O lado cômico da maternidade

“Pequeno” guia do desfralde, parte 4 de 5 – O desfralde!

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Estratégias

Uma vez que você já tenha tudo o que precisa, crie uma estratégia pra começar o desfralde. Essa estratégia vai depender basicamente da personalidade do seu filho, da sua forma de ensinar e do tempo que você dispõe. Você pode decidir tirar a fralda diurna de uma só vez ou de forma gradual. Como aqui em casa o processo demorou por volta de 1 ano, tentamos as duas abordagens ao longo desse tempo.

1. Tirar de uma só vez costuma ser a forma mais eficaz. É ideal pra época de férias, quando você pode passar bastante tempo em casa e dar muita atenção à criança. Melhor ainda se estiver fazendo calor. Pra quem mora em lugares frios, sugiro aumentar o aquecimento dentro de casa durante o processo, forrar sofás e tirar os tapetes (se possível), já que o desfralde muito provavelmente vai ocorrer indoors e a chance de ter acidentes, pelo menos no início, é grande.

2. A retirada gradual pode ser mais demorada, mas é mais conveniente pra quem precisa sair muito durante o dia, ou pra quem acha que precisa de tempo pra se acostumar com a ideia e ver como o filho reage. Você pode começar deixando a criança sem fralda durante um par de horas no dia e ir aumentando o tempo à medida que ela for continuando seca. Ou então, tirar a fralda toda vez que estiver em casa e voltar a colocá-la na hora de dormir ou sair (inclusive pra ir pra escola se lá não houver opção de continuidade do desfralde).

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Facilite as coisas

1. Vista pro sucesso: Independente da estratégia escolhida, vista a criança com o mínimo de roupas possível e que sejam confortáveis e práticas de tirar (nada de jardineiras e calças com botões e zíperes).

2. Onde colocar o penico: A ideia é deixá-lo em lugares acessíveis, perto de onde a criança esteja brincando, assim tem mais chances dela chegar nele a tempo. Outra vantagem do penico em outras partes da casa é que tira um pouco a formalidade do processo, deixando a criança mais à vontade. A Flávia conta aqui que o João estava tendo muita dificuldade pra relaxar e fazer cocô no banheiro, mas quando ela teve a ideia de levar o penico pro quintal, perto de onde ele estava brincando, ele tirou de letra – possivelmente porque pareceu mais natural pra ele…

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Cocô e xixi

O primeiro cocô pode ser o mais difícil de acontecer. Nicolas demorou alguns meses até sentir confiança de depositar seu primeiro “biscoitinho”. Isso é algo que não se pode forçar de forma alguma, pois depende do amadurecimento físico da criança (controle dos esfincters) e do nível de relaxamento dela. Você pode tentar colocar o penico em outras partes da casa (como fez a Flávia) ou simplesmente permitir um tempo maior sentado no penico. Pra isso, tenha sempre à mão livros no banheiro, cante músiquinhas ou sente ao seu lado e jogue “conversa fora”.

No caso do Nic, dissemos que quando ele estivesse pronto e fizesse cocô no penico, que teria um helicóptero de brinquedo aguardando por ele (como contei aqui). E no dia seguinte ele simplesmente fez e com isso perdeu o medo (o que não quer dizer que tenha feito só no penico dali pra frente, mas já foi um grande avanço).

Já o xixi foi o primeiro a acontecer. Pra iniciar, incentivamos o Nic a fazer sentado no penico, sempre lembrando de colocar o pipi lá dentro pra não fazer no chão. Hoje em dia ele tem adorado fazer em pé e passou a fazer isso por iniciativa própria. E assim como o Bento, ele também adora fazer xixi no ralo quando está tomando banho. Alias, esse pode ser um ótimo momento pra encorajar quem ainda não fez xixi fora da fralda.

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Crie uma rotina

A princípio, pode ser difícil pra criança se lembrar de pedir pra ir ao banheiro, especialmente se ela está distraída brincando. Leva um certo tempo até que ela aprenda a ler os sinais do corpo, os interprete e responda à tempo. O Nicolas foi um exemplo que demorou MUITO pra desenvolver esse aspecto e pra ele era simplesmente mais natural fazer ali mesmo (e ainda continuar brincando).

Por isso, minha estratégia foi chamá-lo em períodos regulares durante o dia. Essa parte foi bem complicada, pois no início fiz mais ou menos como a Sarah com o Bento, sem definir intervalos certos, mas momentos chave: assim que ele acordava pela manhã, antes de comer e antes de dormir. Mas pro Nic não foi o suficiente, pois entremeio uma coisa e outra sempre tinha uma ou mais escapadas. Então passei a chamá-lo a cada duas horas e ele ainda tinha acidentes. Mas quando diminuí pra cada uma hora, ficou demais e ele passou a abominar o processo, se recusando a ir definitivamente. Foi aí que tiramos as nossas primeiras férias do desfralde.

Pra quem acha que lembrar a criança em horários regulares funciona, uma boa ideia pode ser ajustar o despertador com uma música divertida, assim a própria criança, toda vez que escutar pode sair correndo pra fazer xixi.

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Motive as idas ao banheiro

Mesmo a criança desfraldada ou em estágio avançado, precisa ser relembrada de vem quando pra ir ao banheiro. Fique atenta aos sinais de colocar a mão “lá embaixo”, no bumbum ou fazer a dancinha, pra lembrá-la de ir.

O Nic, mesmo tendo vontade, em geral responde “não” automaticamente se eu o pergunto “você quer fazer xixi?”. Assim, desenvolvi alguns métodos:

Ofereço opções: Você quer fazer fazer xixi no penico ou no vaso? Você prefere andar ou correr até o banheiro? Você quer fazer xixi antes ou depois do lanche?

Tento deixar as idas divertidas: Proponho uma corrida “Vamos ver quem chega primeiro ao banheiro?” ou o chamo pra seguir o trem (ou avião, ou foguete) “Olha o treinzinho pra Estação Penico saindo! Todos à bordo! Você vem, Nic? Piuíííí!”.

O truque da bolinha de ping pong dentro do vaso: ótima pra incentivar idas ao vaso (pra meninos), desafiando a criança a acertar a bolinha ao fazer xixi (em pé). Aqui em casa foi um sucesso!

Ou simplesmente aviso que eu vou: e digo a ele que ele pode vir também se quiser “eu sento no vaso e você no penico, que tal?”.

E no caso dele se recusar a ir mesmo assim, tento respeitar e não insistir.

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Comemore as vitórias

Como falei no post anterior, pode ser uma boa ideia recompensar as idas com adesivos ou outra coisa que a criança goste, mas mais que isso, é essencial mostrar entusiasmo toda vez que ela fizer certo. Só tenha cuidado com o exagero. Aqui em casa eu percebi que por varias vezes demonstrei tanta, mas tanta alegria pelo Nic ir ao banheiro que obtive o resultado oposto: chegou num ponto que ele não queria mais ir.

Comemoração em excesso pode passar a idéia de que aquilo é tão desejado pra gente, que o desfralde passa a ser uma responsabilidade grande demais pra criança e ela acaba ficando assustada e nervosa. Tente manter um mínimo de naturalidade ao comemorar os avanços do seu filho. 🙂

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Menino (a) grande

Esse é um discurso que funciona bem com a maioria das crianças, pois em geral elas são doidas pra serem maiores e fazer coisas de menino grande. Claro que com o Nic foi o oposto, né? Eu não podia nem sonhar em falar que “agora ele era um menininho grande e já poderia fazer tudo no banheiro sem precisar de fralda” que ele ficava bravíssimo e dizia que menino grande que nada, o bom mesmo era ser neném (pode ser por influência da irmãzinha à caminho…). No entanto, fica a dica. Tente também compará-lo com outras crianças que já estejam desfraldadas “Olha, o seu amiguinho Arnaldinho já não usa mais fralda, não é legal?”, ou quem sabe até personagens de que ele goste “Sabia que o Buzz Lightyear só usa cueca e faz tudo no banheiro?”. Bom, isso foi algo que também não funcionou com o Nic, pois ele sempre negava “não, ele não usa o banheiro não, faz tudo na fralda também.”

Mas enfim, de repente pode funcionar com seu filho. 😀

Boa sorte!

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PS: no próximo post vou tentar fazer um resumo de alguns problemas que podem surgir, com algumas soluções é claro, falar do desfralde noturno, além de passar alguns links úteis, falar algo que tenha esquecido ou que você queira saber (e eu saiba responder!)! Ufa! Tá acabando!

5 pensamentos sobre ““Pequeno” guia do desfralde, parte 4 de 5 – O desfralde!

  1. Lu, amei, estou amandoooo!!!!

    Adorei as dicas e certos pontos que só uma mãe que já passou por isso pode falar, como a questão dos adesivos, das “trapaças” para ganhar mais adesivos (mãe descolada, né?), do livrinho desenhado ou com fotos do seu filho no penico… achei ótimo, de todo o meu coração!

    Agora me conta, como vc está????

    Dê as caras se não tiver parido ainda! =)

    Beijos!

    • Ei amiga, senti sua falta! E por aqui continua tudo na mesma… Acho que a Lily deve estar com medo do inverno. Boba nada, o quentinho lá dentro deve ser bem melhor né? 😀

      Beijos!

  2. Pingback: “Pequeno” guia do desfralde, parte 5 de 5 – Soluções pra alguns problemas « Nicolando por aí

  3. Conheci hoje seu blog através das buscas por dicas de desfralde…
    Adoro as contra-argumentações do seu filho. Me identifico muito com estes momentos onde você tenta uma estratégia pré-estabelecida em algum livro ou sabedoria popular e se depara com a sabedoria do seu filho diante delas….
    Agora parece ‘normal’ pra mim tantas dificuldades que estou tendo! rsrs

    • Que legal seu comentário, Flávia! Obrigada!

      Filhos são realmente imprevisíveis, por isso devemos sempre nos adaptar a eles né? 🙂 Que bom que suas dificuldades te parecem mais normais agora!

      Beijos!

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