado das palavras molhado, seco, cocô, xixi, limpo, sujo, lavar, sentar, ir, penico, fralda, etc 7. gosta mais de colaborar que ir do contra 8. reconhece os sinais físicos que indicam a vontade de ir ao banheiro

9. entende pequenos comandos como “guarde o brinquedo na caixa” e entende que cada coisa tem seu lugar 10. entende algumas estórias e presta atenção em pelo menos nas mais curtas 11. gosta de imitar o que os outros fazem

12. mostra interesse quando vê alguém usando o banheiro, fica curioso

13. consegue ficar sentado e concentrar-se numa tarefa

14. consegue ficar períodos de algumas horas com a fralda seca

15. já tem entre 24 e 30 meses ou mais

16. não se assusta e é familiar com o barulho da descarga

17. consegue comunicar suas necessidades básicas, tem um bom vocabulário

18. demonstra alguma independência, quer se vestir sozinho, subir pra sentar na cadeirinha do carro, comer sem ajuda, etc

19. quando seu filho quer fazer as coisas acima, você tem paciência em ensiná-lo

20. você considera o desfralde bem vindo e seu instinto diz que seu filho está pronto pra isso

21. grandes mudanças na rotina não são aguardadas pra breve *

Ele definitivamente não está pronto se…

1. fica no penico e depois faz xixi no chão

2. resiste em usar o penico ou vaso sanitário

3. não quer trocar a fralda, grita e se debate quando tentam tirá-la

4. senta sobre a fralda cheia de cocô, na maior alegria (ele não se incomoda de estar sujo ou molhado)

5. diz “não, não, não” se os pais comentam que está pronto pra fazer cocô 6. ainda não identifica a vontade de ir ao banheiro ou não a comunica

7. você, mãe, ainda não considera que o desfralde seja importante agora (ou está com preguiça, ou sem paciência)

8. você prefere fazer tudo por ele ao invés de incentivar sua independencia, pois assim é mais rápido e fácil

9. você e a família estão passando por algum momento estressante ou espera grandes mudanças na rotina em breve – viagens longas, mudança ou reforma da casa, nascimento do irmãozinho

10. você está cedendo a palpites da família, escola ou pediatra, sem observar os verdadeiros sinais do seu filho

11. desfralde tornou-se uma batalha na sua casa e você está ficando nervosa com tantos acidentes (que a propósito, são parte do processo e a criança não deve jamais ser castigada por isso!)

12. seu filho está constipado (efeito colateral de que a criança pode estar segurando o cocô, ou seja não está pronta pro desfralde)

* * *

PS: Pessoas queridas, quem quiser indicar posts, matérias ou livros sobre o assunto, por favor deixe nos comentários que vou fazer um post só com os links úteis, tá bom? Beijos e obrigada!


42 Comentários

Tá sentada? Nic des-fral-dou!!!

(Foto por Belle Meinerz)

SIM, ACONTECEU!!!

Após meses e meses limpando chão, sofá e tapetes, tentando diferentes abordagens, métodos, simpatias, conversando com Deus, apelando pro Universo, Mãe Natureza, duendes, elfos e até Papai Noel, é com muita alegria e orgulho que venho hoje compartilhar com vocês, amigas fofas e educadas, que nunca falaram nada, mas aposto que já deviam estar de saco cheio de toda essa ladainha de não-desfralde, que Nic é finalmente menino desfraLdado!

Confesso que os ânimos melhoram muito quando decidimos tirar FÉRIAS de tudo. Porque né, desfralde de novela sim, mas mexicana, não, por favor!

Então, foi cerca de um mês deixando ele curtir tranquila e livremente seu amado estado de fraldulência (enquanto eu também curtia um descanso!). Um mês sem proferir as frases “quer fazer xixi?”, “vamos ver quem chega primeiro ao banheiro?”,  “mas o Relâmpago McQueen não usa fralda…” ou “vai, toma aqui esse chocolate pra você não fazer mais cocô na calça hoje”. Um mês inteiro sem as palavras penico, vaso, cueca, seco, molhado, menininho grande ou responsabilidade ecológica.

E ao final desse relaxante período fraldado, logo depois do borogodó de fim de ano, retomamos o processo. Respirei fundo, pedi auxilio da vovó (que realmente caiu do céu e foi ESSENCIAL pro sucesso da operação desfralde), atacamos a gaveta de cuequinhas e eis que Nicolas estava PRONTO – e em pleno inverno canadense, hein!

No primeiro dia tivemos que chamá-lo a cada 1h e meia mais ou menos, mas já no dia seguinte aconteceu o tão aguardado momento… Aquele de arrepiar os cabelim do braço, de fazer o coração acelerar tanto que quase sai pela boca, aquele que lhe arranca uma lagrima teimosa do canto dozói e te nubla os sentidos. “Quero fazer xixi no banheiro”. Poético, lindo e tocante, que só uma mãe que também tenha esperado tanto por isso não vai achar um exagero meu.

E de lá pra cá, amigas, foram pouquíssimos acidentes. Hoje, depois de uma semana quase, Nicolas tem sido impecável e consegue manter a mesma cuequinha sequinha do inicio ao fim do dia (incluindo ontem que fomos pra Whistler e teve direito a soneca no carro, restaurante, passeio no teleférico, brincadeiras na neve e um montão de camadas de roupas que levava um tempão pra tirar a cada vez que ele tinha que ir ao banheiro).

ORGULHO!  Não tenho outra palavra pra descrever essa conquista!

Agora, quando eu me recuperar dos estremeliques que ainda sinto toda vez que escuto “quero ir ao banheiro” e processar direitinho esse grande acontecimento, volto pra contar todos os métodos e truques que eu apliquei, o que ajudou e o que não deu certo. Sinto que tenho o dever o de escrever um Manual do Desfralde depois da minha experiência com o Nic! 🙂

Enquanto isso, deixo aqui meu agradecimento especial pra minha mãe que foi de grande ajuda levando o Nic ao banheiro, lembrando-o com jeitinho se ele não precisava fazer xixi e tal. Com isso, chegou num ponto que Nic só queria ir ao banheiro se fosse com ela… o que pra mim foi perfeito! 😀

Obrigada também à ATCTST – Associação Toda Criança Tem Seu Tempo, por me lembrar que devemos SEMPRE acreditar e ter paciência com todo e qualquer  processo. Não adianta descabelar e se preocupar – tudo um dia acontece, demore mais ou menos.

Mas enfim, ele desfraldou! Ele desfraldou! 😀

PS: Incrível, o ano mal começou e já tenho mais um item riscado da minha lista de resoluções! E o melhor, antes da Lily nascer! Eeeeehhhh!!!