O madrugador

setembro 26, 2009 por Luciana 8 Comentários

Essa semana teve outra daquelas  *tão aguardadas*  inspeções da imobiliária, que sempre implicam em dias mais atarefados aqui down under .

E acho que prevendo a minha agenda doméstica abarrotada (com especial ênfase ao extermínio dos matinhos extras no quintal), o pequeno Nicolas resolveu dar uma mãozinha e fez questão de acordar bem cedinho durante toda a semana. Madrugar mesmo.

Assim, ele que até semana passada dormia até às 6:30 ou 7:00 (o que tá bom pra mim), esta semana passou a acordar gradualmente mais cedo: 6:00, 5:45, 5:30, 5:00 até seu pico (negativo) 4:30 a.m. Mas como eu não funciono de jeito nenhum até que pelo menos os primeiros raios de sol deem a cara, sempre tento fazê-lo voltar a dormir nestes surtos madrugadores. Uma, duas, três, quatro vezes, sem sucesso. Desisto. Vamos levantar.

“Ô minha filha, mas Deus ajuda quem cedo madruga!” – diria sabiamente meu avozinho com o dedinho em riste. É, mas sinto em dizer que não no meu caso, pois ao contrário de muitos bebês, o Nicolas não é um bebê cotovia, desses que acordam cedo, mas bem humorados…

Mas conformada, vou lá pra fora com ele por volta das 6:30. A principio, ainda tá batendo aquele ventinho frio da manhã, então deixo ele no carrinho, me observando a aparar lentamente a grama com aquele tesourão e de córcoras (é, a gente não tem máquina de cortar grama…). Normalmente ele fica feliz da vida assim, mas não nestes dias. Depois de cinco minutos já está incomodado e ameaçando chorar. Vou lá, brinco um pouco com ele e apesar do friozinho acabo passando ele pro chão perto da grama. Um pouco mais feliz com sua recém conquistada liberdade, sai o Nicolas a explorar seu espaço. Daí quem fica incomodada sou eu. Lá do meu canto vejo ele pegando algo preto e levando à boca. Vou correndo ver o que é: um besouro morto. Não pode, Nicolas, ainda se fosse formiga… mas besouro não. 🙂 Jogo o bicho fora e volto pro meu trabalho que quase não avança. Pra piorar, o tesourão está meio enferrujado e talvez pelo fato de eu ter acordado tão cedo e ainda estar com o raciocíonio bem lento, não consegui pensar em colocar um óleozinho na junta…

Depois de mais cinco minutos trabalhando, me dou conta de que o Nicolas está quieto demais. Vou lá e ele me abre o primeiro sorrisão do dia, com a boca toda marrom – tava comendo madeira podre que encontrou no meio da grama. Começo a tirar tudo da boca dele, mas ele não gosta e começa a chorar. Tento acalmá-lo mostrando uns passarinhos e volto pro meu trabalho. Depois de mais dez minutos nessa pendenga, o Nicolas desaba a chorar de vez e não pára de esfregar os olhinhos. Melhor entrar.

Assim, o meu querido bebê, que já tirava somente duas sonecas por dia, agora volta a tirar três. É a lei da compensação…

E a mamãe? Essa anda acordando mais cansada, mas todos os dias invoca o mantra universal das mães: “isso também vai passar, vai passar, vai passar”.

E a grama? Essa foi aparada aos poucos, ao longo de toda a semana. Mas quando a mulher da imobiliária veio, chovia tanto, que a grama, meticulosamente aparada na mesma altura em toda sua extensão, nem foi notada.

E os braços da mamãe? Ah! Esses, graças ao tremendo exercicio com o tesourão, continuam nice, very nice…