Eu tinha 5 anos quando vi meu primeiro monstro, o Nic tinha pouco mais de 4 quando começou suas primeiras perguntas transcendentais e a Lily tinha 14 meses quando resolveu me fazer de travesseiro.
Tudo no mesmo nível de importância. Aparentemente.
Ver monstro pra mim era coisa trivial, todo dia eu via um. O Monstro de Bolinha foi o primeiro, com uns 4 metros de altura ou mais, todo feito de bolinhas brancas empilhadas – até simpático, ele. Me apareceu em plena luz do dia, no quintal da minha casa. Olhei pra ele e saí correndo, que não sou boba, mas meu medo mesmo era daquelas bolinha tudo desmoronarem no chão e me derrubarem feito boliche. Ou quase, já que seriam várias bolinhas pra um pino só. No caso, eu.
Isso sim, teria sido loucura.
Estaria meu irmão vendo o Monstro de Bolinha?
Uma história sinistra, sobre um baú secreto escondido num porão obscuro. Onde estará?
Acho que por causa desse meu background tenebroso, cresci destemida e corajosa, sabe? Nunca nada me assustou nessa vida. Exceto baratas. E marimbondos. E lugares altos. E pessoas que adoram contar como gostam de lugares alto. E galinhas da Angola (vem me dizer que não são assustadoras!). Ah claro! E o bonitão da bala Chita.
Como não?
Hoje em dia, eu adoro filmes de terror e suspense, mas confesso que nada me dá mais frio na barriga, que as perguntas que meu filho anda me fazendo. Não existe hora certa pra perguntas difíceis, né? Não importa o quanto a gente já pensou e ensaiou as respostas, elas sempre nos pegam desprevenidos. Ultimamente, ele tem escolhido justo quando estou fazendo comida e jogando Candy Crush simultaneamente (pra não dizerem que perco tempo com joguinhos).
Ele começa assim “Mamãe…” com uma vozinha super doce e fofa como quem vai dizer “você é a melhor mãe do mundo”, mas ao invés, completa com um”por que que a gente morre?” ou “como os bebês são feitos?“.
Isso sim, é de estremecer qualquer estrutura.
Me dá um Monstro de Bolinha sentado no murinho da cobertura de um prédio de 200 andares comendo um saco de bala Chita, mas não me pergunta porque que a gente morre, que isso me mata.
* * *
Pra completar, noite dessas, dormi toda enrolada feito uma lagarta pronta pra virar borboleta. Em certo ponto da noite, quando já estava quase amanhecendo, comecei a sentir um determinado incômodo, um desconforto. Eu ainda estava semi-dormindo, mas sentia que algo me atrapalhava, me imobilizava. Eu tentava me virar e não conseguia. Mexer a cabeça, não dava. Freddy Krueger, é você? – sonhei. Acordo com o clique de uma câmera fotográfica, um hi-hi safado bem baixinho, até que vejo a mão do Rafa se estendendo na frente do meu rosto me mostrando a cena da qual eu fazia parte.
Essa.
Um travesseiro sobre o outro
Nesse momento, me dou conta no que eu havia me transformado: um mero travesseiro. Pra minha filha. Que nunca havia dormido. Tão. Bem.
* * *
A mesma filha, que aos 16 meses já fala VÁRIAS palavras. Tipo, umas cinco. E que ao invés de “Nei”, como ela costumava chamar o irmão Nicolas, agora chama ele sabe de que?
Eu: De-dé! A Lily agora chama o Nicolas de Dedé, acredita? Assim que nascem os apelidos bizarros nada a ver.
Rafa: Pois é, o meu era “Coté”, por causa da minha irmã Fernanda.
Longa pausa pra me recuperar de tanto rir.
Eu: COTÉ? CO-TÉ? Tem certeza?
Rafa: Eu já tinha te contado isso, sua boba.
Eu: Eu sei, mas é sempre bom tirar sarro da sua cara! Coté é pior que Dedé, cá pra nós! O Dedé era sem graça, mas pelo menos era um dos Trapalhões. Você teria tido mais sorte se ela tivesse te chamado de Tião Macalé. Melhor que Coté, né não?
Rafa: Ha-ha.
Eu: E sabe como a Lily tá se chamando? Didi! Quer ver? Lilinhaaaaa! Fala “Lily”!
Lily: Didi!
Eu: Viu? O que deixa o Mussum pra mim e o Zacarias pra você!
Rafa: Por que o Zacarias pra mim? É você quem se amarra numa peruca!
Eu: Putz, falou tudo… E agora? Tava tão empolgada que eu fosse poder ficar falando “forevis” e “cacildis” o dia todo!
Rafa: Que pena.
Eu: E coraçãozis.
Rafa: É né?
Eu: E Nicolilandis por aízis.
Rafa: (…)
Eu: E Lucianis, e Lilis, e Nicolis.
Rafa: Você não vai parar, vai?
Eu: E Rafis…?
Juro. Ainda preferia ser o Mussunzis
junho 10, 2013 às 6:50 am
Ai Lu! Adorei! Também sou travesseiro da Clara, viu? Serve de consolo? Beijos!
junho 14, 2013 às 9:18 am
Super serve de consolo! Engraçado que o Nic também dormia com a gente, mas nunca tinha me feito de travesseiro. Essa é nova pra mim!!! 🙂
junho 10, 2013 às 7:25 am
Lu, me dá um teco desse negócio que você toma pra ficar doidona e criar esses textos? Só um tequinho, vai? hahahahahahahaha…. beijos, adorei! 🙂
junho 14, 2013 às 9:19 am
hahahahahahaha! Tenha mais um filho que vc vai me entender!
Beijos, fia! 🙂
junho 10, 2013 às 8:01 am
Eu via um monstro chamado “Bicho preto”, que era um bicho peludo, enorme, preto (é claro) e que estava sempre com um guarda-chuva aberto, ele costumava se esconder atrás das portas, mas o “Bonitão da bala Chita” é pior…kkkk
junho 14, 2013 às 9:20 am
hahahahahaha! Menina, eu via um desse aí no telhado da casa da minha avó! Será que era o mesmo? hahahaha
junho 10, 2013 às 8:07 am
Lu estou aqui morrendo de rir… fiquei imaginando essa conversa toda entre vocês. Muitos fantasmas, hein!? Personagens incríveis que passam a fazer parte da nossa vida… rs rs rs
E você… sempre demais! Escreve cada texto, inspiradores… Beijos, beijos
junho 14, 2013 às 9:23 am
Obrigada, Celi! Ta vendo só? Enquanto a maior parte das menininhas da minha idade estavam brincando de boneca ou decorando o caderno com canetinhas de cores diversas, eu estava lá, correndo de monstro e escrevendo livro de terror.
Acho que só isso dá pra explicar um pouco da loucura de hoje, ne? hahahaha
Beijos
junho 10, 2013 às 8:55 am
Ah, ri demais, só pra variar!!!!
E essa bala chita, que é uma delícia, sempre me perguntei se não tinham um bichinho mais assustador do que esse pra colocar, cruz credo!
beijos
junho 14, 2013 às 9:27 am
Bizarra essa bala, ne? hahahahaha Pelo menos o pessoal da propaganda era mais ousado naquela época. Hoje em dia é balinha com desenhos engraçadinhos e populares. Tem que colocar viseira nos menino pra ir ao supermercado! 🙂
Beijos, obrigada, querida!
junho 10, 2013 às 11:44 am
Você demora pra postar, mas quando posta, é caprichado, hein? Hilário, Lu!! Adorei!!! Alice quando começou a falar, chamava a Laura de Táta. E ficou Táta até hoje. O André que continua com o apelido da Laura, Alice já chama pelo nome mesmo. Tão fofo isso, né?
Adorei a história dos monstros! Teu livro! 🙂 Super bacana!
Beijo!
junho 14, 2013 às 9:30 am
Obrigada, Ana!
Adorei saber do apelido da Laura! Ta vendo? O meu era Tetéia. Imagina se tivesse ficado? hahahaha
Sobre o livro, esse é outro! O dos monstros que te contei, ainda não tá todo no papel. Será que vou ter que assistir a outra palestra do Oliver Jeffers pra ter inspiração de escrever o resto? 😀
junho 10, 2013 às 12:05 pm
kkkkkkkk, ri demais! Escreveu até um livro, puxa, rs.
BeijO!
junho 14, 2013 às 9:31 am
Obrigada, Andreia! E não foi só esse livro que escrevi na minha adolescencia, mas foi o unico que sobreviveu até os dias de hoje. 😀
Beijos!
junho 10, 2013 às 12:14 pm
Hahahaha!!!!!
Só nao dei mais gargalhadas em alto e bom som porque to no trabalho, digamos numa pequena pausa pra lanchar e rir até agiota desse post!!!!
Sabe que nao me lembro do Rafael ser chamado assim…. Nem o pessoal daqui de casa deve lembrar !!!! Pelo menos nunca chegamos a falar disso…. Me lembro que a Tia Bau tem esse apelido por causa do Tio Wellington que chamava ela qdo era pequeno. E olha que o nome e Consuelo, hein?
Beijos !!!!!
junho 14, 2013 às 9:33 am
Fabiana! Eu sempre me perguntei “por que tia Bau”??? O Rafa nunca soube me responder!
Agora, Coté é demais, ne? Será que sua mãe se lembra disso?
Beijos!
junho 10, 2013 às 1:09 pm
Lindona! Morri de rir! Sério, vc e a Roberta deviam escrever um dueto de textos malucos que nos fazem rir! Adoro! Lily tá linda! Por aqui tb sou travesseiro, Pedro se aninha por cima de mim, ou fica deitada espremido no buraco entre meu travesseiro e o dele, aiai. Beijos!
junho 14, 2013 às 9:38 am
Nossa, um dueto com a dona Rô seria de uma surrealidade sem tamanho! hahahahaha
Nine, e essa noite, quase virei colchão, acredita? O negócio ta piorando. Ela subiu em mim como se fosse cavalgar num ponei e deitou – tudo dormindo! Mas quando dei uma viradinha pra ela voltar pra cama, a bichinha acordou, claro!
Danada, viu?
Abraços solidários!
junho 10, 2013 às 1:52 pm
Dá pra perceber que gostava das aulas de desenho geométrico da escola! A capa tem uma mistura de ponto de fuga com perspectiva isométrica. Influências de Picasso?
O Davi não só gosta de nos usar de travesseiro, também usa de aquecedor e de saco de pancada para prática de Mixed Martial Arts noturna. Sai cada chute!
junho 14, 2013 às 9:43 am
É mesmo! Não tinha reparado que era tudo geométrico! hahahahaha Mas adorava mesmo!!! 😀
E outro que já virou travesseiro pro filho? Ah, tô me sentindo TÃO bem melhor agora!!! O Nic também praticava artes marciais com a gente, mas travesseiro nunca! E hoje em dia, quando ele vem pra nossa cama quando o pai viaja, dorme tão quietinho que eu até me esqueço que ele tá ali do lado. 🙂
#milagresdavida
junho 10, 2013 às 4:53 pm
Enqto não paro de rir, quero o mesmo que a Cintia! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
junho 14, 2013 às 9:43 am
hahahahahaha! Olha lá, hein tia Helena? Depois olha minha resposta pra ela! 😀
junho 10, 2013 às 5:15 pm
haha, q loka vc com suas estorias…para comecar bem o dia!!,,,,a Lily ta uma fofa durmindo assim, coitada de vc..mas o tempo passa e depois vc vai ficar com saudades de tudo isso ne?? buuu…
minha Irma se chama Melina, mas Sofia nunca conseguia dizer Melina ao contrario chamava ela de tia Mane…ja viu ne?? ainda bem q ela nao entende o q ‘e Mane, hahaha. Beijos!!
junho 14, 2013 às 9:45 am
hahahahahahaha
Ainda bem mesmo que sua irmã não entende o significado de Mané! As bênçãos de não falar portugues!
Besitos Giselle!
junho 10, 2013 às 6:05 pm
Vc é surreal Lu! Não consigo parar de rir para fazer um comentário mais “inteligentis” kkkkkkkk
junho 14, 2013 às 9:45 am
Obrigadis, Livis! hahahahaha
junho 11, 2013 às 1:00 pm
Lulis, quasis caisis da cadeiris de tanis risis!!!!!! ahahahahahahahahahahahahahahahah
junho 11, 2013 às 1:02 pm
Ah, em tempo…. eu não me lembro de ver monstros não… mas tinha um medo danado de BALEIA!!! ahahahah…. sempre via uma nadando debaixo da minha cama. Beijos.
junho 14, 2013 às 9:46 am
hahahahahaah! Uma baleia, Barol? Essa foi boa!!!! Ta vendo? Sempre encontro pessoas que se equiparam pelo menos um pouco comigo na loucura!
Beijos e até breve!!!
junho 13, 2013 às 6:42 am
MEODEOS!! Ri alto aqui Lu!! hahahahahahahaha como assim?????
Adorei a foto, quase morri de amores…. a Laura faz isso tbm, com a diferença que, um pouco maior, coloca os pés na fuça do pai. E a cabeça por cima da minha. Mãos devidamente ágeis me agarram pelo pescoço tbm.
Fofas. Amo!
E a o monstro da bala chita??? Hahahahahahahaha
Lu, adoro… vc demora a escrever, mas quando faz…. é direito!!! amei!!!!
Beijos grandes e até dia 07!!!
=)
junho 14, 2013 às 9:48 am
Dani, esse negócio de cama compartilhada sabe ser conveniente e INconveniente, ne? hahahaha Adoro saber que tem outras pessoas no mesmo barco que eu! 😀
Beijos e até breve!!! Eeeeeeehhhhhhh!
junho 13, 2013 às 9:44 am
Primeiro uma bronca: voce não deveria ficar tanto tempo sem escrever. Agora o elogio: AMEEEEEI e ri alto com “Me dá um Monstro de Bolinha sentado no murinho da cobertura de um prédio de 200 andares comendo um saco de bala Chita, mas não me pergunta porque que a gente morre, que isso me mata.”
Tu é uma figuraça !!!!! Vê se dá esses prazeres pra gente mais vezes tá?
beijos !
junho 14, 2013 às 9:49 am
Ai Lu, como eu queria escrever mais!!! Tem tanta bobeira aqui dentro dessa cabeça pedindo pra sair! hahahaha
Beijos e muito obrigada, ta? Adorei o comentário!
junho 16, 2013 às 5:14 am
– Lu, que garotinha linda você era!!! E quanto cabelo amiga! A Lily por enquanto perde feio pra vc. Hahaha. Vamos aguardar ela chegar neste tamanho.
– Loucura em tenra idade é essencial pra certas pessoas. Pensa no quanto sua mãe temeu que vc desse errado na vida com essas visões. No entanto hoje, virou artista. Que progresso. I’m proud of you.
Kkkkkkkkkkkk
– E esse livro?!?! Todo ilustrado com tanto capricho?!?! Pq diabos vc tentou geologia? Imagino que tivesse sido uma excelente profissional, mas o lance das artes já gritava com vc nesta idade, não?
– Bala Chita… sem comentários. Talvez nem durma essa noite.
Apesar de odiar filmes de terror, suspense e afins, sério, fico sem dormir uma semana se assistir, as perguntas do Nic são de deixar qlq um com insônia. Tenho sobrinhos de 9 anos que andam perguntando pra minha mãe se ela transa com meu pai. Prepare-se, eles ficam bem diretos mais tarde.
– Lily te fazendo de travesseiro: até dormindo essa menina consegue ser assim tão gostosa? Dá vontade de apertar taaaaaaanto.
Beijis na bochechis Zacarizis.
Tatis.
PSis: chorei de rir com esse post.
junho 17, 2013 às 11:07 am
– Pois é, Tati, eu sempre tive muito cabelo! Por isso que quando o Nic nasceu careca eu fiquei bolada. Daí, na vez da Lily nascer, jurava que também fosse nascer carequinha e veio aquela menininha toda cabeluda! Ou seja, fui surpreendida duas vezes! hahahaha
– Obrigada por considerar o meu “eu” de hoje um progresso! hahahaha Mas TENHO CERTEZA que ainda assusto minha mãe com minhas loucuras remanescentes da infância. Tá, ela assusta, mas se diverte pra caramba também, hahaha
– Estranho pensar que fiz geologia, ne? Mas acho que são meus lados opostos brigando – o lado exato que ama física, química e matematica e o lado artístico, os dois querendo aparecer! hahahahaha Sem duvida os dois sempre caminharam juntos, desde pequena.
– Menina, que horror. Nem sei o que eu falo se o Nic me perguntasse uma coisa dessas. Chego a corar. hhahahahahaha
– Pois eu aperto, Tati, e muito. Aperto pra mim, pra vc, pra todo mundo! hahahah
Brigadis, tá?
Ah! Adorei o PSis! hahahahaha Boba! 😀
junho 25, 2013 às 4:12 am
Ei Lu! Adorei o texto!!! A parte do Trapalhões então, ótima kkkk Muito fofa a Lily te fazendo de travesseiro, maezona vc! Bjs
julho 7, 2013 às 7:23 pm
Eu também amo filmes de terror e suspense. Mas medo mesmo vou sentir quando o Nino começar com essas perguntas. Vira e mexe ele me surpreende e me assusta com algumas perguntinhas e sei que esta começando.
Ahhh por aqui também sirvo bem de almofada!!! Sei bem a saga de ser uma almofada.
Bjo bjo bjo
julho 26, 2013 às 12:14 pm
Adorei KKKKKKKKKKKKKK. Morri de rir com a parte dos trapalhões.
julho 31, 2013 às 11:28 am
Lu de Deus…
acho que só agora vi esse post. mas queria te dizer que essa foto sou eu com o Otávio em cima? aff
aqui é SEMPRE assim, ou é com o pai, ou é comigo. sem mais. é bem assim… que coisa!
como as crianças podem ser tão iguais?
será que já vem assim de fábrica? rs
beijooos
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