O lado cômico da maternidade

Você tem medo de que?

6 Comentários

No inicio eu achava bem curioso esse negócio do Nic sentir medo das coisas, mas mais pelo fato dele ser tão novinho (começou aos 10 meses). Me intrigava pensar no que ele estaria imaginando e que tipo de associação ele fazia pra sentir medo de determinadas coisas, afinal ele não tinha praticamente nenhum entendimento do mundo e seus perigos. Sem falar que os objetos que passaram a ser uma ameaça, eram antes motivo pra muitas gargalhadas e festa.

O primeiro medo e o que mais durou foi o do aspirador de pó. Aqui na Austrália é muito difícil conseguir uma casa sem carpete e a nossa não foge ao padrão, infelizmente. Então é impossível evitar o aspirador, mesmo porque o Nic tinha medo dele até mesmo desligado. Ele gritava desesperado, como que em pânico, e ficava me seguindo tentando subir no meu colo. Não dava pra fazer nada daquele jeito, então eu ficava inventando estratégias pra ajudá-lo a vencer aquele medo.

– Olha Nic! Como o aspirador parece um tamanduá! Olha! E tá sugando tudinho… não somente formiga hein? Vrrrrmmm, vrrrmmm! – e o Nic atrás do sofá chorando.

– Nic, Nic! Olha! Parece um bicho preguiça só que de pescoço beeeem comprido! Ou que tal um dinossauro? Uuarrrr!!!  – mas o Nic continuava chorando de medo.

Obviamente, que se ele tivesse uma imaginação desajustada como a da mãe um conhecimento mínimo sobre todos aqueles bichos pra fazer uma associação, que o plano teria tido mais chance de sucesso. Então, como ele ainda estava com muito medo, dia após dia passei a tentar uma abordagem mais… digamos, compatível com sua idade.

– Vem ajudar a mamãe, Nic! Vamos pra frente, pra trás, pra frente, pra trás – e o Nic pendurado na minha perna chorando.

– Então uma musiquinha! “La-le-li-lo-lu aspiradora! É a Lu aspiradora!” (lembra da bonequinha Lu patinadora? ;-)) – Nic parou de chorar, mas ainda não chegava perto do aspirador.

Bom, tanto esforço, pra num dia sem mais nem menos, eu ver ele com uma haste plástica na mão, então inventei de fazer de conta que era o aspirador dele. E voilá. Passou medo, passou tudo. Simples assim. Agora, vai lá toda hora conversar com o aspirador que ele chama de “Sicor”, na maior amizade…

Além do aspirador, ele também teve medo do ventilador – aquele ser horrível de três hélices – mas viraram amigões depois que eu inventei um cabelo esvoaçante pro ventilador e passei a cumprimentá-lo todo dia como se fossemos velhos amigos “Ei, Seu Ventila, como vão as coisas com o senhor?”.

Hoje em dia sobraram os medos do caminhão de lixo e de qualquer brinquedo que funcione à corda, como o canguruzinho que dá salto mortal. Mas estamos trabalhando nisso.

E hoje, me lembro que eu também tinha medos horríveis quando era pequena, como medo do macaco preto que eu jurava que via encima do telhado ou do monstro da porta que me assombrava toda noite ou do monstro de bolinha branca no quintal. Claro que eu era bem maior que o Nicolas, mas o fato da minha mãe nunca ter duvidado de mim e ter tido paciência pra acordar de madrugada ou pra me ensinar a observar e perceber que o “macaco” era um pedaço grande de madeira podre que o vizinho jogou no nosso telhado, que o monstro da porta não passava de uma sombra projetada na porta de vidro e que o monstro de bolinha era… pérai! Ela nunca me explicou o que era o monstro de bolinha não!!! :O

* * *

E lendo por aí, aprendi que os medos fazem parte do processo de amadurecimento cognitivo e emocional da criança, então é sinal de desenvolvimento, é bom! Mas que pra ajudá-los a encontrar uma forma eficaz de lidar com eles, os pais não devem nunca ridicularizá-los ou minimizarem o que sentem, e sim tentar passar confiança a eles e explicar  que é tudo fruto da imaginação. E que um dia, os medos na sua maioria, acabam por desaparecer…

* * *

– Mainhêee!!! Tem um monstro de bolinha no meu quintal!!!

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Esse desenho super bacana quem fez foi minha querida prima Esther. Pra ver mais trabalhos dela passa !

6 pensamentos sobre “Você tem medo de que?

  1. Lu…

    O Kevo tinha muito medo de chão. Era só sentir-se perto do chão, abria o berreiro.
    Depois, medo de fogos de artifícil e, presentemente, medo de bexigas – na verdade é uma relação de amor e medo, sobre a qual eu to com vontade de escrever há tempos…
    Mas comigo é que as coisas são engraçadas. Eu tenho, até hoje, os medos mais absurdos:
    bola murcha,
    pilha fraca
    bonecos degolados
    enchimentos de brinquedos – bolinhas de isopor, espuminhas saindo, essas coisas.

    Óbvio, eu sou adulta e sei que essas coisas não fazem mal. Mas, em contato com elas, brota um medo visceral, instintivo que, definitivamente, não deveria estar lá.
    Tivemos um episódio tragicômico com isso: Kevo adorou me ver com medo da sua boneca degolada, com as espumas saindo pelo coto do pescoço. Ele achhou que eu estava brincando de ficar assustada. A cisa terminou comigo gritando com as duas mãos no ouvido e ele chorando enrodilhado aos meus pés, com o marido brigando com os dois. Muaaaaa!!!!

    Beeeee~eeeeijão!

    • Ai, Jo… não é pra rir, mas eu tô rindo da sua lista de medos… Mas independente do que nos causa medo, eu digo que ter medo é muito ruim!!!! Eu não tenho medo de objetos comuns, mas tenho fobia por barata… fobia mesmo, de nao poder nem ver a foto, o que dirá uma real. É terrivel!

      E agora que vc mencionou o medo do Kevo de chão, me fez lembrar que eu já tive esse medo tambem, por um tempo. Era uma sensacao muito ruim de que a qualquer momento tudo se abriria ou dissolveria num escuro imenso…

  2. …ãi, que fofura que me deu imaginá-lo com medim do canguru que dá salto mortal? fo-fo.

  3. Lu, acredito que seja um fase e vai passar, quer dizer, os medos vao mudar, nao que vao sumir para sempre.
    Meu Nicolas tambem tinha medo do aspirador de po, uma loucura, hoje ele se incomoda com o barulho, mas nao tem mais medo e ate me ajuda.
    Ele sempre se assustou tambem, com barulho de caminhoes ou motos que passam na rua, e ele tem um ouvido daqueles.
    Confesso para voce que eu tinha medo do homem do saco preto, que levava as criancas que nao obedeciam, assim que sempre andei na linha…. acredita que ja vi ate a sombra do homem do saco preto na rua, quando pequena, que medo.
    Abracos para voces
    Gra

  4. Mas quantos temores. :O
    Eu só me lembro de ter pesadelos (muitos pesadelos)
    E nesses sonhos que me tanto maltratavam, estavam presentes um sapo e um veado, ambos possuíam antenas com bolinhas nas pontas e me mandavam fazer coisas como guardar os brinquedos dentro das roupas
    : P (pq será que eu tinha medo deles???)
    Mas quando acordava, saía chutando sapos pela rua como se nada tivesse acontecido.
    *rsss
    Lu, eu tb tento mostrar aos meninos como a imaginação nos prega peças. E nunca os assustei dizendo: -Vai pra lá não que o bicho pega.
    Não acho isso correto.

  5. Lu, amei o desenho! Etâ família talentosa.
    Eu tinha medo do escuro, mas sabe o que fazia para dormir sossegada? Fechava os olhos e como não enxergava nada, acreditava que assim ninguém poderia me ver tbém, rs… Até descobrir a verdade o medo já tinha sido superado. Tenho certeza que logo o super Nic supera os seus medos.

    Bjinhos

    Luna e Felipe

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